A minha amiga (não) morreu…
A publicação no Facebook não enganava: um laço preto e a
palavra luto.
Como sempre não informava quem tinha morrido e de quê.
Lá perguntei ao familiar, quem tinha falecido.
Foi a Maria.
Ah, já me lembro, a Maria, excelente pessoa, recordo
quando tinha os meus 17 anos, ela um pouco mais velha,
tocava viola e cantava com uma voz de anjo.
O “maldito” cancro, refere o amigo portador da notícia.
Deus não é justo, teclava o familiar da falecida.
Lá lhe falei da vida após a morte, da vida que continua,
das evidências científicas da imortalidade, etc., dentro
da visão espírita.
Ele é católico e, não conhecendo a dinâmica da
reencarnação, que explica o porquê da vida, de onde
viemos, para onde vamos, a causa das dissemelhanças
entre nós, a todos os níveis incluindo a saúde,
obviamente que na visão católica não há explicação e
Deus é, de facto, “injusto” com a unicidade das
existências.
Sugeri ler “O Livro dos Espíritos”, de Allan
Kardec, essa monumental obra de filosofia espírita que
tem mudado e salvo vidas, sem conta.
A minha vida também mudou com este livro, a partir do
qual nunca mais parei de ler e estudar a filosofia
espírita, verdadeiro consolo para a vida, ao explicar
tudo aquilo que as religiões tradicionais não explicam
(o Espiritismo é uma filosofia de vida, não é religião
ou seita).
Sugeri ainda que visse um filme no Youtube, intitulado “E
a vida continua”, muito pedagógico e suave, baseado
em factos reais, relatados pelo Espírito André Luiz, no
livro com igual título.
Relembrei-me da Maria e, passados estes anos todos,
parece que a ouço cantar doce e suavemente, algures no
mundo espiritual, agarrada à sua guitarra.
Pareceu-me ouvir acordes de esperança, de harmonia, de
alegria, de serenidade, próprios de quem cumpriu o seu
papel no mundo carnal e, agora, voltou temporariamente
ao mundo espiritual.
Pareceu-me ouvi-la cantar a imortalidade, a reencarnação
(que deve ter acabado de descobrir), a lei de causa e
efeito, deixando essa mensagem de esclarecimento /
consolo, de que a morte não existe, mas, sim, apenas uma
mudança temporária de casa.
Em breve, lá nos encontraremos todos, relembrando os
tempos em que víamos na morte a pior das madrastas, a
desgraça das desgraças, sem solução!
Ledo engano!
A morte é uma quimera.
O Espiritismo matou a morte em 1857, demonstrando-o
experimentalmente, factos esses replicados vezes sem
conta, até aos dias de hoje.
Decerto os familiares mais próximos foram tocados pelo
momento, mas explicam-nos os bons Espíritos que a
saudade deve ser sempre baseada na alegria e, nunca na
tristeza, já que a nossa mente é poderoso emissor,
infalível, enviando onda mental ao finado, de acordo com
o nosso pensamento.
Como são leis universais, leis da Natureza, os
princípios básicos da doutrina espírita tornar-se-ão
conhecidos por todos e, então, já não choraremos a morte
dos corpos, mas sim os seres sem sentimentos,
empedernidos no mal, no orgulho, no ódio.
Lembrei-me de novo do tal filme “E a vida continua”
e não pude deixar de sentir um pensamento de ânimo e
bem-estar enviado algures no mundo espiritual, à Maria,
à minha amiga de juventude.
Afinal, contrariamente ao modus operandi social,
a minha amiga não morreu e o cancro, foi apenas o agente
que lhe permitiu alçar novos voos, numa nova fase da
vida, em busca de um devir mais feliz e puro.
“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem
cessar, tal é a lei.”
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