De Bauru para o espaço
A pergunta que fica para a maioria dos
habitantes deste mundo é a razão pela
qual vivemos. Quase todos trazem consigo
a questão acima.
Quem nunca consultou os seus botões
acerca dos motivos que nos levam a
mergulhar neste planeta, repleto de
situações das mais diversas, que causam
dores, dissabores e dificuldades?
Alguns gaiatos dizem que poderia ser
mais fácil não fosse a presença de
“filhos do Coisa Ruim”, que vivem aqui e
alhures.
Entretanto, fato é que, sendo sinceros,
boa parte dos abacaxis que aparecem para
descascarmos têm origem em nossa maneira
de ser.
Mas, mesmo assim, não vamos tirar de nós
o direito de indagar:
Qual o objetivo da encarnação?
Afinal, se Kardec, um dos autores do
Espiritismo, fez isto, por qual razão
nós não podemos fazê-lo?
Pois é...
O objetivo da encarnação num mundo como
este, conforme dizem os próprios
Espíritos, é o de promover nosso
progresso por meio do trabalho com o
esclarecimento sendo um filho das lutas
e complicações desta vida.
Pode parecer esquisito, mas a verdade é
que crescemos por meio dos “prejuízos”.
Explico melhor a utilização da palavra
prejuízo, tanto que a coloquei entre
aspas. É que quando temos necessidades,
quando temos de correr atrás do
“prejuízo” desenvolvemos a inteligência,
buscamos estratégias para nos safar dos
enguiços, treinamos a paciência,
aprendemos que na vida nem tudo acontece
no tempo e prazo que definimos. Enfim,
são as lutas que fortalecem os músculos
da alma.
Mérito, o que os Espíritos dizem é esta
palavra hoje tão mal interpretada: é
preciso ter mérito. Mérito para que, por
meio de tudo que nos ocorre, desenvolver
virtudes.
Dia desses assisti uma entrevista do
ministro da Ciência e Tecnologia, meu
conterrâneo Marcos Pontes, em que ele
compartilha um belo ensinamento que sua
mãe lhe deu:
“Meu filho, você pode tudo, desde que
estude, trabalhe, persista e faça mais
do que esperam de você”.
Marcos Pontes seguiu os conselhos da
mãe, acreditou naquilo e foi de Bauru
(SP) para o espaço.
Teve mérito. Menino pobre, de uma cidade
interiorana, avançou por meio das
dificuldades e percalços e conseguiu ser
piloto, mais: virou astronauta.
Foi além do que ele mesmo esperava para
si.
As palavras da mãe de Pontes podem
traduzir o que Deus espera de nós:
Que façamos mais, para nosso próprio
bem, que arrebentemos os nossos próprios
limites, numa competição sábia,
estabelecida com nós mesmos e não com os
outros.
Eis, então, claro o objetivo da
encarnação:
Ser alguém melhor!
E quanto as pedras que aparecem no
caminho?
Serão pequenas se nossa vontade de
vencê-las for maior.
Talvez não cheguemos no espaço, como o
astronauta Marcos Pontes, mas poderemos
acessar nosso coração e vencermos os
famigerados tormentos da alma: orgulho,
inveja, ciúme...