Porto Carreiro Neto: “Estamos de pé, com os olhos
voltados para a nossa tarefa”
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Na última quinta-feira, dia 21, registrou-se mais um
aniversário da desencarnação, aos 69 anos, de Porto
Carreiro |
Neto, um dos grandes vultos do Espiritismo no
Brasil, especialmente por sua contribuição ao
ensino e à divulgação do Espiritismo e do
Esperanto. |
No dia 23 de julho de 1964, dois dias após sua
desencarnação, Porto Carreiro Neto manifestou-se no
Grupo Ismael, pelo médium Giffoni, quando transmitiu
alentadora mensagem, da qual destacamos as seguintes
palavras: "Estamos de pé, com os olhos voltados para a
nossa tarefa. Não a interrompemos, e vocês também não.
Eu, por um pouco, dizem-me, estarei ausente, mas
retornarei. Enquanto isto, os amigos continuarão a obra,
porque não é nossa, é do Cristo, é da Humanidade".
Luís da Costa Porto
Carreiro Neto – mais conhecido como Porto Carreiro Neto
– nasceu no Recife, Pernambuco, em 7 de janeiro de 1895.
Foi criado por uma tia e madrinha, pois que sua genitora
faleceu, deixando-o em tenra infância. Era filho do
professor Carlos Porto Carreiro, grande filósofo,
linguista e poeta, a quem devemos excelente gramática
portuguesa e obras de arte imortais, como a sua tradução
da obra-prima de Edmond Rostand, CYRANO DE BERGERAC,
tradução em lindos versos, reputados pela crítica como
mais belos que os originais.
Carlos Porto Carreiro era proprietário e diretor de um
ginásio em sua cidade natal, Recife. Luís começou a
lecionar no colégio do pai aos catorze anos de idade.
Mais tarde a família se transferiu para o Rio de
Janeiro, onde Luís fez com brilhantismo diversos cursos
na Escola Nacional de Engenharia, a saber: de engenheiro
civil, de engenheiro mecânico e eletricista, de
engenheiro industrial, tornando-se, a partir de 1925,
livre docente, por concurso, da cadeira de Química
Industrial da mesma Escola.
Casou-se em 7 de janeiro de 1920, data em que completava
25 anos, enviuvando a 13 de junho de 1958, sem ter
deixado descendentes. Concorreu à vaga para professor
catedrático de Química Inorgânica e Análise Qualitativa,
na Escola Nacional de Química, sendo nomeado em 1933, e
ficando em disponibilidade na cadeira que até então
ocupava na Escola Nacional de Engenharia.
Posteriormente, foi empossado nas funções de Diretor da
Escola Nacional de Química, dando mostras de grande
atividade administrativa e elevado senso de
responsabilidade.
Como professor e examinador, seja nos cursos
universitários, seja nos cursos elementares ou
superiores de Esperanto, era sempre muito rigoroso para
com os alunos, exigindo o máximo de aproveitamento, como
era rigoroso para consigo mesmo. Como esperantista dos
mais cultos do mundo, foi durante decênios membro da
Akademio de Esperanto. Secretário geral da Liga
Brasileira de Esperanto, vice-presidente do Brazila
Klubo Esperanto, vice-chefe delegado da Universala
Esperanto Asocio, seu nome tornou-se internacional,
sendo incluído, com uma bibliografia, na conhecida
enciclopédia de Esperanto publicada em Budapeste, em
1933-1934.
Poeta, prosador e tradutor, preparou livros realmente
magistrais em e sobre Esperanto.
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Juntamente com os Drs. A. Couto Fernandes e
Carlos Domingues, elaborou o Dicionário
Português-Esperanto, dado a lume em
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1936. |
Juntamente com os Drs.
A. Couto Fernandes e Carlos Domingues, elaborou o
Dicionário Português-Esperanto, dado a lume em 1936. Em
conjunto com o professor Ismael Gomes Braga, a este
ligado por laços idealísticos profundos, refundiu
totalmente, ampliando-a bastante, a obra Esperanto
sem Mestre, de autoria de Francisco Valdomiro
Lorenz, obra que já conta com seis edições impressas
pelo Departamento Editorial da FEB. A pureza, a fluência
e a correção do seu Esperanto granjearam-lhe justos e
merecidos elogios das entidades, dos órgãos de imprensa
e dos homens mais representativos do mundo esperantista,
comparando-se-lhe muitas vezes o estilo com o de
Zamenhof. Colaborou em vários jornais e revistas
esperantistas do Brasil e do estrangeiro, quer em prosa,
quer em verso, sempre admirado pela sua cultura e saber.
É, todavia, no âmbito esperantista que sua existência se
imortalizou, cobrindo-se de glórias imorredouras.
Pelo Departamento Editorial da FEB, publicou as
seguintes traduções, todas enaltecidas pela crítica
daqui e de além-mar:
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La libro de la Spiritoj, La
Libro de la mediumoj, em colaboração com I.G.B., Antau
du mil jaro..., Em Ombro Kaj em Lumo, Nia
Hejmo, Ago Kaj |
Reago. |
Deixou traduzida, para
ser publicada pela FEB, a grandiosa obra mediúnica Paulo
e Estêvão, e estava traduzindo O que é o
Espiritismo, de Allan Kardec, quando Átropos lhe
cortou o fio da existência terrena. Não chegou ao meio
do volume.
Como espírita, foi membro vitalício da FEB e membro do
Conselho Federativo Nacional, representando Pernambuco.
Médium de incorporação e psicógrafo, recebeu um livro do
Espírito de Jaime Braga, com o título Ciência Divina,
muitos sonetos em português e poemetos em Esperanto que
vários leitores leram em colunas da revista Reformador.
Espírito de alto nível moral, de vasta cultura e muita
capacidade de trabalho, não se dobrava ao cansaço, nem
ao desânimo. Sua missão como esperantista e médium se
achava sempre harmoniosamente enquadrada no programa de
trabalho da FEB. Foi um trabalhador de Jesus na
preparação do Brasil para sua anunciada missão histórica
em que todos os livros em Esperanto foram cuidadosamente
revistos por ele e entregues à FEB para futuras edições.
Não poucos hão de ter notado que Porto Carreiro Neto foi
continuador da obra iniciada pelo médium Francisco
Valdomiro Lorenz, pois que prosseguiu em Reformador a
seção de versos doutrinários recebidos diretamente em
Esperanto, seção essa criada pelos Maiores da
Espiritualidade em julho de 1943.
Às 10 horas da manhã de 21 de julho de 1964, desencarnou
repentinamente, vítima de espasmo cerebral. O saudoso
amigo contava, então, 69 anos de idade.