Esperança
Em tempos tumultuados como estes que estamos vivendo, a
esperança de mudanças, em curto espaço de tempo, parece
algo tão distante e irrealizável que acabamos nos
entregando ao pessimismo e ao desalento.
Porém, examinando vários outros lados que compõem o
panorama civilizatório, vamos encontrar luz em meio às
trevas.
Refiro-me às anônimas criaturas que realizam maravilhas
sem que sejam divulgadas na mídia, pessoas comuns,
muitas, sem recursos financeiros e que fazem obras
espetaculares. Pessoas que “arregaçaram as mangas” e
foram à luta em prol de uma causa e de um ideal.
Quantos outros não estão trabalhando em laboratórios,
confinados por horas a fio para descobrirem remédios,
vacinas e outras tantas coisas para ajudarem a
humanidade em suas mazelas?
Quantos outros tantos não estão verdadeiramente
comprometidos com a educação? Quantos médicos
humanitários que abdicaram de seus confortos,
familiares, e foram ao encontro dos desafortunados,
vítimas de regimes autoritários e despóticos?
E assim, não teríamos espaço para nominar todos os que,
em silêncio, sem alardear, estão fazendo e cumprindo com
seus deveres muito além da conta.
Porque então nos fixarmos no mal? Será ele irremediável
ou superior ao Bem?
Estamos sim, vivendo em meio de eventos que nos
aproximam da condição de seres recém-saídos das
cavernas, mas, ao lado disso, muito já conquistou a
humanidade terrena em suas relações interpessoais, na
ordem jurídica, na preservação do meio ambiente, e
tantos outros avanços. A evolução não se opera aos
saltos. Ela é lenta e gradativa, para que sua eficácia
seja permanente. Repetimos e repetimos aprendizados para
que eles se incorporem ao nosso imo e para não
retroagirmos, cedendo ao mal.
Esperança em dias melhores eu tenho, devemos todos ter.
Se não podemos agir mais ostensivamente, encabeçando
ONGs, dirigindo organizações importantes, estarmos na
linha de frente em acontecimentos que impulsionam o
desenvolvimento em larga escala, façamos bem-feita a
nossa parte; cumpramos com as nossas obrigações diárias,
com desvelo e responsabilidade. Simples assim.
A Esperança, como preleciona Emmanuel, é a filha dileta
da Fé, porém, nem todos conseguem, por enquanto, o voo
sublime da Fé. Mas a força da esperança é tesouro comum.
Nem todos podem oferecer, quando querem, o pão do corpo
e a lição espiritual, mas ninguém na Terra está impedido
de espalhar benefícios da esperança. E, magistralmente,
continua dizendo: A dor costuma agitar os que se
encontram no “vale da sombra e da morte”, onde o medo
estabelece atritos e onde a aflição percebe o “ranger de
dentes”, nas “trevas exteriores”, mas existe a luz
interior que é a esperança.
Desse modo, quando estivermos com fome de esperança,
nutramos nosso espírito com as claridades do Evangelho
de Jesus. Nele encontramos os ingredientes que poderão
nos sustentar fortes e destemidos. A vida não se resume
em uma única existência e, mesmos os ímpios, os
criminosos contumazes, os promotores de guerras e
genocídios, os ignorantes de toda ordem, um dia
evoluirão, um dia chegarão à condição de seres
iluminados.
Estamos todos em aprendizado obrigatório; uns,
arrependidos, retificando o caminhar, outros, com suas
consciências adormecidas, aguardando que o guante da dor
os desperte. Outros tantos, mais evoluídos, ajudando
para que a Humanidade terrena conheça dias de paz.
Assim, não esmoreçamos.
Confiemos na providência Divina e no funcionamento de
suas Leis que se aplicam a todos invariavelmente.
Dias melhores virão. Melhores todos nós seremos. Depois
da turbulência, das tempestades e agitações, o sol
resplandecerá sobre os campos, sobre as águas e atingirá
os nossos corações, aquecendo-os e inundando-os de
júbilo e gratidão ao Senhor do Universo.