Os
missionários celestiais
e as suas duras missões
Graças à misericórdia
divina, a humanidade
terrena nunca esteve
abandonada à própria
sorte em nenhum momento
da história. Certamente
em obediência às
diretrizes superiores,
de tempos em tempos
encarnaram – e continuam
encarnando – nesse orbe
Espíritos de escol com a
nobre missão de ajudar
na evolução humana. Em
cumprimento às
determinações divinas,
dão contribuição
significativa para que a
luz do bem se estabeleça
de vez entre nós, a fim
de que um dia possamos
realmente merecer a
classificação de povo
civilizado. Dada a nossa
limitada capacidade de
enxergar a experiência
da vida na matéria como
oportunidade excepcional
de crescimento interior
e testemunho, vêm eles
nos ajudar a palmilhar o
caminho da
autoiluminação e do
avanço moral.
Comprovando o seu
abnegado papel, explica
o Espírito Emmanuel, na
obra Pão Nosso (psicografia
de Francisco Cândido
Xavier, um
extraordinário
missionário de Jesus),
que “Emissários
abnegados do devotamento
celestial espalham
socorro santificante em
todas as épocas da
Humanidade. A História é
demonstração dessa
verdade inconteste”. Em
outra obra sua de
excepcional valor e
sabedoria, isto é, A
Caminho da Luz,
também psicografada pelo
inolvidável médium acima
citado, Emmanuel pondera
que:
“[...] A Ciência de
todos os séculos está
cheia de apóstolos e
missionários. Todos eles
foram inspirados ao seu
tempo, refletindo a
claridade das Alturas,
que as experiências do
Infinito lhes imprimiram
na memória espiritual, e
exteriorizando os
defeitos e concepções da
época em que viveram, na
feição humana de sua
personalidade”.
E arremata o seu
pensamento destacando
que:
“Na sua condição de
operários do progresso
universal, foram
portadores de revelações
gradativas, no domínio
dos conhecimentos
superiores da
Humanidade. Inspirados
de Deus nos penosos
esforços da verdadeira
civilização, as suas
ideias e trabalhos
merecem o respeito de
todas as gerações da
Terra, ainda que as
novas expressões
evolutivas do plano
cultural das sociedades
mundanas tenham sido
obrigadas a proscrever
as suas teorias e
antigas fórmulas.”
Entretanto, cumpre
reconhecer que tais
entidades também
desempenham suas missões
em outros setores da
vida. Seguindo essa
linha de raciocínio, o
Espírito Joanna de
Ângelis refere-se, por
exemplo, no livro Após
a Tempestade (psicografia
de Divaldo Pereira
Franco) ao “triunfo de
homens-sacerdotes da
Ciência Médica”
responsáveis pela cura
de doenças outrora
categorizadas como
incuráveis. Nesse
sentido, observa a
elevada mentora
espiritual, que:
“Sempre há, pois,
possibilidade de amanhã
conseguir-se a vitória
sobre a enfermidade
irreversível da hoje.
Diariamente, para esse
desiderato, mergulham na
carne Espíritos
Missionários que se
aprestam e impulsionam o
progresso, realizando
descobrimentos e
conquistas superiores
para a vida, fonte
poderosa de esperança e
conforto para os que
sofrem, em nome do
Supremo Pai.”
Indubitavelmente, eles
têm vindo aos magotes em
auxílio à humanidade com
vistas ao adiantamento e
progresso geral. De modo
geral, ocupam funções e
atividades-chave para
que a Terra avance como
uma harmoniosa e
pacífica morada da Casa
do Pai, como preconiza o
evangelho de Jesus. E o
Mestre dos Mestres, como
governador espiritual do
planeta, os conduz à
execução de delicadas
missões sob a sua
sublime orientação e
inspiração. Nesse
particular, Emmanuel
comenta, em outra
notável obra, Fonte
Viva (também
psicografada pelo
notável médium), que:
“O Mestre não se
encontra tão-somente no
serviço daqueles que
ensinam a Revelação
Divina, através da
palavra acadêmica,
instrutiva ou
consoladora. Acompanha
os que administram os
bens do mundo e os que
obedecem às ordenanças
do caminho, concorrendo
na edificação do futuro
melhor, nas organizações
materiais e espirituais.
Permanece ao lado dos
que revolvem o chão do
Planeta, cooperando na
estruturação da Terra
Aperfeiçoada, como
inspira os missionários
da inteligência na
evolução dos direitos
humanos.”
Desse modo, pode-se
inferir que nos momentos
mais críticos da
trajetória humana, os
missionários estavam
presentes amparando,
ajudando e orientando
seus irmãos menos
esclarecidos em nome de
Deus. Posto isto, creio
que vale lembrar um
filme (Harriet, interpretado
pela atriz e cantora
Cynthia Erivo, que lhe
valeu, a propósito, uma
indicação ao Oscar) a
que assisti recentemente
retratando a vida de uma
personagem, Harriet
Tubman (1822-1913), que
representou papel
marcante na Guerra da
Secessão ocorrida nos
Estados Unidos entre os
anos de 1861 e 1865.
Cumpre lembrar,
portanto, que o citado
conflito sanguinário
colocou em lados opostos
os estados do Sul e do
Norte, que divergiam
profundamente sobre os
destinos daquela nação.
Enquanto o Norte focava
na industrialização
emergente, o Sul, movido
essencialmente pela
atividade agrícola,
sustentava um modelo
econômico baseado na
escravidão. Tal
distanciamento de ideias
culminou com a busca do
separatismo por parte do
Sul, e, por fim, a
guerra civil, que gerou
a morte de quase 1
milhão de pessoas.
É obvio que os Estados
Unidos não se tornariam
na maior nação do
planeta se não houvessem
se modernizado, bem como
não tivessem abraçado
ideais humanitários e
progressistas. Nesse
sentido, encampar o
compromisso de libertar
os escravos era
fundamental, já que tal
prática não cooperava
com aquela visão de
Estado. Aliás, muito
antes de eclodir o
sangrento conflito, o
presidente Abraham
Lincoln (1809-1865) já
tinha uma posição firme
contra as agruras
impingidas ao povo negro
sustentando-a, por
sinal, até o fim de sua
vida (curiosamente ele
foi assassinado apenas
cinco dias depois do
término da guerra).
A forte
liderança de Lincoln
que, vale ressaltar,
levou-o inúmeras vezes
aos campos de batalha,
foi crucial para a
vitória da União, bem
como para a reunificação
do país. Num evento
dessa natureza e
extensão, convenhamos,
muitos personagens
desempenharam
papel-chave e, entre
elas, estava Harriet,
mulher negra,
abolicionista, ativista
e que nascera
escravizada.
Aliás, é sempre
importante frisar que os
indivíduos que pertencem
à raça negra continuam a
enfrentar muitas
dissabores ao longo das
suas existências. Afinal
de contas, o preconceito
racial ainda não foi
completamente banido
deste planeta, apesar
dos avanços sociais,
costumes e mentalidade.
Por isso, é inegável que
a jornada dos Espíritos
que reencarnam sob essa
indumentária carnal, é
muito mais difícil e
complicada do que os das
outras raças. O nosso
país é, a propósito, um
claro exemplo dessa
aberração.
Tubman viveu parte da
sua vida como escrava
numa fazenda no condado
de Dorchester, no estado
de Maryland. Por
conseguinte, enfrentou
experiências dolorosas,
já que foi espancada e
açoitada por seus
“senhores” durante a
infância. Além de
padecer constantes maus
tratos, sem falar da
privação da liberdade,
ainda na juventude
sofreu uma lesão
craniana traumática
gerada pela insensatez
do seu proprietário. Ou
seja, para impedir a
fuga de um determinado
escravo, o impiedoso
fazendeiro
arremessou-lhe um pesado
objeto de metal, que,
desafortunadamente,
acabou acertando-a. Por
causa da lesão, Tubman
passou a ter tonturas,
dores e períodos de hipersonia,
que lhe importunaram até
o fim da sua jornada. No
entanto, após a sua
recuperação, Tubman
começou, curiosamente, a
ter visões estranhas e
sonhos premonitórios
atribuindo-os à vontade
de Deus. Essas
experiências místicas
e/ou espirituais somadas
à sua educação de cunho
metodista, tornaram-na
uma religiosa devota.
Embora tenha conseguido
escapar quase
milagrosamente do
cativeiro em 1849,
fugindo para a
Filadélfia, ela
imediatamente voltou a
Maryland para resgatar
sua família do
cativeiro. O mais
admirável nessa
personagem é que, graças
às suas corajosas ações,
seus parentes e dezenas
de outros escravos
conquistaram a tão
sonhada liberdade.
Enfrentando enormes
perigos, Tubman (ou "Moisés",
como era chamada, já que
se vestia como homem
para se disfarçar)
conseguiu o
extraordinário feito de
nunca perder um
passageiro. Vale frisar
que Tubman e a sua
saliente mediunidade
foram cruciais nas
missões de resgate dos
seus irmãos de raça.
Movida por uma fé
extraordinária, ela
captava as imagens que
os Espíritos lhe
enviavam ou simplesmente
intuía as rotas mais
seguras para conduzi-los
à liberdade. Depois da
aprovação do Fugitive
Slave Act de 1850,
ela protagonizou outra
relevante façanha: guiar
os fugitivos mais ao
norte para a América
do Norte Britânica,
bem como ajudá-los a
encontrar trabalho. Os
historiadores reportam
que Tubman conheceu John
Brown (1800-1859),
outro importante
abolicionista, em 1858,
e ajudou-o a planejar e
recrutar apoiadores para
seu ataque a Harpers
Ferry em 1859.
Não bastasse tão
elogiável atuação,
Tubman também prestou
seus serviços ao
exército da União quando
a Guerra Civil iniciou,
primeiramente como
cozinheira, enfermeira
e, posteriormente, como
batedora armada e espiã.
Os registros históricos
informam que ela foi a
primeira mulher a
liderar um ataque armado
no tenebroso conflito.
Com efeito, sua ação
militar no rio Combahee
libertou mais de 700
escravos. Terminada a
guerra, Tubman
aposentou-se e passou
seus dias na propriedade
de sua família, em
Auburn, no estado de
Nova Iorque, onde cuidou
de seus pais já idosos.
Consta também que Tubman
atuou no movimento pelo
sufrágio feminino. Mas
com a deterioração da
sua saúde, ela foi
internada num asilo para
afro-americanos idosos,
que ajudara a criar, por
sinal, anos antes. Dizem
que momentos antes de
desencarnar (em 1913),
ela disse aos presentes
no quarto: "Vou para
preparar um lugar para
vocês". Harriet
Tubman tornou-se, assim,
um símbolo de coragem e
liberdade naquela nação
marcada pela violência e
radicalização.
Antes de concluir, é
importante ponderar que
os Missionários de Deus,
não estão isentos das
dores e sofrimentos.
Muito pelo contrário.
Abraçando espinhosas
responsabilidades, eles
se sacrificam para que a
humanidade avance. Mesmo
em momentos dramáticos,
lá estão eles fazendo a
diferença ao inspirar
seus irmãos no rumo
certo da vida, assim
como praticando a
fraternidade e
solidariedade.
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