A melhor educação, o
melhor resultado
A palavra educação tem origem no latim educatio que
é derivado das palavras Ex e Ducare e
significa “colocar para fora,
externalizar, conduzir o pensamento e a
reflexão de dentro para fora”[1].
A educação é um processo de
amadurecimento da orientação e guia do
raciocínio e da inteligência do
indivíduo de modo a perceber e
compreender tanto seu contexto e
conhecimentos, quanto consequências. O
que permite guiar o comportamento e as
ações na obtenção dos resultados
desejados de forma consciente,
planejada, sem acaso. É a prática e
liderança de não se deter pelas
aparências, mas pelas verdades maiores,
tal como na alegoria da caverna de
Platão[2].
Quem presta atenção nas ilusões acaba
desperdiçando oportunidades, bem como o
exercício justo de sua liberdade. A
educação busca suprir as necessidades de
modo que o indivíduo tenha a sensatez e
polidez necessária tanto para o
ajustamento condizente aos problemas e
eventos que surgem no mundo, quanto sua
luz e domínio interior. De escolher e
agir com o que é correto e não
simplesmente fácil ou cômodo. Em outras
palavras, é liderar-se para que o
aprendiz esteja pronto para os bons
combates[3] da
vivência na carne.
Neste processo de amadurecimento, é
essencial lembrar da árvore do
conhecimento descrito na Gênesis[4].
Comer do fruto do conhecimento é ganhar
consciência dos próprios atos, tal como
infante que começa a despertar do sono
profundo para os desafios da existência
material. Assim, o paraíso perdido pode
ser confundido até mesmo com a época
dourada da infância ou das terras más
allá de cada um, pois não seria o
período momento crucial de preparação
para as oportunidades vindouras? Com a
consciência vem o desafio da
responsabilidade do livre arbítrio e a
necessidade de acertar mais do que errar
na vida.
Todavia, no caminho da perfeição, há
muitos encontros e desencontros, alguns
positivos, outros nem tanto. Por isso,
nunca é cedo demais para iniciar a
correta formação dos hábitos sadios para
uma existência plena[5].
E para dar continuidade à metáfora da
árvore, a educação permite a expansão
dos limites de modo que o indivíduo
cresça e floresça tanto em termos
quantitativos, quanto qualitativos. É
fazer mais e melhor.
Neste sentido, vale a pena frisar a
educação como um modo de buscar tanto o
refinamento do caráter pessoal, quanto a
possibilidade de angariar as obras e
resultados na existência. Ou seja,
quanto melhor a educação, melhores os
resultados para o alcance da coroa da
justiça[6].
A educação pessoal é a polidez de cada
um, seu jeito de ser que permite ao
indivíduo se adaptar a diferentes
situações, contextos e necessidades. Em
outras palavras, educado é a pessoa que
oferta ao outro o seu melhor lado e
pensa e age para a construção de
interações positivas para o bem-estar
geral. É aquilo que se oferece, mas não
necessariamente aquilo que se obtém. Nem
sempre recebemos o melhor dos outros. Ou
pelo menos, a reação não é aquela
esperada. Mas, como se diz no dito
popular: “Quando um não quer, dois não
brigam”. Faz parte da caridade e do
teste da educação esquecer-se do revide.
Ou nas imortais palavras de Chico
Xavier: “Feliz daquele que, na hora de
dar o troco, perde a vontade![7]”.
É o silenciar das ofensas e a prece para
o perdão. Atividade tão difícil, mas
necessária e sine qua non para a
perfeição.
Aliás, o que seria da estátua de David
de Michelângelo sem as marteladas e o
cinzel para dar forma ao mármore? Não
seriam as pedras de rios arredondadas
justamente devido aos desgastes
provocados pelo rolar nas correntezas? A
perfeição não vem sem os percalços, pois
nas corrigendas do Pai que se preparam
os futuros mestres[8].
Ademais, são nestas situações quando se
recebe vinagre ao invés de água ou vinho
que se deve orar silenciosamente pelo
bem do outro e de agradecer pela
educação recebida em casa[9].
É a gratidão a Deus e ao Lar como fontes
consoladoras. Também são nessas
dificuldades que se lembra da
recomendação do mestre Nazareno de
tratar bem o próximo como a si mesmo[10].
É o amor como tratamento da gentileza,
da elegância dos modos, da recusa de
aceitar o fel[11],
tal como medida salutar para se proteger
e também bendizer o projeto divino de
perfeição de todos. Não existe maldade,
mas apenas irmãos em ignorância. Além
disso, quem não guarda rancor ou ódio
não se intoxica com elementos impuros. É
a luz que penetra no pântano d’alma, a
ilumina e sai sem se contaminar.
Com isso, a educação permite iluminar
para fora o melhor de nós e também,
direta ou indiretamente, os outros,
mesmo que seja à custa de sofrimento
interior e de compaixão devido ao
conhecimento da lei de causa e efeito. É
a verdade que liberta das apreensões ou
revoltas internas. Neste caso, perdoar
os erros alheios é fundamental, já que
não sabemos de nosso próprio passado. É
o perdão incondicional que nivela o
nosso ser com a possibilidade de
resgaste e recuperação de crédito
antigos. Mais do que o “troco pequeno”,
a conta maior, o saldo do destino de
incontáveis vezes de vidas
desperdiçadas. É melhor a atitude
conservadora do que o esbanjamento
imerecido. O essencial é diminuir o
montante devido para que o monturo não
seja lugar de presença constante. Por
isso, quem se ama não desperdiça as
oportunidades do presente divino da vida
encarnada, pois se o ego e a vaidade
atrapalham, o raciocínio e o amor bem
fundamentados permitem a escolha
salvadora.
Com a educação em dia, também é possível
praticar o amor e o bem querer, o estudo
e o trabalho para que se possa ampliar
os recursos pessoais. Educar-se é se
amar, e vice-versa, no sentido de querer
o próprio bem e de buscar a ampliação do
patrimônio pessoal de luz. O que permite
avançar sobre a ignorância e também, as
próprias sombras e limitações. Quem se
educa de modo correto se aproxima e se
identifica mais com o divino e suas
obras[12].
Neste caso, educação não representa a
escolaridade regular, mas o esforço
pessoal de aprimoramentos, de
desidentificação com os maus hábitos e
identificação com as virtudes que
aproximam de Deus. Enfim, a educação
representa mais do simples preparo do
indivíduo para o mundo, mas a liderança
de si sobre seu trajeto e destino,
desafios e recompensas.
Quem consegue expressar sua melhor
versão acaba concretizando o
aprimoramento e o avanço sobre sua
sensibilidade às mazelas da existência.
Para a pessoa educada, agir bem não é
mais uma opção, tampouco obrigação. Mas
é o jeito natural e voluntário do ser
que se realiza desapegado do mundo, pois
já o venceu por dentro. A conquista do
infinito começa com a educação de si[13].
[2] Livro
VII, A República, Platão.
[5]
Carlos A. Baccelli. Educação
infantil. O Evangelho de
Chico Xavier. – Editora
Didier.
[7] “
Carlos A. Baccelli. O
Evangelho de Chico Xavier.
– Editora Didier.
[8] Emmanuel.
Corrigendas. Vinha de Luz.
Brasília: FEB, 2018.
[12]
Emmanuel. Corrigendas. Vinha
de Luz. Brasília: FEB, 2018.
[13] Em
homenagem aos meus queridos e
zelosos genitores, Paulo Hayashi
e Ioko Ikefuti Hayashi, que já
se encontram na pátria
espiritual.