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por Paulo Hayashi Jr.

 

A melhor educação, o melhor resultado


A palavra educação tem origem no latim educatio que é derivado das palavras Ex e Ducare e significa “colocar para fora, externalizar, conduzir o pensamento e a reflexão de dentro para fora”[1]. A educação é um processo de amadurecimento da orientação e guia do raciocínio e da inteligência do indivíduo de modo a perceber e compreender tanto seu contexto e conhecimentos, quanto consequências. O que permite guiar o comportamento e as ações na obtenção dos resultados desejados de forma consciente, planejada, sem acaso. É a prática e liderança de não se deter pelas aparências, mas pelas verdades maiores, tal como na alegoria da caverna de Platão[2]. Quem presta atenção nas ilusões acaba desperdiçando oportunidades, bem como o exercício justo de sua liberdade. A educação busca suprir as necessidades de modo que o indivíduo tenha a sensatez e polidez necessária tanto para o ajustamento condizente aos problemas e eventos que surgem no mundo, quanto sua luz e domínio interior. De escolher e agir com o que é correto e não simplesmente fácil ou cômodo. Em outras palavras, é liderar-se para que o aprendiz esteja pronto para os bons combates[3] da vivência na carne.  

Neste processo de amadurecimento, é essencial lembrar da árvore do conhecimento descrito na Gênesis[4]. Comer do fruto do conhecimento é ganhar consciência dos próprios atos, tal como infante que começa a despertar do sono profundo para os desafios da existência material. Assim, o paraíso perdido pode ser confundido até mesmo com a época dourada da infância ou das terras más allá de cada um, pois não seria o período momento crucial de preparação para as oportunidades vindouras? Com a consciência vem o desafio da responsabilidade do livre arbítrio e a necessidade de acertar mais do que errar na vida.

Todavia, no caminho da perfeição, há muitos encontros e desencontros, alguns positivos, outros nem tanto. Por isso, nunca é cedo demais para iniciar a correta formação dos hábitos sadios para uma existência plena[5]. E para dar continuidade à metáfora da árvore, a educação permite a expansão dos limites de modo que o indivíduo cresça e floresça tanto em termos quantitativos, quanto qualitativos. É fazer mais e melhor.

Neste sentido, vale a pena frisar a educação como um modo de buscar tanto o refinamento do caráter pessoal, quanto a possibilidade de angariar as obras e resultados na existência. Ou seja, quanto melhor a educação, melhores os resultados para o alcance da coroa da justiça[6]. A educação pessoal é a polidez de cada um, seu jeito de ser que permite ao indivíduo se adaptar a diferentes situações, contextos e necessidades. Em outras palavras, educado é a pessoa que oferta ao outro o seu melhor lado e pensa e age para a construção de interações positivas para o bem-estar geral. É aquilo que se oferece, mas não necessariamente aquilo que se obtém. Nem sempre recebemos o melhor dos outros. Ou pelo menos, a reação não é aquela esperada. Mas, como se diz no dito popular: “Quando um não quer, dois não brigam”. Faz parte da caridade e do teste da educação esquecer-se do revide. Ou nas imortais palavras de Chico Xavier: “Feliz daquele que, na hora de dar o troco, perde a vontade![7]”. É o silenciar das ofensas e a prece para o perdão. Atividade tão difícil, mas necessária e sine qua non para a perfeição.

Aliás, o que seria da estátua de David de Michelângelo sem as marteladas e o cinzel para dar forma ao mármore? Não seriam as pedras de rios arredondadas justamente devido aos desgastes provocados pelo rolar nas correntezas? A perfeição não vem sem os percalços, pois nas corrigendas do Pai que se preparam os futuros mestres[8]. Ademais, são nestas situações quando se recebe vinagre ao invés de água ou vinho que se deve orar silenciosamente pelo bem do outro e de agradecer pela educação recebida em casa[9]. É a gratidão a Deus e ao Lar como fontes consoladoras. Também são nessas dificuldades que se lembra da recomendação do mestre Nazareno de tratar bem o próximo como a si mesmo[10]. É o amor como tratamento da gentileza, da elegância dos modos, da recusa de aceitar o fel[11], tal como medida salutar para se proteger e também bendizer o projeto divino de perfeição de todos. Não existe maldade, mas apenas irmãos em ignorância. Além disso, quem não guarda rancor ou ódio não se intoxica com elementos impuros. É a luz que penetra no pântano d’alma, a ilumina e sai sem se contaminar.

Com isso, a educação permite iluminar para fora o melhor de nós e também, direta ou indiretamente, os outros, mesmo que seja à custa de sofrimento interior e de compaixão devido ao conhecimento da lei de causa e efeito. É a verdade que liberta das apreensões ou revoltas internas. Neste caso, perdoar os erros alheios é fundamental, já que não sabemos de nosso próprio passado. É o perdão incondicional que nivela o nosso ser com a possibilidade de resgaste e recuperação de crédito antigos. Mais do que o “troco pequeno”, a conta maior, o saldo do destino de incontáveis vezes de vidas desperdiçadas. É melhor a atitude conservadora do que o esbanjamento imerecido. O essencial é diminuir o montante devido para que o monturo não seja lugar de presença constante. Por isso, quem se ama não desperdiça as oportunidades do presente divino da vida encarnada, pois se o ego e a vaidade atrapalham, o raciocínio e o amor bem fundamentados permitem a escolha salvadora.

Com a educação em dia, também é possível praticar o amor e o bem querer, o estudo e o trabalho para que se possa ampliar os recursos pessoais. Educar-se é se amar, e vice-versa, no sentido de querer o próprio bem e de buscar a ampliação do patrimônio pessoal de luz. O que permite avançar sobre a ignorância e também, as próprias sombras e limitações. Quem se educa de modo correto se aproxima e se identifica mais com o divino e suas obras[12]. Neste caso, educação não representa a escolaridade regular, mas o esforço pessoal de aprimoramentos, de desidentificação com os maus hábitos e identificação com as virtudes que aproximam de Deus. Enfim, a educação representa mais do simples preparo do indivíduo para o mundo, mas a liderança de si sobre seu trajeto e destino, desafios e recompensas.

Quem consegue expressar sua melhor versão acaba concretizando o aprimoramento e o avanço sobre sua sensibilidade às mazelas da existência.  Para a pessoa educada, agir bem não é mais uma opção, tampouco obrigação. Mas é o jeito natural e voluntário do ser que se realiza desapegado do mundo, pois já o venceu por dentro. A conquista do infinito começa com a educação de si[13].

 


[2] Livro VII, A República, Platão.

[3] 2 Timóteo 4:7,8

[4] Gênesis 2:16,17

[5]  Carlos A. Baccelli. Educação infantil. O Evangelho de Chico Xavier.  – Editora Didier. 

[6] 2 Timóteo 4:7,8

[7] “ Carlos A. Baccelli. O Evangelho de Chico Xavier.  – Editora Didier.

[8] Emmanuel. Corrigendas. Vinha de Luz. Brasília: FEB, 2018.

[9] Mateus 27:48.

[10]  Mateus 22:37-39.

[11] Mateus 27:34.

[12]  Emmanuel. Corrigendas. Vinha de Luz. Brasília: FEB, 2018.

[13] Em homenagem aos meus queridos e zelosos genitores, Paulo Hayashi e Ioko Ikefuti Hayashi, que já se encontram na pátria espiritual.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita