Na construção da fé
A grande jornada começa de um passo.
Os grandes espetáculos de habilidade intelectual ou da
resistência física alcançam iniciação justa na
alfabetização e na ginástica.
A Natureza jamais altera os princípios de sequência em
que confere plena execução às Leis do Senhor.
Assim também, no campo espiritual da vida é
imprescindível recordar que nunca removeremos as
montanhas da dificuldade fora de nós, sem superarmos as
pedras que nos afligem por dentro.
Lembremo-nos de que o edifício mais complexo é formado
de insignificâncias numerosas e saibamos erguer, tijolo
a tijolo, as paredes do nosso santuário de confiança
indestrutível.
Para isso, é preciso fixar as próprias forças no
trabalho de nossa autoeducação, dia a dia, convertendo
os pequeninos obstáculos de nossa vida interior em
recursos de nosso aperfeiçoamento.
Nem sempre somos chamados às demonstrações públicas de
cultura e sublimação, mas todos encontramos, no curso
das horas incessantes, ocasiões de treinamento para a
construção do templo da fé viva em nossa alma.
Tropeços escuros ameaçam-nos a ascensão do Espírito.
Aqui, é a palavra contundente que nos fere ou magoa, ali
é a ingratidão que nos visita na forma de
impermeabilidade ou indiferença…
Agora, é a maledicência que nos tenta a leviandade, mais
tarde é a sugestão das trevas inclinando-nos à
perturbação e ao crime…
Hoje, é o parente que se transforma em verdugo de nosso
coração, amanhã é o amigo que deserta de nossas melhores
esperanças.
Aqui é um diretor áspero e cruel, mais além é um
subordinado que nos induz à amargura e ao desespero…
Agora, é o desequilíbrio daqueles que mais amamos,
depois será a enfermidade, martelando-nos a resistência
moral…
Indispensável amar, crer, esperar e tolerar sempre…
Guardemos serenidade e avancemos para adiante. O mundo é
casa de Deus, a humanidade é a nossa família e o
burilamento de nossa própria personalidade ainda é o
trabalho essencial a fazer…
Edifiquemos a compreensão e a bondade dentro de nós,
servindo, ajudando, elevando, esquecendo todo mal e,
criando a simpatia e a cooperação ao redor de nossos
passos, seremos surpreendidos pela claridade da fé que,
à maneira de bênção do Céu, virá esclarecer-nos o
coração, iluminando-nos a vida.
Do livro Mãos marcadas, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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