65
anos sem Leopoldo Machado
Amanhã, dia 22 de agosto, registra-se o 65º aniversário
da desencarnação de Leopoldo Machado, professor,
escritor, poeta, jornalista, compositor, palestrante e
grande incentivador das mocidades espíritas e do
movimento de unificação do Espiritismo no Brasil, no
qual teve atuação decisiva na década de 1940.
Primeiros anos e iniciação espírita
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Leopoldo Machado de Souza Barbosa nasceu em 30 de
setembro de 1891 em Arraial de Cepa Forte (hoje Jandaíra),
Estado da Bahia. Filho de Eulélio de |
Souza Barbosa e Ana Isabel Machado Barbosa,
Leopoldo conheceu a Doutrina dos Espíritos em
torno de 1915 por meio de José Petitinga. |
Em 1927, casou-se com Marília Ferraz de Almeida e,
juntos, dois anos depois, mudaram-se para Nova Iguaçu
(RJ). Lá, integraram a equipe de trabalhadores do Centro
Espírita Fé, Esperança e Caridade, participando
ativamente da construção do Albergue Noturno Allan
Kardec e do Lar de Jesus.
Junto de sua esposa, em 1930, consagrou-se como educador
na cidade, inaugurando o Colégio Leopoldo - hoje,
tradicional estabelecimento de ensino - , que contou com
a colaboração de sua irmã caçula, Leopoldina Barros
(esposa do também professor Newton Gonçalves de Barros),
e do Almirante Paim Pamplona, ex-Presidente da Federação
Espírita Brasileira (FEB).
Leopoldo e a Caravana da Fraternidade
Leopoldo participou da organização de diversos eventos,
como o I Congresso Brasileiro de Jornalistas e
Escritores Espíritas, realizado em 1939 sob a
coordenação de Deolindo Amorim, e o I Congresso de
Mocidades Espíritas do Brasil, de 17 a 23 de julho de
1948, tendo sido o idealizador do Congresso Brasileiro
de Unificação, realizado na capital paulista de 31 de
outubro a 5 de novembro de 1948. No ano seguinte,
participou do II Congresso Pan-Americano, realizado no
Rio de Janeiro, e também do Pacto Áureo.
A respeito deste importante momento, os escritores
Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy relataram no
livro Personagens do Espiritismo:
“Percebendo a importância desses encontros, para a
grandeza da Doutrina Espírita no futuro, dentro de suas
possibilidades, esteve sempre presente ajudando de
alguma maneira. Os mesmos Espíritos que inspiravam o
Pacto Áureo inspiraram a ‘Caravana da Fraternidade’, na
qual tomaram parte Leopoldo Machado, Lins de
Vasconcelos, Carlos Jordão da Silva, Francisco Spinelli,
Ary Casadio e Luiz Burgos Filho, cuja Caravana foi o
coroamento do Pacto Áureo, o incentivo unificador na
formação do Conselho Federativo Nacional, sob os
auspícios da Federação Espírita Brasileira. Ao regresso
da ‘Caravana da Fraternidade’, o êxito absoluto, com a
adesão dos Estados do Norte e Nordeste do País à
unificação do Espiritismo em todo o território nacional.
Leopoldo realizou, também, a Primeira Festa Nacional do
Livro Espírita, em homenagem ao ‘18 de Abril’, data
magna de lançamento de O Livro dos Espíritos,
cuja festa tornou-se hábito em todo o Brasil nas
comemorações ao ‘Dia do Livro’. Criou o Conselho
Consultivo de Mocidades Espíritas, na sede da antiga
Liga Espírita do Distrito Federal.”
Leopoldo e as Semanas Espíritas
Leopoldo Machado foi também um dos grandes
incentivadores e participante ativo das Semanas
Espíritas, evento que se iniciou em 1939 com a Semana
Espírita realizada na cidade de Três Rios (RJ), como
lembrou em entrevista publicada nesta revista o saudoso
companheiro Antenor de Souza.
Segundo Antenor, em 1944, Leopoldo Machado sugeriu que
os espíritas se reunissem e fizessem uma espécie de
Liga Hanseática, que é, salvo engano, algo parecido com
as Nações Unidas de hoje, em que cada um defenderia os
interesses dos outros. Leopoldo lançou essa proposta
juntamente com a ideia de cada cidade assumir o
compromisso de realizar uma Semana Espírita por ano.
Devido a isso, seis localidades se comprometeram a
realizá-las: Cruzeiro (SP), Nova Iguaçu (RJ), Macaé
(RJ), Juiz de Fora (MG), Três Rios (RJ) e Barra do Piraí
(RJ), que não conseguiu, por motivos diversos,
realizá-la, sendo substituída por Astolfo Dutra (MG).
Entusiasta como sempre, Leopoldo fez-se presente mais de
uma vez em todas elas e não se limitava às conferências,
porque sempre deu também grande importância à chamada
parte artística, aos números musicais e ao teatro, para
o qual escrevera várias peças.
A respeito do assunto, Antenor de Souza conta-nos, na
entrevista a que nos referimos, o seguinte e curioso
episódio:
“Em Juiz de Fora, Leopoldo Machado tinha preparado uma
peça para o encerramento da Semana. Os atores eram os
próprios participantes do encontro. Laís, que hoje mora
em Brasília (DF), tinha ensaiado um papel importante na
peça. Quando chegou o dia da apresentação, minutos antes
do horário marcado, eu estava com o Leopoldo quando o
telefone tocou: ‘Antenor, o professor está aí?’
Respondi: ‘Está’. ‘Então, por favor, chame-o, que eu
quero falar com ele.’ Leopoldo pegou o telefone e ouviu:
‘Professor, a Lalá está batendo os pés aqui, espumando
pela boca e dizendo que não vai de maneira alguma à
reunião de hoje, porque ela não tem nada com esse
programa de hoje, que ela não quer mais mexer com
isso...’ Leopoldo lhe pediu: ‘Passe o telefone para
ela’. Em seguida, ele disse: ‘Laís? Eu quero falar é com
você, seu intruso, saia daí. Terça-feira nós
conversaremos. Agora deixe a Laís em paz, que vamos
continuar com nosso trabalho’. (N.R.: Leopoldo se
dirigiu diretamente ao Espírito que atormentava Laís,
como se percebe por suas palavras.) O Espírito era um
ex-padre (soubemos na reunião de terça-feira, em que
estivemos) que estava desesperado por causa do apogeu do
Espiritismo, por causa daquela fraternidade passando
pela Igreja de São Mateus, aquele monte de gente andando
de braços dados, andando de um lado pro outro, ali
perto...” (Para
ler na íntegra a entrevista, clique
aqui)
Obras e desencarnação
As novas gerações receberam as generosas contribuições
dele, que incentivou a criação das Mocidades Espíritas e
das Escolas Espíritas de Evangelização para Infância,
impulsionando, ainda, a organização de eventos espíritas
em todo o país. Percorrendo todo o Brasil, exaltou o
Evangelho de Jesus e a Doutrina dos Espíritos, como
sendo a volta do Cristianismo redivivo, no seu sentido
mais puro, como era pregado na Casa do Caminho, logo
após o sacrifício de Jesus.
De sua bibliografia constam os seguintes livros: “Meus
últimos Versos”, “Saudades”; “Ideias e Iluminação”;
“Prosa de Caliban”; “Consciência”; “Doutrina Inglória”,
“Julga, Leitor, por ti mesmo”, “Sensacional Polêmica”,
“Pigmeus contra Gigantes” e “Guerra ao Farisaísmo”;
“Para o Alto”, “Natal dos Cristãos Novos”, “Graças sobre
Graças”, “Caravana da Fraternidade” e “Ide e Pregai”;
“Teatro Espiritualista” (1ª e 2ª séries); “Teatro da
Mocidade”; “Uma Grande Vida” e “Caxias, eminente
iguaçuano” (biografias); “Cientismo e Espiritismo”;
“Cruzada de Espiritismo de Vivos” e “Observações e
Sugestões”; “O Espiritismo é Obra de Educação”; “Das
responsabilidades maiores dos Espíritas no Brasil”;
“Para a Frente e para o Alto”; “Nada lhe é no momento
maior”, e “Brasil berço da Humanidade”.
Leopoldo é, também, autor da "Canção da Alegria Cristã",
de parceria com Oli de Castro, e compôs inúmeras outras
melodias para a mocidade e a evangelização
infantojuvenil. (Para
ouvir o belo hino de Oli de Castro e Leopoldo Machado, clique
aqui)
Leopoldo Machado desencarnou em Nova Iguaçu (RJ) no dia
22 de agosto de 1957, deixando um grande legado para o
movimento espírita e também para a cultura.