Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Ética e infância


Os homens são bons de um modo apenas, porém são maus de muitos modos.
 Aristóteles


Se você recordar as aulas de Filosofia, aprendemos na escola que a ética – do grego éthos — significa caráter e uma disposição individual para atuar no mundo. Este é um conceito complexo e não é absoluto e imutável, mas que pode ser cultivado desde a infância.

Qual é a importância da ética para as crianças?

A infância influencia largamente quem seremos quando adultos. Por mais que sempre tenhamos a oportunidade de melhorar, alguns traços fundamentais da personalidade são definidos nos primeiros anos de vida. O caráter ético é um deles: trata-se de uma orientação pessoal (e fecunda) para bons valores que permanecerá conosco para sempre.

Ensinar então sobre valores desde cedo para seu filho é uma maneira de estimulá-lo a tornar-se uma pessoa mais adequada e preparada para a vida em sociedade mais tarde. Por considerar que as crianças de hoje são os adultos do futuro, podemos dizer que ensinar ética para crianças é contribuir para a formação de uma sociedade/cidadania cada vez mais íntegra, justa e tolerante.

Para ensinar ética a uma criança, você precisa conversar com ela, e de modo reiterado, cotidiano, sobre valores que orientam as pessoas no convívio social saudável, como, por exemplo, a ideia de fazer o bem (manter a cidade limpa, doar roupas, brinquedos, repassar os livros lidos para crianças carentes etc.), de prezar pela justiça (ser cordial e amistoso nas relações; não nutrir preconceitos etc.), de ter honestidade (cuidar do próprio material escolar, respeitar o material do colega de classe, etc.), de ser solidário (ajudar o colega que tem dificuldade em sala de aula, ajudar os pais nas tarefas domésticas, etc.).

Estamos cansados de saber: as crianças aprendem pelo exemplo. Pouco adianta explicar para as crianças o que é justo ou o que é o que é desonesto, se no dia a dia os pais cometem pequenas ações antiéticas. Filhos percebem tudo, e o comportamento dos adultos tem uma influência direta e enorme na sua formação. Em consequência, é muito importante exercitar a autocrítica e usar os momentos de transmitir valores aos filhos como uma boa oportunidade para se aprimorar cada vez mais como ser humano (autoeducação na vida adulta deve ser uma constante). Obedecer às leis, às regras de trânsito, por exemplo, ser honesto, cultivar respeito e tolerância por todos, cuidar do meio ambiente ou preservar os bens da Terra são atitudes essenciais e que são “verdadeiras aulas” para as crianças.

Por fim, seja persistente. Os filhos aprendem pelo exemplo e repetição. Não desanime, imponha limites, exercendo sua autoridade por meio do afeto e do respeito mútuo.

 

Notinha

Alguns especialistas, como Clóvis de Barros Filho, professor da Universidade de São Paulo (USP), um especialista no estudo da ética, argumenta algo relevante: “educar é restringir”. E ele explica que “se deixarmos uma criança solta, ela será guiada pelos seus instintos”. Isso significa que impor limites é parte fundamental na transmissão de valores, principalmente no que se refere à obediência às regras. Se a criança não tem nenhum limite em casa, terá muita dificuldade em seguir regras na escola e na sua vida em geral. De outro lado, impor limites não significa exercer uma autoridade baseada em punições, terror e castigos. Exemplos positivos, paciência, firmeza e persistência funcionam de maneira excelente com as crianças.

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita