Espiritismo
para crianças

por Marcela Prada

 

Tema: Inveja


O besouro invejoso


Da janela da sua toca o besouro muito aborrecido reclamava sozinho em voz alta:

– Que luz mais linda! Como brilha! Parece uma pequenina estrela caída do céu. É tão linda!

Era do vaga-lume que o besouro falava com tanta inveja. Aquela luz que acendia e apagava deixava-o furioso porque não era dele. O besouro cascudo era assim. Sempre queria ser igual aos outros, aos vizinhos, aos parentes, aos amigos. Quando o gafanhoto comprou uma casaca verde e apareceu na festa dos grilos, ele ficou de boca aberta. Querendo, é claro, ser como o gafanhoto. Voltou para a casa aborrecido e triste. Nem aproveitou a festa.

– O que aconteceu – perguntou sua mãe.

– Nada, achei a festa chata, só isso – respondeu ele, indo dormir.   

O mesmo aconteceu quando ouviu um passarinho cantando. Queria de qualquer jeito cantar igual. E assim, sempre querendo ser como os outros, era um besouro triste. Mas, o que mais o irritava era mesmo o vaga-lume e pensava:

– Eu queria que fosse eu que tivesse aquela luz tão bonita!

A inveja que o besouro sentia era tão grande que mesmo com tantos motivos para ser feliz, ele se sentia muito infeliz.

Um dia, ficou pensando tanto nisso, que tomou uma decisão inesperada. Resolveu sair de casa. Quem sabe pudesse encontrar um lugar para morar sozinho, longe do vaga-lume e daquela sua luz que o aborrecia tanto. Não pensou na sua mãe, nem nos irmãos, nem nas coisas boas que ele tinha. Apenas foi embora, voando.

O besouro voou bastante, até ficar cansado. Queria ir bem longe mesmo. Quando ele já não aguentava mais, pousou num gramado e se sentou para descansar.

Não demorou muito, chegou uma formiga, que sorriu ao vê-lo e o cumprimentou:

– Olá, como vai? Tudo bem? Posso ajudar em alguma coisa? Você parece cansado. Eu sou pequena, mas sou bem forte – disse a formiga, sorrindo. – Eu e minhas irmãs aguentamos carregá-lo se você precisar.

– Oi! Obrigado! Mas não precisa se incomodar. Eu estou bem. Só um pouco cansado porque voei muito mais do que costumo. Parei para descansar, mas logo estarei bem.

– Ah, que bom! Então, está cansado por um bom motivo, não é? Voar deve ser incrível!

O besouro sabia que nem todos os insetos voavam, mas ele estava tão acostumado a dar atenção apenas ao que ele não tinha, que não se lembrava de valorizar essa sua capacidade especial.

O besouro ficou ali conversando com a formiga por algum tempo e a nova amiga lhe apresentou outros bichinhos que foram se aproximando. Ele conheceu a minhoca, o caracol, a joaninha e o grilo. Eles todos eram amigos e foram muito simpáticos com o besouro.

– Muito bonita sua cor. Esse preto brilhante das suas costas o deixa elegante. Parece que está de terno, vestido para uma festa! – disse o caracol.

– É mesmo! – concordaram os outros, sorrindo.

O besouro sentiu que eles falavam com sinceridade e também que não se importavam dele ser assim. Pelo contrário, pareciam mesmo gostar dele ser bonito e saber voar.

O besouro começou a pensar em como eles eram diferentes dele. Percebeu que eles eram amigos uns dos outros, que se elogiavam, se gostavam e eram felizes juntos.

“Como sou invejoso e triste. Esses bichinhos não são como eu, vivem felizes ajudando uns aos outros” – pensava o besouro. “Eu não estou com razão. Preciso tentar mudar.”

O besouro decidiu, então, voar de volta para casa, onde sua mãe, com certeza, estava preocupada, procurando por ele.

Despediu-se dos novos amiguinhos, prometendo voltar para visitá-los e pelo caminho pensava:

– Vou procurar viver mais alegre e feliz assim como sou, com tudo o que tenho. Posso me esforçar e ser um besouro forte e bonito. Não ficarei triste com a luz do vaga-lume. Vou olhar para ela e somente admirar sua beleza. Quem sabe eu consiga ser amigo dele um dia!

 

(Adaptação da história da apostila Jardim “A” de Evangelização da Editora Aliança.)


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita