Desencanto
Também, Senhor, um dia, de alma ansiosa,
Num sonho todo amor, carícia e graça,
Quis encontrar a imagem cor-de-rosa
Da ventura que canta, sonha e passa.
E perquiri a estrada erma e escabrosa,
Perenemente sob a rude ameaça
Da amargura sem termos, angustiosa,
Entre os frios do Pranto e da Desgraça,
Até que um dia a dor, violentamente,
Fez nascer no meu cérebro demente
Os anelos de morte, cinza e nada.
E no inferno simbólico do Dante,
Vim reencontrar a lágrima triunfante,
Palpitando em minh’alma estraçalhada.
Do livro Palavras
Sublimes, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.