Pedro
Richard, o Peregrino do Evangelho
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Nesta semana registrou-se mais um aniversário de
nascimento de Pedro |
Richard. Companheiro de Bezerra de Menezes, dos
irmãos Sayão, de Maia de Lacerda, Leopoldo Cirne
e outros, Pedro Richard foi um dos integrantes
do Grupo Ismael, no Rio de Janeiro. |
Primeiros tempos
Pedro Richard nasceu no dia 9 de setembro de 1853, na
cidade de Macaé (RJ), filho de Pedro Richard e D.
Felismina Richard, uma família modesta, mas de
honorabilidade a toda prova. Órfão de pai aos nove anos
de idade, tornou-se arrimo de sua mãe e de seus irmãos
menores. Tinha adoração por sua genitora, que era de
costumes austeros e de sentimentos elevados; era, aliás,
carinhoso para a família.
Quando seu pai desencarnou, estava fazendo o Curso
Primário, tendo que interromper os estudos para
trabalhar numa casa comercial. Depois foi admitido como
funcionário da Alfândega, melhorando assim seus
rendimentos. Sério, consciente de suas
responsabilidades, adquirira o hábito salutar de nada
realizar sem muita reflexão. Seguia nisso, à risca, os
conselhos do seu pai.
A família
Pedro Richard casou-se com D. Mariana Campos Richard,
natural de Angra dos Reis (RJ), e tiveram seis filhos:
Mário (desencarnado aos dois anos), Felismina, Pedro,
Mário (2º), Izaura e Marta. Em certa época D. Mariana
teve de costurar para fora, para ajudar na manutenção do
lar. Foram dias de muitas preocupações, porém não
perderam a esperança de melhores dias.
As dificuldades não os impediram de adotar uma criança
necessitada: Francisco Antônio de Carvalho, que era
parente longe de D. Mariana. Mais tarde o garoto foi
motivo de muitas alegrias. Estudioso, aplicado, entrou
para Escola Militar e se formou como Engenheiro Militar,
honrando a dedicação dos pais adotivos. Chegou ao posto
de Coronel do Exército e o que é mais importante,
tornou-se, com o falecimento de Pedro Richard, o
"patriarca" da família.
Ingresso no Espiritismo
A desencarnação do menino Mário, seu primogênito, levou
Pedro Richard ao Espiritismo. O casal não compreendia
como, diante da bondade imensurável de Deus, uma criança
pudesse sofrer tanto. Nessa ocasião, conheceu o sr.
Nascimento, médium e homem simples, do qual recebeu
noções de como age a Justiça Divina, através da
reencarnação, dando-nos oportunidade de progredir e
também quitar faltas cometidas no passado.
A vida de Pedro Richard foi de permanentes realizações.
Era capacitado, inteligente, trabalhador, ativo e
empreendedor. Fundou uma firma de construções, com
oficina de carpintaria, porém, para obter o registro de
construtor, era necessário apresentar declaração de um
engenheiro civil atestando que ele possuía capacidade
para as funções. Recorreu então a um velho amigo da
Federação Espírita Brasileira, Abel Ferreira de Mattos,
engenheiro civil de prestígio, que veio em seu auxílio.
O Peregrino do Evangelho
Médium e dedicado à tarefa espírita, Pedro Richard tinha
na prece seu maior ponto de apoio. Desenvolvendo a
mediunidade de cura, fez-se instrumento dos Espíritos
Superiores, para socorrer os sofredores.
Sua fé em Deus, Jesus e Maria não tinha limites, e sua
palavra tinha o poder de deixar na lembrança daqueles
que o ouviam o alento da fé. Era a transmissão simples
da mensagem encorajadora, com a seiva da verdade cristã.
Semeador das lições de Jesus, o fato levou Indalício
Mendes a chamá-lo de "Peregrino do Evangelho".
Pedro Richard regressou à espiritualidade no dia 25 de
outubro de 1918, no Rio de Janeiro, tendo deixado a
Terra com a consciência tranquila do dever cumprido.
Na vida espiritual
No conto intitulado “No
banquete do Evangelho”, constante do livro Novas
mensagens, obra psicografada pelo
médium Francisco Cândido Xavier, Humberto de Campos
narra um encontro ocorrido na Casa da Ismael, em maio de
1939, sob a presidência do Espírito de Pedro Richard:
Ainda no dia 31 de maio último, nos reuníamos na Casa de
Ismael, aguardando o banquete de iguarias espirituais.
Discutíamos a moção apresentada pelo Dr. Carlos
Fernandes, contrária ao Espiritismo, em nome da
Sociedade de Medicina e Cirurgia, ao Ministério da
Educação, e que reforçou a propaganda da “Hora Espírita
Radiofônica” e assegurou mais essa vitória espiritual em
nosso ambiente cultural. Comentávamos os acontecimentos
do Rio e falávamos de suas personalidades mais
eminentes, buscando, de vez em quando, uma imagem mais
forte no acervo das ciências humanas, para justificar
esse ou aquele conceito. Presidia à nossa assembleia a
figura austera e simples de Pedro Richard, entidade
amorável e amiga, em cujo coração fraterno encontramos
as melhores expressões de fraternidade, em todos os
dias. Richard não é o Espírito que trouxe do mundo a
súmula dos tratados e das enciclopédias que correm os
ambientes intoxicados do século, com as pretensões mais
descabidas. Seu coração não se contaminou com o veneno
do intelectualismo pervertido dos tempos que correm, mas
a sua sabedoria é a do poder da fé que soube devassar o
mistério da vida.
Na sequência, Humberto reproduz a fala do ilustre amigo
a respeito do tema caridade:
“Irmãos: nesta Casa, temos de compreender que toda
caridade, em seus valores mais legítimos, deve nascer do
Espírito para o Espírito. As ideias religiosas do mundo
não se esqueceram de monumentalizar as suas teorias de
abnegação e bondade. Hospitais e orfanatos, abrigos e
templos se edificaram por toda a parte; entretanto, o
homem foi esquecido para o Conhecimento e para Deus. A
caridade que veste nus e alimenta os famintos está
certa, mas não está justa, se desconhece o Evangelho no
santuário do seu coração. A obra de Ismael tem de
começar no íntimo das criaturas. Aqui, não podem
prevalecer os antagonismos do homem, no acervo de suas
anomalias. Iniciar pelo fim é caminhar para a inversão
de todos os valores da vida. A Casa de Ismael tem de
irradiar, antes de tudo, a claridade do amor e da
sabedoria espiritual, objetivando o grandioso serviço da
edificação das almas. Primeiramente, é necessário educar
o operário para os preciosos princípios e finalidades da
máquina. Iluminado o homem, estará iluminada a obra
humana. A evolução da alma para Deus se fará, então, por
si mesma, sem desvios da meta a ser alcançada. Não
haverá razão para o sacrifício de seus pregoeiros,
porque em cada coração existirá um ostiário celeste.”