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por Ricardo Orestes Forni

 

A paz de que precisamos


“Paz não é ausência de luta.” (Do livro Pensamentos que ajudam.)  


Quando Jesus foi crucificado, os apóstolos estavam todos reunidos em uma casa amedrontados com a ausência do Mestre que lhes conferia confiança e fortaleza.   

No entanto, contrastando com esse sentimento que os invadia, Jesus aparece e anuncia que a paz deveria estar com eles, segundo João, 20,31.

Como entender essa proposta se tudo acenava com desdobramentos terríveis pelo ódio que se disseminava contra o cristianismo nascente.

Lembro-me de uma história muito conhecida que vou descrever com as minhas palavras e buscando pela memória.

Em um determinado lugar muito distante, foi feito um concurso para presentear o quadro que melhor representasse a paz. Dois quadros foram finalistas. Um deles representava um lago muito tranquilo. Tão tranquilo que a superfície se assemelhava a um espelho onde tudo se refletia com fidelidade. Céu azul e sem nuvens. Sol a brilhar firme bem no alto. À primeira vista, esse seria o quadro vencedor.

Entretanto, para a surpresa de muitos, o escolhido foi uma pintura que representava uma natureza extremamente agressiva. Raios e relâmpagos a cruzarem o espaço. Vento que a tudo parecia querer destruir. Borrasca destruidora ali era representada.

Contrastando com essa violência das forças da natureza, em uma árvore cujos galhos eram fortemente agitados pelos ventos ululantes, uma avezinha permanecia tranquila em seu ninho cumprindo a função que lhe cabia pelas leis da natureza.

A calma daquela pequena ave era a representação máxima da paz interior enquanto tudo a ameaçava no mundo de fora.

Podemos fazer uma comparação quando Jesus anunciou a sua presença com a proposta de paz aos apóstolos, apesar de tudo ser extremamente preocupante em torno deles. Eram eles as pequenas aves, semelhantes àquela do quadro vencedor que anunciariam ao mundo as verdades que tinham presenciado e escutado até então.

A paz que almejamos para os dias atuais da Terra seria traduzida pelo fim da pandemia da Covid 19; o final das guerras; a ausência de irmãos nossos a morrer de fome; a extinção dos crimes e das corrupções e impunidades; a vivência do amor ao próximo.

Ah! Que doce paz desceria sobre o planeta se assim fosse, não é mesmo?

Meditemos com as lições do doutor José Carlos de Lucca em seu livro Pensamentos que ajudam, editora Interlítera, na página intitulada Paz não é inércia:         

Paz não é ausência de luta. Paz não é acovardamento perante os obstáculos. Paz não é fugir do mundo com medo de enfrentar contrariedades. Paz não é se isolar das pessoas com medo de ser ferido. Paz não é inércia, nem comodismo. Vale lembrar que Jesus veio falar de paz aos discípulos exatamente quando eles estavam atemorizados pela perseguição aos cristãos.

Essa paz do Cristo deve começar primeiramente dentro de nossos lares onde nos reencontramos para um feliz acerto com espíritos junto aos quais devemos restituir de alguma maneira o que sonegamos a eles no passado.

Evidentemente, depois, essa paz deve ser estendida como ondas de uma pedra que atingisse o centro das águas de um lago para locais mais distantes como em nosso local de trabalho, por exemplo. No trânsito onde a ausência da paz se traduz em vítimas lamentáveis. Paz aos parentes mais longínquos. Paz aos amigos, aos vizinhos. Paz aos inimigos! Sim! Àqueles que criamos num momento de vacilo provocando em nosso semelhante algum sentimento de malquerença.

Quando Jesus anunciou que não tinha vindo trazer a paz, mas a espada, essa espada precisa representar o combate contra nosso orgulho, nossa vaidade e nosso egoísmo. E se utilizarmos a espada como Ele recomendou, acabaremos por estender a paz àqueles que se sentem na posição de nossos inimigos.

Do livro mencionado anteriormente, retiramos mais alguns ensinamentos: Com Jesus, aprendemos que a paz não vem de fora, não nasce apenas quando o céu está azul, não é um empréstimo divino. A paz é uma virtude que construímos dentro de nós, sobretudo quando o céu está nublado de problemas, e seus alicerces estão na consciência tranquila por estarmos lutando contra o que nos impede de crescer e ser feliz!

Retornando à imagem do quadro vencedor do pássaro tranquilo perante a tempestade que a tudo ameaçava, resta indagarmos à nossa consciência, nesta fase atribulada na qual fomos incluídos pela nossa programação reencarnatória: Qual o quadro que existe em nosso interior?

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita