A paz de que precisamos
“Paz não é ausência de luta.” (Do
livro Pensamentos
que ajudam.)
Quando Jesus foi crucificado, os
apóstolos estavam todos reunidos em uma
casa amedrontados com a ausência do
Mestre que lhes conferia confiança e
fortaleza.
No entanto, contrastando com esse
sentimento que os invadia, Jesus aparece
e anuncia que a paz deveria estar com
eles, segundo João, 20,31.
Como entender essa proposta se tudo
acenava com desdobramentos terríveis
pelo ódio que se disseminava contra o
cristianismo nascente.
Lembro-me de uma história muito
conhecida que vou descrever com as
minhas palavras e buscando pela memória.
Em um determinado lugar muito distante,
foi feito um concurso para presentear o
quadro que melhor representasse a paz.
Dois quadros foram finalistas. Um deles
representava um lago muito tranquilo.
Tão tranquilo que a superfície se
assemelhava a um espelho onde tudo se
refletia com fidelidade. Céu azul e sem
nuvens. Sol a brilhar firme bem no alto.
À primeira vista, esse seria o quadro
vencedor.
Entretanto, para a surpresa de muitos, o
escolhido foi uma pintura que
representava uma natureza extremamente
agressiva. Raios e relâmpagos a cruzarem
o espaço. Vento que a tudo parecia
querer destruir. Borrasca destruidora
ali era representada.
Contrastando com essa violência das
forças da natureza, em uma árvore cujos
galhos eram fortemente agitados pelos
ventos ululantes, uma avezinha
permanecia tranquila em seu ninho
cumprindo a função que lhe cabia pelas
leis da natureza.
A calma daquela pequena ave era a
representação máxima da paz interior
enquanto tudo a ameaçava no mundo de
fora.
Podemos fazer uma comparação quando
Jesus anunciou a sua presença com a
proposta de paz aos apóstolos, apesar de
tudo ser extremamente preocupante em
torno deles. Eram eles as pequenas aves, semelhantes
àquela do quadro vencedor que
anunciariam ao mundo as verdades que
tinham presenciado e escutado até então.
A paz que almejamos para os dias atuais
da Terra seria traduzida pelo fim da
pandemia da Covid 19; o final das
guerras; a ausência de irmãos nossos a
morrer de fome; a extinção dos crimes e
das corrupções e impunidades; a vivência
do amor ao próximo.
Ah! Que doce paz desceria sobre o
planeta se assim fosse, não é mesmo?
Meditemos com as lições do doutor José
Carlos de Lucca em seu livro Pensamentos
que ajudam, editora Interlítera, na
página intitulada Paz não é inércia:
Paz não é ausência de luta. Paz não é
acovardamento perante os obstáculos. Paz
não é fugir do mundo com medo de
enfrentar contrariedades. Paz não é se
isolar das pessoas com medo de ser
ferido. Paz não é inércia, nem
comodismo. Vale lembrar que Jesus veio
falar de paz aos discípulos exatamente
quando eles estavam atemorizados pela
perseguição aos cristãos.
Essa paz do Cristo deve começar
primeiramente dentro de nossos lares
onde nos reencontramos para um feliz
acerto com espíritos junto aos quais
devemos restituir de alguma maneira o
que sonegamos a eles no passado.
Evidentemente, depois, essa paz deve ser
estendida como ondas de uma pedra que
atingisse o centro das águas de um lago
para locais mais distantes como em nosso
local de trabalho, por exemplo. No
trânsito onde a ausência da paz se
traduz em vítimas lamentáveis. Paz aos
parentes mais longínquos. Paz aos
amigos, aos vizinhos. Paz aos inimigos!
Sim! Àqueles que criamos num momento de
vacilo provocando em nosso semelhante
algum sentimento de malquerença.
Quando Jesus anunciou que não tinha
vindo trazer a paz, mas a espada, essa
espada precisa representar o combate
contra nosso orgulho, nossa vaidade e
nosso egoísmo. E se utilizarmos a espada
como Ele recomendou, acabaremos por
estender a paz àqueles que se sentem na
posição de nossos inimigos.
Do livro mencionado anteriormente,
retiramos mais alguns ensinamentos: Com
Jesus, aprendemos que a paz não vem de
fora, não nasce apenas quando o céu está
azul, não é um empréstimo divino. A paz
é uma virtude que construímos dentro de
nós, sobretudo quando o céu está nublado
de problemas, e seus alicerces estão na
consciência tranquila por estarmos
lutando contra o que nos impede de
crescer e ser feliz!
Retornando à imagem do quadro vencedor
do pássaro tranquilo perante a
tempestade que a tudo ameaçava, resta
indagarmos à nossa consciência, nesta
fase atribulada na qual fomos incluídos
pela nossa programação reencarnatória:
Qual o quadro que existe em nosso
interior?