Brasil
por Thiago Bernardes

Ano 16 - N° 790 - 18 de Setembro de 2022

 

 

Há 157 anos nascia a primeira sociedade espírita do Brasil


 

Ontem, dia 17, registrou-se mais um aniversário da fundação em Salvador (BA) da primeira sociedade espírita surgida
no Brasil, o Grupo Familiar do Espiritismo, criado em 17 de setembro de 1865 por Luís Olímpio Teles de Menezes (foto) e um grupo de amigos.

Composto por poucos homens, mas todos imbuídos de firme convicção e inabalável crença, o Grupo Familiar do Espiritismo foi o primeiro núcleo espírita regularmente constituído em nosso país, com a decidida e heroica missão de abrir caminho, em terras brasileiras, às verdades trazidas ao mundo pelo Consolador prometido por Jesus.

Na presidência do Grupo, Teles de Menezes distinguiu-se por seu ânimo forte, por sua cultura e elevação de sentimentos, suportando com destemor e firmeza o espírito zombeteiro dos incrédulos e dos materialistas, bem como a oposição hostil da religião dominante, o Catolicismo, que era então a religião oficial do Império.

“O dia 17 de setembro de 1865” - escreveu Teles de Menezes – “marcará uma época feliz em nossa vida, e o deverá também ser nos fastos do Espiritismo no Brasil.”

Os anos passaram e 150 anos depois, quando se comemorava o cinquentenário da fundação do Grupo Familiar do Espiritismo, ou seja, em 2015, veio à luz um importante texto escrito por Flávia Lago de Jesus Pereira.

Intitulado Modernizar as cidades, civilizar ocostumes: Repressão a espíritas e candomblecistas na Bahia republicana (1920-1940), o texto é, em verdade, uma Dissertação apresentada pela autora ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em História Social.

Nele, a autora menciona as dificuldades que existiam na segunda metade do século 19 para que surgissem no país grupos de estudos das práticas espíritas, que eram cercadas de enorme desconfiança por parte das autoridades policiais, que se empenhavam em evitar sua propagação.

“Apontadas como ameaçadoras da paz e da ordem, em diferentes lugares do país, os adeptos encontraram dificuldades para fundar grupos de divulgação dos princípios espíritas e exercício da mediunidade”, escreveu a autora da Dissertação, que registrou em seu trabalho que havia sido na Bahia, na cidade de Salvador, sob a liderança do professor e funcionário da Assembleia Legislativa da Bahia, Luís Olímpio Teles de Menezes, que surgiu o primeiro Centro Espírita do Brasil, o Grupo Familiar de Espiritismo, fundado em 17 de setembro de 1865.

Da Dissertação a que nos referimos destacamos o trecho abaixo:

 

Na Bahia, sob a liderança do jornalista Luís Olímpio Teles de Menezes, a doutrina codificada por Allan Kardec tomou proporções ainda não vistas em terras brasileiras. Uma iniciativa fundamental para a promoção do Espiritismo na sociedade baiana foi o investimento em tradução e publicação de textos doutrinários, que tornaram de conhecimento público os princípios espíritas básicos. A edição do livro Filosofia Espiritualista, por Olímpio Teles, foi um importante passo dado nesse sentido. A obra, que teve grande repercussão, era resultado da tradução da parte introdutória de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. A boa recepção do público pode ser atestada em números: após a primeira tiragem de mil exemplares em 1866, no ano seguinte, foi feita uma segunda edição.

Teles contava com o apoio dos membros do Grupo Familiar de Espiritismo, fundado pelo próprio em 1865. Foi o primeiro centro de estudos espíritas do Brasil. O empenho do jornalista baiano em divulgar a doutrina levou-o lançar, em julho de 1869, o primeiro periódico espírita - O Écho d’Além-Túmulo. Era uma publicação bimestral, distribuída em todo o território nacional e remetida para várias cidades do exterior. Apesar da curta duração, apenas dois anos, foi um marco e reafirmou a força do Espiritismo em território baiano.

Como sabemos, nos anos seguintes diversas sociedades espíritas surgiram no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, onde o movimento contou com o apoio de membros da alta sociedade carioca, o que não impediu que continuassem as perseguições oficiais contra o Espiritismo e seus ensinos.

Assim é que em 2 de agosto de 1873, sob a égide e por inspiração de Ismael, foi constituída no Rio de Janeiro a Sociedade de Estudos Espiríticos - GRUPO CONFÚCIO, a primeira fundada na capital do Império e a segunda no Brasil, nascida com o objetivo de propagar a Doutrina Espírita em todo o Império, orientando e unindo os pouquíssimos espiritistas existentes na cidade e na antiga província do Rio de Janeiro. (1)

 

(1) Sobre o assunto ora tratado, leia a matéria que publicamos em 16 de setembro de 2018 nesta revista. Para acessá-la, clique aqui


 


  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita