Suicida
Preso e liberto, em treva e luz, a simultâneo
Jogo de angústia e horror, junge-se à carne morta…
Varara a sepultura, agredindo-lhe a porta,
Estraçalhara a tiro as tênebras do crânio.
Desencarnado, enfim, mas cativo à comporta
Da consciência a esvurmar-lhe o cérebro vulcâneo,
Foge à furna e recua a terror instantâneo,
Chora e espanta-se mais, grita e se desconforta…
Suicida!… Morto e vivo, arrasta-se, tateia,
Ergue-se, treme, cai… Respira lodo e areia,
No recinto abismal, sofre a verdade crua…
E, lá fora, a esperá-lo, o caminho opulento,
O céu, a terra, o lar, a fonte, a flor, o vento…
Buscara a morte em vão… A vida continua!…
Do livro Poetas
redivivos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.