Entrevista

por Marcel Bataglia Gonçalves

O Espiritismo será o que dele os homens fizerem

Natural de Coração de Maria (BA), Altamirando Carneiro (foto) mudou-se em tenra idade para Irará (BA), onde cursou o primário na Escola Dr. Juliano Moreira; o ginasial (como era conhecido o período da 5ª a 8ª série) no Ginásio São Judas Tadeu; e o de professor primário, no Colégio Normal São Judas Tadeu. Hoje reside em São Paulo, capital paulista, desde quando iniciou seus estudos nas Faculdades Objetivo, atual UNIP, onde se formou jornalista através do curso Comunicação Social – opção jornalista.

Gentilmente, em entrevista que nos concedeu, Altamirando reforça o entendimento de que uma religião não necessita, obrigatoriamente, de rituais, sacerdotes ou altares, lembrando que esse aparato místico é decorrência do baixo nível evolutivo do homem e que o Espiritismo possui a mais alta concepção de religião.

A seguir, a entrevista:

Em que momento ocorreu seu primeiro contato com a Doutrina Espírita?

Sempre fui curioso a respeito da Doutrina Espírita, mas foi quando fazia o Curso Normal é que comecei a frequentar o Centro Espírita A Caminho da Luz, em Irará.

Houve algum acontecimento especial que propiciou sua integração no trabalho espírita?

Tive, em Irará, uma professora - Denise Valverde de Carvalho, que me convidou para ir ao Centro Espírita A Caminho da Luz, onde começou, efetivamente, minha caminhada dentro da Doutrina Espírita.

Qual a reação de sua família ante sua adesão à Doutrina?

A melhor possível. Família de maioria católica, sendo que o meu pai tinha simpatia pela Doutrina Espírita.

Dos três aspectos do Espiritismo - científico, filosófico e religioso -, qual é o que mais o atrai?

Os três aspectos me agradam e me atraem, pois são todos importantes para a compreensão geral do estudioso da Doutrina Espírita.

Que livros espíritas que tenha lido você considera indispensáveis aos irmãos que estão iniciando sua jornada?

Para quem inicia a sua jornada dentro da Doutrina Espírita, é imprescindível, de início, a leitura e estudo das obras básicas da Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, o Céu e o Inferno e A Gênese. É importante o conhecimento e o estudo dessas obras, para se conhecer, realmente, a Doutrina Espírita, intercalando-se com outros livros de igual importância, que, naturalmente, à medida que for intensificando a leitura, o iniciante vai selecionando, segundo a sua sede de saber. Importantíssima a leitura e estudo da Revista Espírita, que foi editada na França por Alan Kardec.

As divergências doutrinárias em nosso meio reduzem-se a poucos assuntos. Um deles diz respeito ao Espiritismo laico. Para você o Espiritismo é religião?

Destaco, neste sentido, o trecho do livro Kardec, Irmãs Fox e Outros, de Jorge Rizzini, edição e distribuição da EME Editora, Capivari (SP), capítulo: Religião Espírita (e a Falange da Verdade):
"... abro o livro 'Obras Póstumas', de Allan Kardec (editora Edicel, pág. 13) e leio este título: "Caráter e Consequências Religiosas das Manifestações Espíritas"... E Kardec observa no item 3 desse mesmo capítulo que: 
'Todas as religiões têm por base a existência de Deus e por meta o destino do homem depois da morte.'
Ora, outra base não tem o Espiritismo, senão essa. É preciso compreender que uma religião não necessita, obrigatoriamente, de rituais, sacerdotes, altares etc. Esse aparato místico é decorrência do baixo nível evolutivo do homem. O Espiritismo possui a mais alta concepção de religião. É religião em Espírito e Verdade. E, por isso mesmo, não é 'mais uma' religião, e, sim, A RELIGIÃO'".

Como você vê a discussão em torno do aborto?

Discussões em torno das quais as opiniões materialistas tentam sobressair, mas que, no final, prevalecerá, para o Brasil, a lógica - médica e cristã - e, por conseguinte, da verdade espírita, de que a vida começa no momento da concepção. Logo, o aborto é um crime que, como tantos outros, deve ser evitado.

O movimento espírita em nosso País lhe agrada ou falta algo nele que favoreça uma melhor divulgação da Doutrina Espírita?

Com o progresso da internet e das mídias sociais, há um sensível progresso nessa divulgação.

A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de provas e expiações, passando plenamente à condição de um mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais?

Estarmos totalmente vivendo num mundo de regeneração é uma situação para daqui a muitos anos. Para além dos nossos filhos, netos, bisnetos... etc.

Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no Brasil e no mundo?

O Espiritismo será o que dele os homens fizerem.  É prioridade a divulgação da Doutrina Espírita tal como Allan Kardec nos apresentou, esclarecendo a sociedade quanto ao verdadeiro sentido da vida, muitas vezes deturpado por concepções errôneas, que levam o homem a atitudes que não condizem com seu destino na Terra.

A pandemia que o mundo enfrentou desde o início de 2020 alterou drasticamente o funcionamento das Casas Espíritas e inspirou a ampliação de muitas atividades on-line. Como você vê o retorno da Casa Espírita e seu funcionamento a partir do momento em que a Covid esteja inteiramente superada?

Será um retorno de muita reflexão e discernimento, tendo em vista o aprendizado deixado pelos reflexos da pandemia. Um momento de grande aprendizado sobre as lições vividas e de esclarecimento do verdadeiro papel da doença e de esclarecimento, também, no sentido de que ela veio não como um castigo divino, mas, como aconteceu em epidemias anteriores, de algo decorrente do procedimento do homem, durante a sua jornada terrena. Aos espíritas, os verdadeiros trabalhadores da última hora, cabe a explicação do verdadeiro significado de todas as facetas que a vida nos oferece e a maneira como devemos agir, para a nossa evolução.


 

 

     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita