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Chico Xavier e a
infeliz reportagem publicada
pela
Superinteressante |
Há 12 anos e meio – abril de 2010 – a revista Superinteressante surpreendeu
a todos nós e, em especial, aos seus leitores com uma
matéria que Richard Simonetti, em carta enviada à
direção da revista, classificou como uma “infeliz
reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e
tendenciosa”, com o claro objetivo de “denegrir e
desvalorizar o trabalho do grande médium”.
No site Gibanet.com, do qual é idealizador e
administrador, o jornalista Gilberto
Vieira de Sousa postou no dia 3 de maio de 2010, com o
título “A
Falta de Respeito da Revista Superinteressante”, o texto
abaixo:
“A revista Superinteressante em sua edição de
abril de 2010 traz em sua matéria de capa uma reportagem
sobre Chico Xavier, onde a jornalista Gisela Blanco traz
um bocado de inverdades sobre a vida e obra de Francisco
Candido Xavier e sobre as condutas do espiritismo.
Sem conhecimento de
causa e com uma condução visivelmente tendenciosa, a
jornalista traz nas páginas da revista um texto
lamentável e, o que é pior, ainda temos o complemento do
editorial, assinado por Sérgio Gwercman, Diretor de
redação da revista, onde ele tenta separar os
significados de respeito e de reverência, como se a
reverência não fosse um sinal de respeito.
Também é dito na matéria
que Chico Xavier foi um mártir do espiritismo, mas
mártir é aquele que morre por uma causa, o que não foi o
caso de Chico; ele viveu o espiritismo e isso é bem
diferente. Ele influenciou, ele serviu de exemplo, ele
foi o portador de uma inigualável manifestação de
determinação, trabalho e bondade indiscutível.
Espero sinceramente que
pese sobre a referida redação e a citada repórter as
consequências cabidas pelos relatos e comentários
irresponsáveis vindo de uma publicação que se diz séria
e imparcial.” (Para mais informações, clique
aqui.)
Em seguida, no mesmo espaço, o jornalista reproduziu
três manifestações a respeito da reportagem, todas elas
repudiando o texto veiculado pela revista Superinteressante.
A primeira delas, de autoria do espírita Mário Correia;
a segunda, do autor espírita Richard Simonetti, que teve
uma de suas publicações mencionada na matéria, em que o
livro de reflexão espírita “Rindo e Refletindo com Chico
Xavier” é citado como sendo um livro de piadas; e a
terceira, do analista de sistemas, escritor e
profissional de rádio e televisão Alamar Régis Carvalho.
Richard Simonetti e Alamar Régis Carvalho, como sabemos,
já não se encontram fisicamente entre nós.
Outros divulgadores espíritas, e não apenas os citados,
enviaram cartas à direção da Superinteressante.
Um deles foi o jornalista e escritor Davilson Silva, de
São Paulo (SP). Para ler a carta enviada por Davilson
Silva à revista, clique
neste link
O que Simonetti escreveu sobre o assunto
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A crítica mais contundente foi, porém, a feita
por Richard Simonetti, e ela resume o que
pensamos sobre o infeliz episódio.
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Assinante por muitos anos da citada revista,
Richard Simonetti assim se dirigiu ao seu
diretor de redação: |
Senhor Sérgio Gwercman
Diretor de redação da
revista Superinteressante
Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a
encarei como publicação séria, fonte de informações a
oferecer subsídios para meu trabalho como escritor
espírita, autor de 49 livros publicados.
Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de
abril, infeliz reportagem sobre Francisco Cândido
Xavier, pretensiosa e tendenciosa, objetivando, nas
entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do
grande médium.
Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua
assinatura, em que V. Sa. pretende distinguir respeito
de reverência, como se reverência não fosse o respeito
profundo por alguém, em face de seus méritos.
Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por
adesão de uma fé cega, mas pela constatação racional,
lúcida, lógica, de que estamos diante de uma
personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade
do que mil edições de Superinteressante, uma
revista situada como defensora do bom jornalismo, mas
que fez aqui o que de pior existe na mídia – a
apreciação superficial e tendenciosa a respeito de
alguém ou de uma notícia, com todo respeito, como
pretende seu editorial, como se fosse possível conciliar
o certo com o errado, o boato com a realidade, o
achincalhe com o respeito.
Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores
dessa revista que em momento algum aprofundaram o
assunto e nem mesmo se deram ao trabalho de ler os
principais livros psicografados pelo médium, sempre com
abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno
Chico Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão
e – quem sabe? – um cuidado maior em futuras
reportagens.
De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa
história começou com as cartas dos mortos?”
Se as eliminarmos, em nada se perderá a grandeza de
Chico Xavier. A história começa bem antes disso, com a
publicação, em 1932, do livro Parnaso de Além-Túmulo,
quando o médium tinha apenas 22 anos.
A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os
espíritos a quem atenderia, só via fantasmas e ouvia
vozes. Mas parecia ser o escolhido por celebridades do
céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos e
Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”
Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de
copiar estilo literário. O repórter não se deu ao
trabalho de observar que no próprio Parnaso há,
nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos
conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo
Nora, Alma Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz
Pistarini, Valado Rosa… Poetas do Brasil e de Portugal
que se identificam pelo seu estilo, em poesias
personalíssimas enriquecidas por valores de
espiritualidade.
Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico
psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados,
ao longo de seus 75 anos de apostolado, na maior parte
poetas provincianos, conhecidos apenas nas cidades onde
residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam
que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo
dos autores”. São totalmente fiéis.
Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a
imitação de estilo literário, é extremamente difícil,
quase impossível. Pastichadores conseguem imitar uma
página, uma poesia de alguém, jamais toda uma obra ou as
obras de centenas de autores.
Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante
toda a vida, sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz?
Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia
pode falar uma bobagem dessa natureza, já que Chico
passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas,
psicografando, participando de reuniões e atendendo à
atividade profissional. Não conheço um único
documentário, uma única foto mostrando Chico lendo
“vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico certamente
escondia isso.
Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca
e que “a lista inclui volumes de autores cujo espírito o
teria procurado para escrever suas obras póstumas, como
Castro Alves e Humberto de Campos”.
E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram
por seu intermédio. Chico tinha livros deles? E de
poetas que sequer publicaram livros?
Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber
na justiça os direitos autorais pelas obras
psicografadas por Chico, o que seria ótimo acontecer, o
reconhecimento oficial da manifestação dos Espíritos,
esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco,
o mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu
uma mensagem do escritor, de quem era amigo. Reconheceu
que o estilo era autenticamente de Humberto de Campos,
mas que o fato para ele não tinha explicação, já que,
como católico praticante, não admitia a possibilidade de
manifestação dos espíritos.
Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo
mecânico, recebia duas mensagens simultaneamente, com
ambas as mãos sendo usadas por dois espíritos. Desafio Superinteressante a
encontrar um prestidigitador capaz de fazer algo
semelhante.
Uma pérola de ignorância jornalística está na referência
sobre materialização de Espíritos: “seria necessário
produzir um total de energia duas vezes maior do que é
hoje produzido pela hidroelétrica de Itaipu por ano,
segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos
por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria
superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de
Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord
Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto
Bozzano, Cesare Lombroso, Alexei Aksakof e muitos outros
cientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da
materialização e o admitiram. Leia, também, sobre quem
eram esses cientistas, para constatar que não agiam
levianamente, como está na revista.
A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais
Chico participava como shows que o tornaram famoso e
destila seu veneno. Cita o sobrinho de Chico que,
dizendo-se médium, confessou que era tudo de sua cabeça,
o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa
informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico,
notoriamente perturbado e alcoólatra, pediu desculpas
pela sua mentira? Joga penas ao vento e espera que o
leitor as recolha? Omitiu também a informação de que ele
confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium
pagaram-lhe pela acusação.
Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos
como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que,
deveria saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns
de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a colher
informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se
a dizer que em 1971 um repórter da revista Realidade,
José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos
assessores de Chico Xavier levantar o paletó
discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia
mistificação, aliás, uma tônica na reportagem. Por que
não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas
que tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de
perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar
também um olor suave e desconhecido que perdurava por
muitos dias?
Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de
Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a
repórter que assessores de Chico conversavam com as
pessoas, anotando informações para dar-lhes
autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso
acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler
rapidamente as informações e inseri-las no contexto de
cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre.
E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os
recados aos presentes? Não eram só mensagens. Eram
incontáveis recados. A pessoa aproximava-se de Chico e
ele, sem conhecer nada de sua vida, transmitia recados
de familiares desencarnados, na condição de um ser
interexistente, que vivia simultaneamente a vida física
e a espiritual, em contato permanente com os Espíritos.
Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um
filho. Ia toda noite deitar-se na sepultura do rapaz,
querendo “ficar com ele”. Não contava a ninguém, nem
mesmo aos familiares. Em Uberaba recebeu mensagem do
filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele
não estava lá.
Durante muitos anos Chico psicografou receituário
mediúnico de homeopatia. Perto de 700 receitas numa
noite. Ficava horas psicografando. E os medicamentos
correspondiam à natureza do mal dos pacientes, sem que o
médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na década de
70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião
de receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de
papel. Não conversei com ninguém. Após a reunião recebi
a indicação de dois medicamentos. Tornando a Bauru, onde
resido, verifiquei num livro de homeopatia que o dois
medicamentos diziam respeito ao meu mal. Curaram-me.
Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há
mais coisas entre a Terra e o Céu do que concebe nossa
vã sabedoria, e não se atreveria a escrever sobre
assuntos que desconhece, com o atrevimento da
ignorância.
Outras “pérolas” da reportagem:
Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico
Xavier:
Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.
Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar
alheamento, sensação de ausência, automatismo
psicomotor”, segundo a opinião de um médico. Descreve
algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a
ver com desajuste mental, ou imagina-se que o contato
com o Espírito comunicante não imponha uma alteração nos
circuitos cerebrais, até para que ocorra a manifestação?
E porventura o médico consultado sabe de algum paciente
que produza textos mediúnicos durante a crise epilética?
Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no
subconsciente do médium, ao ouvir informações sobre o
morto. Inconscientemente ele “arranjaria” essas
informações para forjar a “manifestação”.
Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça
dos consulentes e as fantasiaria como manifestação do
morto. Como dizia Carlos Imbassahy, grande escritor
espírita, inconsciente velhaco, porquanto sempre sugere
que é um morto quem se manifesta, não ele próprio.
Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro
Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as
malas e partir para Uberaba, um polo do Espiritismo onde
contaria com um apoio de amigos”.
Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos
amigos, não por estar “acuado”, mas simplesmente
seguindo uma orientação do Mundo Espiritual, em face de
tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então sim, com
sua presença transformou-se em “polo do Espiritismo”.
Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na
TV Tupi, um marco na história das entrevistas
televisivas, com uma quase totalidade de audiência, diz
a repórter que Chico foi “bombardeado por perguntas. Mas
se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa
entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador?
Se a repórter se desse ao trabalho de ver a entrevista
toda, o que lhe faria muito bem, verificaria que o clima
foi de cordialidade, de elevada espiritualidade, e que
em nenhum momento os entrevistadores “bombardearam”
Chico. E em nenhum momento ele deixou de responder às
perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali
para safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.
Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre
“Dieta do Chico Xavier”, que jamais seria veiculada por
Chico. Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades
sobre o médium, simplesmente para denegrir sua imagem,
aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de conceber
semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que Superinteressante recomenda
o uso de cocô de galinha para deter a queda de cabelos,
seria razoável que alguma revista concorrente citasse
essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem
verificação prévia?
Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a
repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e
Refletindo com Chico Xavier”. Certamente não leu o
livro, porquanto não conhece nem o autor, eu mesmo,
Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro
de piadas, mas um livro de reflexão em torno de
ensinamentos bem-humorados do médium.
Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão
contra a figura respeitável e venerável de Chico Xavier,
eu diria que essa reportagem, ela sim, senhor redator,
foi uma piada de péssimo gosto!
Doravante porei “de molho” as informações dessa revista,
sem o crédito que lhe concedia.
A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e
Uberaba com o propósito de situar Chico Xavier como
figura mitológica. É uma pena! Não teve a sensibilidade
nem o discernimento para descobrir o médium Chico
Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e
bem-estar dos homens foi tão marcante que, a exemplo do
que disse Einstein sobre Mahatma Gandhi, “as gerações
futuras terão dificuldade para conceber que um homem
assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”
E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um
mártir, conforme sugere. Não morreu pelo Espiritismo.
Viveu como espírita. E se algo se aproxima de um
martírio em seu apostolado, certamente foi o de suportar
tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada
reportagem.
Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores
da Super:
O dedo aponta a lua.
O sábio olha a lua.
O tolo olha o dedo.
Richard Simonetti
Bauru, 3 de abril de 2010.
“Chico para Sempre”, novo filme sobre o médium
Como último registro, lembramos que a publicação da
revista Superinteressante ocorreu na mesma época
do lançamento do filme Chico Xavier,
longa-metragem dirigido por Daniel Filho, com roteiro de
Marcos Bernstein baseado no livro As Vidas de Chico
Xavier, de Marcel Souto Maior, cuja estreia se deu
no dia 2 de abril de 2010.
O filme, como sabemos, tornou-se uma das maiores
bilheterias do cinema nacional, alcançando um público de
3,4 milhões de espectadores.
No ano seguinte, ele foi exibido em forma de minissérie
pela TV Globo, em 4 capítulos, entre 25 de janeiro e 28
de janeiro de 2011.
Daqui a 4 dias - no dia 13 de outubro - chega aos
cinemas um novo filme sobre o saudoso médium: Chico
para Sempre, dirigido por Wagner de Assis, com
participação do jornalista Marcel Souto Maior. Para mais
informações sobre o filme, clique
aqui