Elucidações de Emmanuel

por Francisco Cândido Xavier

  

Pais difíceis


TEMA: Pais humanos em divergência conosco.


Nem sempre surgem como sendo personalidades adequadas aos nossos desejos aqueles que a vida nos oferece por pais na estância física.

Seriam eles maus ou diferentes, porque não nos entendam, de pronto, os ideais? Numa interrogativa dessa natureza, toda vez que estivermos na posição de filhos, é possível devamos formular semelhante questão ao inverso.

Habitualmente, julgamos nossos pais humanos, quando a razão começa a amadurecer no galho florido de nossos primeiros sonhos da mocidade. Sobretudo, pretendemos medir-lhes as supostas deficiências, depois de passados mais de vinte ou trinta anos sobre os dias semiconscientes de nossa infância. Se não concordam com as nossas opiniões, frequentemente apontamo-los por Espíritos passadistas ou intolerantes. Nessa conceituação apressada, porém, esquecemo-nos de que eles carregam na alma as cicatrizes profundas dos golpes que receberam no caminho da experiência, quantas vezes por nossa causa, e, por isso mesmo, nem sempre lhes será possível colocar os ouvidos ao nível em que se nos situa a palavra.

Fácil considerá-los desorientados, quando não estejam de acordo com os preceitos que aceitamos como sendo os mais justos; entretanto, a distância enorme de tempo que existe entre a hora de nossa análise e a hora do berço não nos permite saber quantos problemas e quanto fel amargaram, até que adotassem padrões individuais de conduta, diversos daqueles consagrados para a vida na Terra.

Muito simples categorizá-los à conta de intransigentes, quando nos reprovam os pontos de vista; contudo, raramente estamos nas condições precisas para avaliar as crises que suportaram, a fim de que tentações e desequilíbrios não arrasassem o lar que nos serve de apoio e ninho.

Se te encontras à frente de pais magoados ou sofredores, recorda um homem generoso que largou as conveniências da própria liberdade, para colocar uma família nos ombros, e lembra-te de certa mulher, jovem e bela, que olvidou a si mesma e renunciou à própria vida, padecendo na carne e na alma, para que pudesses viver!…

Considera que eles se reuniram, obedecendo aos desígnios de Deus, a fim de que viesses ao mundo, e se não puderam ser felizes como esperavam ou se as provações da existência os tornaram assim, quando estiveres a ponto de censurá-los, pensa na alegria e no amor com que eles dois rogaram a Deus te abençoasse, quando nasceste, e, em silêncio, pede também a Deus que os abençoe.


Do livro 
Encontro marcadoobra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita