Pais difíceis
TEMA: Pais humanos em divergência conosco.
Nem sempre surgem como sendo personalidades adequadas
aos nossos desejos aqueles que a vida nos oferece por
pais na estância física.
Seriam eles maus ou diferentes, porque não nos entendam,
de pronto, os ideais? Numa interrogativa dessa natureza,
toda vez que estivermos na posição de filhos, é possível
devamos formular semelhante questão ao inverso.
Habitualmente, julgamos nossos pais humanos, quando a
razão começa a amadurecer no galho florido de nossos
primeiros sonhos da mocidade. Sobretudo, pretendemos
medir-lhes as supostas deficiências, depois de passados
mais de vinte ou trinta anos sobre os dias
semiconscientes de nossa infância. Se não concordam com
as nossas opiniões, frequentemente apontamo-los por
Espíritos passadistas ou intolerantes. Nessa
conceituação apressada, porém, esquecemo-nos de que eles
carregam na alma as cicatrizes profundas dos golpes que
receberam no caminho da experiência, quantas vezes por
nossa causa, e, por isso mesmo, nem sempre lhes será
possível colocar os ouvidos ao nível em que se nos situa
a palavra.
Fácil considerá-los desorientados, quando não estejam de
acordo com os preceitos que aceitamos como sendo os mais
justos; entretanto, a distância enorme de tempo que
existe entre a hora de nossa análise e a hora do berço
não nos permite saber quantos problemas e quanto fel
amargaram, até que adotassem padrões individuais de
conduta, diversos daqueles consagrados para a vida na
Terra.
Muito simples categorizá-los à conta de intransigentes,
quando nos reprovam os pontos de vista; contudo,
raramente estamos nas condições precisas para avaliar as
crises que suportaram, a fim de que tentações e
desequilíbrios não arrasassem o lar que nos serve de
apoio e ninho.
Se te encontras à frente de pais magoados ou sofredores,
recorda um homem generoso que largou as conveniências da
própria liberdade, para colocar uma família nos ombros,
e lembra-te de certa mulher, jovem e bela, que olvidou a
si mesma e renunciou à própria vida, padecendo na carne
e na alma, para que pudesses viver!…
Considera que eles se reuniram, obedecendo aos desígnios
de Deus, a fim de que viesses ao mundo, e se não puderam
ser felizes como esperavam ou se as provações da
existência os tornaram assim, quando estiveres a ponto
de censurá-los, pensa na alegria e no amor com que eles
dois rogaram a Deus te abençoasse, quando nasceste, e,
em silêncio, pede também a Deus que os abençoe.
Do livro Encontro
marcado, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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