De: Domingos Antero da Silva (Limeira, SP)
Terça-feira, 18 de outubro de 2022 às 18:57:03
Assunto: Explicação de certas passagens do Evangelho
Há algumas passagens do Evangelho que parecem se contradizer quanto a agirmos, forma de agirmos e simplesmente deixarmos que o joio cresça em meio ao trigo e fiquemos esperando para vermos quem vencerá no final (em se tratando da vida física):
a) Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?". Jesus respondeu: "Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete”.
1 - O inimigo ou alguém da sociedade pratica o mal, destrói a sociedade, destrói os sonhos das outras pessoas e devemos continuar permitindo que isto aconteça? Ficamos esperando pela justiça, que é conivente com todos os males praticados e devemos continuar deixando que o mal cresça e domine toda a sociedade?
b) Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa (Mateus 5:39,40).
2 - Este ensinamento pode impedir que uma pessoa seja morta ao tentar recuperar um celular roubado, mas não acabará com os ladrões de celulares. Não impedirá vermos a nação sendo assaltada por anos a fio e pessoas morrendo sem saúde e sem ter onde morar e o que comer. Já ouvi dizer que os que fazem o mal pagarão na espiritualidade na Transição Planetária. Haverá esta transição com o mal crescendo impune e vertiginosamente na Terra? É perdoando que se é perdoado? Atualmente o que mais vemos é o crescimento do mal e não regeneração daquele que é perdoado. Perdoar sim, mas agir para cortar o mal pela raiz. O mal realmente será vencido antes que o joio destrua todo o trigo?
Domingos Antero da Silva
Resposta do Editor:
Não podemos tomar ao pé da letra determinadas passagens ou mensagens anotadas pelos evangelistas, como a que foi registrada por Mateus no cap. 5, itens 38 a 42, mencionada pelo leitor, a quem sugerimos que leia os comentários feitos por Allan Kardec no cap. XII, itens 7 a 8, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, do qual reproduzimos o trecho abaixo:
Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar "ponto de honra" produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Por isso é que a lei mosaica prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia.
Veio o Cristo e disse: Retribuí o mal com o bem. E disse ainda: "Não resistais ao mal que vos queiram fazer; se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.”
Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente.
Dever-se-á, entretanto, tomar ao pé da letra aquele preceito? Tampouco quanto o outro que manda se arranque o olho quando for causa de escândalo. Levado o ensino às suas últimas consequências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se não se pusesse um freio às agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino.
Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interditar toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. E, ao mesmo tempo, a condenação do duelo, que não passa de uma manifestação de orgulho.
Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o repetirmos incessantemente: Lançai para diante o olhar; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, item 8) [Negritamos]
Note o estimado leitor que, segundo o entendimento espírita, o mal deve e pode, sim, ser reprimido e que a defesa ante a agressão não deve ser interditada, mas é necessário estancar em nós todo e qualquer desejo de vingança, convictos que somos de que, em face da justiça divina, nenhum mal fica impune. A orientação de Jesus quanto à importância do perdão insere-se nessa mesma ordem de pensamentos. O perdão que concedemos a um criminoso não o livrará das penas a que estará sujeito conforme a lei dos homens ou a lei de Deus.
Concluindo, lembramos aqui, por oportuno, um pensamento que Divaldo Franco costuma repetir em suas palestras: “O mal que nos faz mal não é o mal que nos fazem, mas o mal que nós fazemos”. |
De: Salatier Buzetti (Ilha Solteira, SP)
Terça-feira, 18 de outubro de 2022 às 16:51:46
Quando a Terra for sugada pelo Sol, a matéria da Terra se tornará fluido cósmico universal ou continuará como elementos químicos, como consta na nossa tabela periódica?
Salatier Buzetti
Resposta do Editor:
A renovação dos mundos é tratada, sem as minúcias que gostaríamos de conhecer, em duas obras de Allan Kardec – O Livro dos Espíritos e A Gênese.
Kardec indagou aos instrutores espirituais: Pode um mundo completamente formado desaparecer e disseminar-se de novo no Espaço a matéria que o compõe?
Os imortais responderam: “Sim, Deus renova os mundos, como renova os seres vivos.” (O Livro dos Espíritos, questão 41)
No cap. VI de A Gênese, itens 48 a 50, lemos que as mesmas leis que presidem à formação dos astros aplicam-se à desagregação de seus elementos constitutivos, a fim de os restituir ao laboratório onde a potência criadora haure incessantemente as condições da estabilidade geral. Esses elementos vão retornar à massa comum do éter, para se assimilarem a outros corpos ou para regenerarem outros sóis.
Ignoramos se existe na literatura espírita algo mais que possa complementar a informação acima. |