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por Eder Andrade

 

O poder da fé raciocinada


Na história da cristandade, podemos destacar muitos acontecimentos que a falta de informação e crendice popular contribuíram de maneira acirrada, para uma visão distorcida da fé. Os homens aprenderam a temer a Deus e não a amá-lo.

Infelizmente na disputa pelo controle político e econômico das nações, tanto reis, príncipes, assim como membros do alto clero, acabam se favorecendo da ignorância da população e do desconhecimento da verdade.

Essa situação leva a classe dominante, que tinha um controle sobre as informações e a educação, a estabelecer parâmetros para as verdades que deveriam ser difundidas entre a população. Isso gerou uma fé cega nas palavras dos governantes, que segundo a tradição, eram escolhidos por Deus para conduzir e guiar os povos na Terra. Autoridades essas que todos deveriam obediência.

No livro psicografado por Chico Xavier e ditado por Emmanuel, A Caminho da Luz 1 abordou os desmandos dos homens que estavam na administração da Igreja, assim como os acordos entre o Papa e os Reis na organização das cruzadas no início da Baixa Idade Média.

Essas campanhas militares estenderam-se de 1095 até 1291, e pretendiam recuperar Jerusalém e seus arredores do domínio islâmico. Um empreendimento que foi extremamente lucrativo para as cidades italianas.

Todo conhecimento difundido pelos emissários do Cristo acabou se perdendo ao longo do tempo, pois os valores materiais acabaram se sobrepondo aos valores espirituais, como ainda acontece nos dias de hoje.

As grandes revelações oferecidas segundo a Doutrina Espírita ao longo da história, foram três. A primeira veio por Moisés com os dez mandamentos, a segunda com o Cristo, com a Boa Nova e a terceira, pelo Espírito da Verdade com o Espiritismo.

Essas revelações são ensinamentos que procuram moralizar e espiritualizar os homens, para se melhorar e evoluir, corrigindo uma cultura e uma crença distorcida em valores de certo ou errado, que foram ensinados e infelizmente mal utilizados pelos governantes.

Uma das formas de resgatar esses valores é recordar passagens que exortam os homens à prática do bem e da caridade para com o próximo. Podemos destacar Paulo de Tarso quando disse:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria”. (Paulo de Tarso; 1 coríntios 13: 1-2)

A posse dos bens materiais, assim como usufruir dos prazeres do mundo, não poderiam se sobrepor aos valores do Evangelho que o Cristo trouxe para a humanidade, mas para isso surtir o efeito que os benfeitores espirituais esperavam, era necessária uma inciativa de reeducação dos sentimentos e das ações dos homens, apesar desse movimento ser tão antigo e paralelo quanto a Boa Nova.

Poderão até dizer: “Tu tens a fé, mas eu tenho as obras. Mostra-me então a tua fé sem as obras. Porque eu dou-te a prova da minha fé através das minhas boas obras!” (Tiago 2:18)

O que nos chama a atenção é que na época em que o Cristo procurou despertar nos homens um sentimento de amor pelos semelhantes, algumas pessoas tinham dificuldade de entender que perante Deus, todos somos iguais e não basta apenas ter fé, era necessário dar um testemunho de boas ações, principalmente no que diz respeito à prática da caridade e ajuda aos necessitados.

Quando Jesus explicou que para alcançar a salvação era necessário inicialmente colocar em prática os dois primeiros ensinamentos da lei mosaica, que são: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, procurou dar uma demonstração da simplicidade na prática do amor.

A orientação para deixar de acreditar nas nossas crenças ultrapassadas é tão antiga quanto a própria Boa Nova, porém cabe a cada um de nós, de posse do bom senso, fazer o que está ao nosso alcance, buscando o esclarecimento e não aceitando uma cultura cheia de dogmas e ritualismos.

As revelações espirituais obtidas pelo Espiritismo nos possibilitam reavaliar nossa cultura, assim como nossas crenças e valores, do que aprendemos e aceitamos como certo e errado. Dessa forma deixamos de ter uma mera aceitação da verdade, para tentar de maneira inteligente, usando nossa sensibilidade, perceber o que aprendemos pela conveniência do momento ou pela imposição de um modelo político, econômico e religioso.

Muitos pensadores se desligaram da mentalidade de uma época, principalmente no início da Idade Moderna. Como ocorreu com Galileu Galilei que foi condenado por heresia, ao afirmar juntamente com Giordano Bruno e Johannes Kepler, astrônomos, que a Terra não ficava no centro do Universo, era apenas mais um planeta que girava em torno do Sol, rompendo com a teoria Geocêntrica e afirmando o heliocentrismo.

 

Referências:

1)  Xavier, Francisco Cândido; A Caminho da Luz; Pelo Espírito de Emmanuel. FEB. 

2)  Kardec, Allan; O Evangelho segundo o Espiritismo; FEB.

 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita