E nós que deixamos tudo e te seguimos,
que receberemos?
A pergunta de Pedro a Jesus no Evangelho de Mateus (19:
27) – “e nós que deixamos tudo e te seguimos, que
receberemos?” – traz valiosos ensinamentos e
reflexões a todos os cristãos, posto que, até hoje,
fazemos a mesma indagação.
Como seres imperfeitos, pelos condicionamentos e padrões
do mundo, estamos acostumados a desejar algo material e
transitório em troca dos benefícios concedidos a alguém
ou a realizar algo mediante alguma retribuição,
recompensa, gratificação, interesse ou mesmo um
reconhecimento ostensivo. Seria: o que vou ganhar com
isso?
Os que têm dúvidas sobre o que receberão por seguir
Jesus, quase sempre, perdem a oportunidade abençoada de
servir ao seu próximo e de praticar ações edificantes na
vida, pois, antes, querem saber quais serão as
retribuições decorrentes da decisão tomada.
Entretanto, o Divino Mestre desvincula o trabalho
espiritual de qualquer recompensa, seja financeira ou de
outra espécie, porquanto o seguidor do Cristo receberá a
recompensa celestial proporcional ao valor de sua obra
no processo evolutivo na busca da perfeição em
pluralidade de existências.
O Espírito Emmanuel, em “A retribuição”, no livro “Fonte
viva”, no Capítulo 22, na psicografia de Francisco
Cândido Xavier, nos esclarece a respeito dessa passagem:
“A pergunta do Apóstolo exprime a atitude de muitos
corações nos templos religiosos.
Consagra-se o homem a determinado círculo de fé e clama,
de imediato: Que receberei?
A resposta, porém, se derrama silenciosa, através da
própria vida.
Que recebe o grão maduro, após a colheita?
O triturador que o ajuda a purificar-se.
Que prêmio se reserva à farinha alva e nobre?
O fermento que a transforma para a utilidade geral.
Que privilégio caracteriza o pão, depois do forno?
A graça de servir.
Não se formam cristãos para adornos vivos do mundo, e
sim para a ação regeneradora e santificante da
existência.
Outrora, os servidores da realeza humana recebiam o
espólio dos vencidos e, com eles, se rodeavam de
gratificações de natureza física, com as quais
abreviavam a própria morte.
Em Cristo, contudo, o quadro é diverso.
Vencemos, em companhia dele, para nos fazermos irmãos de
quantos nos partilham a experiência, guardando a
obrigação de ampará-los e ser-lhes úteis.
Simão Pedro, que desejou saber qual lhe seria a
recompensa pela adesão à Boa-Nova, viu, de perto, a
necessidade da renúncia. Quanto mais se lhe acendrou a
fé, maiores testemunhos de amor à Humanidade lhe foram
requeridos. Quanto mais conhecimento adquiriu, à mais
ampla caridade foi constrangido, até o sacrifício
extremo.
Se deixaste, pois, por devoção a Jesus, os laços que te
prendiam às zonas inferiores da vida, recorda que, por
felicidade tua, recebeste do Céu a honra de ajudar, a
prerrogativa de entender e a glória de servir.” (Emmanuel.
Fonte viva. Capítulo 22)
Assim, Emmanuel nos conduz para as retribuições
celestiais de purificação, utilidade e serviço, em que
não devemos ser meros adornos, mas sim seres praticantes
de ações regeneradoras e santificantes, amparando e
sendo úteis aos nossos irmãos de jornada.
Para tanto, devemos
renunciar a nós mesmos, sermos testemunhas de amor à
Humanidade e praticar a caridade até o sacrifício
extremo. Fruto de nossas conquistas, “receberemos
do Céu a honra de ajudar, a prerrogativa de entender e a
glória de servir”.
Jesus disse: “Aquele que quiser tornar-se o maior,
seja vosso servo; e aquele que quiser ser o primeiro
entre vós seja vosso escravo; do mesmo modo que o Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a vida pela redenção de muitos.” (Mateus, 20:
26-28)
O Cristo ensina que os critérios de grandeza do Reino
são diferentes da Terra, em que servir é mais importante
do que ser servido. Ensina a importância da servidão, em
que o maior será como o menor, que está a servir.
Principalmente estar a serviço de Deus.
Por conseguinte, é imprescindível que cada um se
movimente no serviço edificante que lhe compete, pois a
retribuição pela glória de servir nos possibilita o
crescimento e a elevação moral, compelindo-nos ao
trabalho edificante do bem, principalmente pela prática
da caridade.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por
Francisco Cândido Xavier. Fonte viva. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2020.
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