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por Wellington Balbo

 

Os planos B, C e D sugeridos por Kardec


Allan Kardec, logo após publicar a obra O Livro dos Médiuns, isso no início de 1861, começa a receber mensagens de diversos grupos espíritas que tinham como intuito formar grupos familiares, mas que, contudo, esbarravam num problema capital: a dificuldade de encontrar médiuns para as reuniões.

Surge, disto, uma dúvida justa:

Diante do entrave – falta de médiuns – o que fazer nas reuniões espíritas? Como prosseguir os estudos da Ciência espírita sem os agentes – médiuns – que são os mensageiros dos Espíritos?

E eis que Kardec responde a esta dúvida pertinente dando uma injeção de ânimo nos colegas espíritas e, mais ainda, mostra que mesmo com a dificuldade em questão pode-se estudar o Espiritismo e extrair preciosas lições.

O que Kardec faz na resposta dada aos colegas espíritas é apontar a importância de sempre ter um plano B, uma carta na manga a fim de não parar as reuniões em caso de imprevistos.

Vale lembrar, ainda, o ponto central tocado por Kardec em uma reunião espírita, pois que não é a produção dos “fenômenos mediúnicos, porém, a instrução, tanto dos homens, quanto dos Espíritos o fator principal da reunião. Em sendo a instrução o elemento principal, há que se olhar adiante, o conjunto, e não apenas a escassez de médiuns.

É mais ou menos como se diz hoje: De um limão faremos uma limonada... é colocar a imaginação pra funcionar e resolver os problemas com criatividade.

A observação de Kardec é bem atual e serve para todos nós. Como expositor espírita tive e tenho a oportunidade de visitar inúmeros centros espíritas e saber um pouco a realidade de cada local. Um fator que costumo observar é a ausência de um plano B no caso de falta deste ou daquele trabalhador espírita. Já vi, por exemplo, centros espíritas cancelarem a palestra da noite porque o orador convidado teve um imprevisto e não havia quem o substituísse.

É nesta direção o alerta de Kardec, sempre é possível contornar os obstáculos e prosseguir estudando o Espiritismo com seriedade.

A propósito, o pensamento utilizado por Kardec num texto em que publicou na Revista Espírita, fevereiro de 1861, intitulado ”Escassez de médiuns”, é justamente, diante da falta de médiuns, saber empregar outros meios para continuar o processo de instrução do ensino dos Espíritos. E Kardec vai colocando inúmeros exemplos. E um dos que mais me chamaram atenção foi o de ler acontecimentos atuais nas reuniões e pensá-los à luz do Espiritismo, se fazem ou não sentido, se há ou não possibilidade de ocorrer, até onde vai a mistificação, enfim, separar o joio do trigo, pois é nesta separação que se exercitam “os músculos” da inteligência, fazendo-a desenvolver-se.

Aliás, uma curiosidade: é neste texto que Kardec dá um spoiler de que escreveria um catálogo racional de obras que tratam da Ciência Espírita, e realmente o fez, sendo o último livro de sua produção.

Esqueçamos do mérito do problema – escassez de médiuns – e lancemos nosso olhar um pouco mais global: é preciso pensar nas atividades desenvolvidas no centro espírita sempre com um plano B ou até C, a fim de que não fiquemos reféns dos obstáculos que podem haver no caminho.

A propósito, amigos, eu mesmo já presenciei centros espíritas encerrando atividades não por falta de médiuns, mas porque os diretores foram desencarnando e, como não havia lideranças para prosseguir o processo as portas foram fechadas.

Pois sim... são desafios que ficam para pensarmos o Espiritismo.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita