Correio mediúnico

Espírito: Efigênio S. Vitor

Mediunidade e Espiritismo


Roguemos a bênção de Jesus em nosso favor.

Assuntos existem, no âmbito de nossa construção doutrinária, que nunca serão comentados em excesso.

Reportamo-nos aqui ao tema “Espiritismo e Mediunidade”, para alinhar algumas anotações que consideramos indispensáveis à segurança de nossas diretrizes.

Mediunidade é atributo peculiar ao psiquismo de todas as criaturas.

Espiritismo é um corpo de princípios morais, objetivando a libertação da alma humana para a Vida Maior.

Médium, em boa sinonímia, segundo cremos, quer dizer “meio”.

Médium, em razão disso, dentro de nossas fileiras, significa intermediário, medianeiro, intérprete.

Médiuns, por isso, existiram em todos os tempos. Na antiguidade remota, eram adivinhos e pitonisas que, frequentemente, pagavam com a vida o conhecimento inabitual de que se faziam portadores.

Na Idade Medieva, eram santos e santas, quando se afinavam à craveira religiosa da época, ou, então, feiticeiros e bruxas, recomendados à fogueira ou à forca, quando se não ajustavam aos preconceitos do tempo em que nasceram.

Hoje, possuímo-los em todos os tons, em dilatadas expressões polimórficas.

Médiuns psicógrafos, clarividentes, clariaudientes, curadores, poliglotas, psicofônicos, materializadores, intuitivos…

Médiuns de efeitos físicos ou de efeitos intelectuais…

No próprio Evangelho, em cujas raízes divinas o Espiritismo jaz naturalmente mergulhado, vamos encontrar um perfeito escalonamento de valores, definições e atividades mediúnicas.

Vemos a mediunidade, absolutamente sublimada, em nossa Mãe Santíssima, quando regista a visitação das entidades angélicas.

Reconhecemos a clariaudiência avançada em José da Galileia, quando recolhe dos mensageiros do Plano Superior comentários e notícias acerca da gloriosa missão de Jesus.

Simão Pedro era médium da sombra, quando se adaptava à influência perturbadora de que muitas vezes se sentiu objeto, e era médium da luz, quando partilhava a claridade divina em sua vida mental.

O mesmo Simão Pedro, Tiago e João foram médiuns materializadores no Tabor, favorecendo a aparição tangível de instrutores da mais elevada hierarquia.

João, o grande evangelista, foi médium, na mais sublime acepção da palavra, quando anotou as visões do Apocalipse.

Os companheiros do Senhor, no dia inolvidável do Pentecostes, foram médiuns de efeitos físicos, médiuns poliglotas e psicofônicos da mais nobre expressão.

Saulo de Tarso foi notável médium de clarividência e clariaudiência, às portas de Damasco, ao ensejo de seu encontro pessoal com o Divino Mestre.

Todavia, não será lícito esquecer que os possessos, os doentes mentais e os obsidiados de todos os matizes, que enxameavam a estrada do Cristo de Deus, quando de sua passagem direta entre os homens, eram também médiuns.

Precisamos, assim, na atualidade, encarecer a diferença, a fim de que não venhamos a guardar injustificável assombro, diante de fenômenos que não condizem com o imperativo de nossa formação moral.

Médiuns existem, tanto aí quanto aqui, nas Esferas de serviço em que nos situamos.

Médiuns permanecem em toda a parte, porque mediunidade é meio de manifestação do Espírito em seus diversos degraus de evolução.

Por esse motivo, o grande problema dos trabalhadores mediúnicos é aquele da sustentação de boas companhias espirituais, em caráter permanente.

Mal se descerram faculdades psíquicas ou percepções mentais um tanto mais avançadas em alguém, corre na direção desse alguém a malta dos desencarnados que não plantaram o bem e que, por isso, não podem recolher o bem, de imediato, nas leiras da vida.

Mal surge um médium promissor e mil ameaças se lhe agigantam no caminho, porque o vampirismo vive atuante, qual gafanhoto faminto devorando a erva tenra.

Eis por que um fulcro de fenômenos medianímicos é motivo para vasta meditação de nossa parte, competindo-nos a obrigação de prestar-lhe incessante socorro, pois, em verdade, são muito raras as criaturas encarnadas ou desencarnadas que logram manter contato permanente com a orientação superior, de vez que, se é fácil acomodar-nos no convívio das Inteligências ambientadas nas zonas inferiores, é muito difícil acompanhar os servos da verdade e do amor que, em procurando a comunhão com o Cristo, se confiam, intrépidos e humildes, ao apostolado da Grande Renúncia.

Imperioso, assim, é que vivamos alertas, sem exigir dos médiuns favores que não nos podem dar e sem conferir-lhes privilégios que não podem receber, garantindo-se, desse modo, a estabilidade e a pureza de nossa Doutrina, porquanto o Espiritismo é como o Sol, que resplende para todos, e a Mediunidade é a ferramenta que cada criatura pode manobrar no campo da vida, na edificação da própria felicidade.

Quantos, porém, se utilizam de semelhante ferramenta para a aquisição de compromissos escusos com a delinquência?!…

Em razão disso, é indispensável compreender que Mediunidade é Mediunidade e Espiritismo é Espiritismo.

Ajustemo-nos, desse modo, aos princípios salvadores de nossa fé! E, na posição de instrumentos do progresso e do bem, com mais ou menos expressão de serviço nas atividades mediúnicas, diretas ou indiretas, conscientes ou inconscientes, procuremos, antes de tudo, a nossa efetiva integração com o Mestre Divino, para que não nos falte ao roteiro a necessária luz.


Do livro 
Vozes do Grande Além, recebido via psicofonia por Francisco Cândido Xavier.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita