Se estivesse entre nós, César Lombroso
festejaria aniversário nesta data
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Num dia como hoje - 6 de novembro - nasceu em
1835, em Verona, Itália,
César Lombroso, psiquiatra, antropólogo,
professor e autor do |
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clássico Hipnotismo e Mediunidade,
tradução da obra Fenomeni Ipnotici e Spiritice,
publicado em nosso idioma pela |
Federação Espírita Brasileira. |
Vida e obra
Lombroso nasceu em uma abastada família judaica. Seus
pais foram Aronne Lombroso, mercador de Verona, e
Zeffora Levia, de Chieri, cidade próxima a Turim.
Iniciou seus estudos em Medicina em 1852 na Universidade
de Pavia, formando-se em 1858, aos 23 anos. Mais tarde
doutorou-se em Psiquiatria.
De 1859 a 1865 foi médico voluntário no recém-formado
Exército nacional. Em 1867, fundou a Revista Trimestral
Psiquiátrica, a primeira revista de psiquiatria da
Itália. Dirigiu o Manicômio de Pádua de 1871 a 1876. Foi
professor de Psiquiatria, na Universidade de Pavia, e de
Higiene e Medicina Legal na Universidade de Turim.
Sua experiência psiquiátrica foi muito influente em sua
associação da demência com a delinquência.
Foi um dos fundadores da corrente positivista do Direito
Penal. Suas pesquisas e seus livros, notadamente sobre
antropologia criminal, tornaram-no conhecido e
respeitado mundialmente. Perquirindo sobre as causas
primeiras dos atos delituosos, direcionou a atenção dos
estudiosos à pessoa do delinquente, visando
precipuamente à humanização das penas. Concebeu a
chamada “teoria do criminoso nato”, também conhecida
como “teoria lombrosiana”, ainda hoje estudada nas
Faculdades de Direito e de Medicina. Como os
materialistas de sua época, acreditava que a
personalidade moral nada mais era que a secreção do
cérebro. E, nessa linha de raciocínio, a morte tudo
extinguiria.
Relação com o Espiritismo
Durante muitos anos Lombroso negou os fenômenos
paranormais, considerando-os como charlatanice e
credulidade simplória. Chegou mesmo a ridicularizar as
manifestações espíritas com a publicação do opúsculo "Studi
sull'ipnotismo" (Turim, 1882). Entretanto, a convite do
conde Ercole Chiaia para que estudasse melhor o assunto,
em 1891 conheceu e participou de sessões realizadas com
a médium italiana Eusápia Paladino, vindo assim a
considerar como autêntica a produção dos fenômenos e
manifestações espíritas, a cujas pesquisas se dedicou a
partir dessa época.
O encontro com sua mãe
Em 1902, em outra sessão, Eusápia Paladino foi encerrada
numa jaula, literalmente amarrada numa cadeira
confortável. A jaula foi fechada e envolvida por pesados
reposteiros. De repente, Lombroso percebeu que das
cortinas emergiu um vulto, que veio deslizando em sua
direção. Um arrepio intenso percorreu-lhe a epiderme e
seus pelos ficaram eriçados. Ele reconheceu que ali
estava sua mãe, que se aproximou mais e mais, abraçou-o
carinhosamente e beijou-lhe a face. Ele a abraçou
também, sentiu sua carne, sentiu seu calor e, embora já
um pouco surdo, ouviu-a distintamente dizer-lhe em
dialeto: “meu filho”.
Por essa época, ele registrou em uma carta: "Estou muito
envergonhado e desgostoso por haver combatido com tanta
persistência a possibilidade dos fatos chamados
espiríticos; mas os fatos existem e eu deles me orgulho
de ser escravo".
O fenômeno atrai, a doutrina orienta. Lombroso devorou
tudo que havia sobre Espiritismo e tornou-se espírita.
Entre outros, escreveu um livro muito sugestivo,
traduzido para o português e editado pela FEB. Na obra
ele refuta sua teoria do criminoso nato. Não é o tipo
físico que determina o tipo psicológico. É exatamente o
contrário. O espírito reencarnante é quem, acoplando-se
ao óvulo fertilizado, passa a dirigir a multiplicação e
a diversificação das células, direcionando-as à
constituição dos mais diversos tecidos do corpo,
conforme modelo adredemente impresso em seu corpo
espiritual. É o que a ciência de vanguarda denomina “MOB
– modelo organizador biológico”, encarregado da
elaboração e da manutenção do corpo físico.
No prefácio da citada obra, Lombroso confessou que seus
melhores amigos tentaram demovê-lo da intenção de
publicá-la, que certamente viria denegrir sua reputação.
Todavia, tendo consagrado sua vida ao desenvolvimento da
psiquiatria e da antropologia criminal, entendeu dever
coroar sua carreira de lutas pelo progresso das ideias,
defendendo a ideia mais contestada e zombada do seu
século. Assim, não hesitou em refutar a teoria do
criminoso nato e publicou a obra. Obviamente, como
sabemos, a Academia só se reporta à primeira fase da
produção científica de Lombroso, fase rica de conteúdo,
mas incompleta porque inspirada no modelo materialista.
Dia virá, e não está longe, que se cuidará mais da
prevenção que da repressão da criminalidade; em que a
pena perderá cada vez mais a característica de vindita
para se transubstanciar no instrumento maior de
reabilitação do delinquente à vida social; em que, na
aplicação e dosagem da pena, se analisarão não apenas os
motivos que levaram o delinquente ao ato tipificado como
crime, mas também se questionará a responsabilidade
moral do agente e em que os governantes compreenderão
que vieram para servir, não para serem servidos. Nesse
dia, Lombroso será reconhecido como um dos grandes
difusores da nova era.
Lombroso desencarnou em 19 de outubro de 1909, em Turim,
pouco antes de completar 74 anos de idade.