Há 141 anos realizou-se o 1º Congresso
Espírita do Brasil
Nos contam os livros de História que o Espiritismo teve
uma grande aceitação popular no Brasil, principalmente
devido à influência dos estrangeiros. Teria sido um
modismo importado da França ou veio na bagagem de
franceses que se refugiaram no Brasil. Na segunda metade
do século XIX, durante o Segundo Reinado, buscaram
refúgio dos conflitos sociais ocorridos na Europa
Ocidental.
Não podemos esquecer que
o Brasil era uma nação católica e a igreja era
controlada pelo Estado, pelo regime do padroado, onde
muitas das atividades características eram, na verdade,
funções do poder político.
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Cabia ao Imperador a escolha dos cargos religiosos,
permitia ou proibir o |
estabelecimento de ordens religiosas e a
construção de edifícios religiosos, onde
controlava as cobranças de doações e as taxas do
dízimo da população, assim como o pagamento dos
salários aos sacerdotes. As regalias concedidas
ao clero retornavam sob a forma de legitimação
do governo monárquico e das decisões políticas. |
Na cidade do Rio de Janeiro em 2 de agosto de 1873 foi
fundada a Sociedade
de Estudos Espiríticos, o Grupo Confúcio.
Em uma curta existência de quase três anos, destacou-se
por ter sido responsável pela primeira tradução das
obras de Allan
Kardec.
A primeira tradução foi feita
pelo Dr. Joaquim
Carlos Travassos. Ele, em 1875, sob o
pseudônimo de Fortúnio, realizou a primeira tradução de O
Livro dos Espíritos para o português. Acontecimento
que facilitou a compreensão da Terceira Revelação, até
porque, nem todos tinham acesso às outras obras da
codificação. Apesar da grande simpatia dos conceitos
espíritas, poucas pessoas sabiam ler em francês, para
ter acesso ao texto original.
Pela falta de um conhecimento mais amplo da doutrina
espírita, formou-se uma divergência filosófica, que
acabou dando origem a segmentos ou grupos, que defendiam
diferentes pontos de vista. Talvez um reflexo do modelo
político-cultural da sociedade brasileira do Segundo
Império.
No dia 6 de setembro de 1881, aconteceu o 1º Congresso
Espírita do Brasil, promovido pela Sociedade
Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, que foi o
primeiro passo em prol da unificação do movimento
espírita brasileiro, em meio a uma grande confusão
política, ligada à perseguição policial. O ano de 1881
foi marcado por uma perseguição oficial ao Espiritismo.
A diretoria da Sociedade Acadêmica compareceu
perante o Ministro da Justiça, que a recebeu com muita
cordialidade, declarando que deveria ter havido algum
equívoco, e que não consentiria a perseguição de
ninguém.
Esse acontecimento já refletia a intolerância religiosa,
quando no mesmo ano de 1881, Pedro
Maria de Lacerda, Bispo
da Arquidiocese
de São Sebastião do Rio de Janeiro publicou
um manifesto em que chamava os seguidores de Allan
Kardec de “malucos e perturbados”. Ele
era um dos adeptos do ultramontanismo, ou seja, a
doutrina que defendia a posição tradicional da Igreja
católica de sustentar a infalibilidade dos papas.
Alguns dias depois, um Oficial de Justiça apresentou à Sociedade
Acadêmica um mandado de intimação do 2º Delegado de
Polícia do Município da Corte, mandado que suspendia e
vedava as reuniões da Sociedade, alegando que ela não se
achava legalmente constituída. A diretoria da Sociedade
Acadêmica prontamente expediu ofícios ao Chefe de
Polícia e ao Ministro da Justiça, demonstrando a
arbitrariedade daquela medida.
Uma comissão, da qual faziam parte o Dr. Antônio
Pinheiro Guedes, Carlos Joaquim de Lima e Cirne e o Dr.
Joaquim Carlos Travassos, entrou em contato com o Chefe
de Polícia, que apesar de ter recebido com amabilidade,
nada resolveu, dando a entender que a ordem vinha de “autoridade
superior”.
O periódico carioca Jornal do Commercio anunciou
em suas páginas, em furo de reportagem, a ordem
policial que proibiu o funcionamento da Sociedade
Acadêmica Deus, Cristo e Caridade e dos centros que
lhe eram filiados, tornando passíveis de sanções penais
os espíritas que contrariassem as disposições policiais.
No mesmo dia, uma
comissão de espíritas foi recebida pelo Imperador Pedro
II, a quem entregou em mãos um documento com minuciosa
exposição dos fatos e o pedido de que se fizesse
justiça. O Imperador, na ocasião também teria afirmado: "Eu
não consinto em perseguição". Duas semanas depois, a
mesma comissão retornou ao palácio a fim de conhecer a
resposta às considerações emitidas na exposição que fora
entregue ao Imperador. Este afirmou que enviou os papéis
ao Ministro do Império para dar solução ao caso, e
tornou a afirmar, com certo ar de graça: "Ninguém
os perseguirá. Mas...não queiram agora ser mártires."
Em 6 de setembro deste ano de 2022, o 1º Congresso
Espírita do Brasil completou 141 anos de realização, um
marco no movimento espírita brasileiro.
Referências:
1) Quintella,
Mauro; História do Espiritismo
no Brasil.
2) Conselho
Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ).
3) Wikipédia (Enciclopédia
livre).