Sobre pais: divorciados ou solteiros
A verdadeira educação é aquela que vai ao encontro da
criança para realizar a sua libertação.
Maria Montessori
Todo mundo conhece várias mães divorciadas ou solteiras,
mas há também os pais divorciados ou solteiros. Embora
eles sejam mais difíceis de encontrar, existem e tentam
dar aos filhos amor e o melhor acolhimento possível…
Conheci o Marcelo na escola de música da minha filha.
Ele é pai do Fabrício, 6 anos. Divorciado da mãe do
menino há mais de cinco anos, ele assumiu integralmente
o filho, pois a ex-mulher reside desde o divórcio em
Portugal.
Marcelo conta que procura manter contato com a mãe do
Fabrício para que o filho cresça tendo esse vínculo. Mãe
e filho se falam sempre aos domingos e com isso o laço é
revigorado. Mas, no dia a dia, são ele e o filho...
Por trabalhar como autônomo, Marcelo pode ficar com o
filho no período da manhã, segundo uma rotina: acordar
cedo, fazer exercícios, cuidar da casa, acompanhar as
tarefas escolares do filho, preparar e servir as
refeições, brincar com o Fabrício no pátio do condomínio
ou na pracinha vizinha ao edifício... À tarde o menino
vai para a escola.
Sem olvidar que a vida também é correria, desafios,
Marcelo e Fabrício contam, é claro, com uma rede de
apoio: “tenho mulheres importantes na minha vida, já que
fui criado com uma família formada principalmente por
mulheres”. Ou seja, no dia a dia, conto com esse
privilégio de apoio – minha mãe e irmãs me ajudam e dão
ao Fabrício presença, carinho, reforço de princípios e
valores…
Marcelo acrescenta: “eu próprio fui criado sem a
presença de um pai. Então, percebi a importância da
oportunidade de ser um pai que não tive para o meu
filho. Quando você encara a paternidade, a conexão com o
filho é um processo natural”.
Na nossa cultura, a figura do pai solteiro/divorciado
não é muito comum, por isso muitas pessoas têm dúvidas
sobre os direitos dos homens que criam filhos sozinhos.
Por exemplo, é frequente que surjam perguntas como: “pai
solteiro pode receber auxílio do governo e participar de
programas sociais?” ou “pai solteiro pode adotar
crianças?”.
Nesses casos, não há distinção de gênero. Qualquer
pessoa maior de 18 anos, independentemente de gênero ou
estado civil, pode fazer uma adoção, desde que se
cumpram os requisitos legais.
Do mesmo modo, famílias monoparentais (em que há apenas
um cuidador) chefiadas por homens também têm direito aos
programas sociais dos governos federal, estaduais e
municipais.
Assumir a paternidade é uma decisão. E o vínculo com os
filhos se fortalece segundo uma rotina de amor, atenção
e convivência.