Natural de Americana (SP), onde também reside,
Neiva Amarante (foto) é professora
aposentada, com graduação em Letras (Português e
Inglês), tendo atuado em diversas cidades do
interior paulista como professora e também como
evangelizadora em vários centros espíritas.
Vinculada ao Centro Espírita Paz e Amor, de sua
cidade, atua na aplicação de passes, em grupos
de estudos e também no Atendimento Fraterno. Na
presente entrevista ela nos fala sobre sua
vivência espírita:
Como se tornou espírita?
Nasci em um lar espírita, privilegiada com pais
humildes porém com grau de evolução moral
enriquecido com os preceitos espirituais, os
quais proporcionaram um ambiente repleto de
ensinamentos, conhecimentos éticos e morais,
compreensão e apoio incondicional, que me
auxiliaram, entre outras coisas, a transmitir
esses mesmos preceitos aos meus dois filhos
maravilhosos (Rodrigo, engenheiro civil e
Raquel, pediatra neonatal). Cumpriram com
excelência a função de pais.
Qual o aspecto mais marcante em sua análise
nesse acervo do conhecimento espírita?
O aspecto mais marcante dentro desse acervo
espírita é o respaldo que nos oferece para
enfrentarmos as adversidades da vida, como ser
humano, docente, filha, esposa e mãe.
Principalmente situações de partida de
familiares queridos, já que a saudade é
profunda, mas consolada pela esperança do
reencontro. E membros da família que, através de
certas condições antigas inatas ao espírito
imortal, necessitam de auxílio na tentativa de
obterem algum progresso moral, que sem apoio
incondicional dos entes queridos, seria muito
mais doloroso.
De sua vivência espírita, o que mais ficou?
Na minha vivência espírita é constante a
lembrança da minha infância e juventude (anos
1940 e 50) quando tínhamos, através de uma
inesquecível médium, Josephina Ignacio de
Campos, os conselhos e orientações homeopáticas,
chás e xaropes caseiros, inspirados pelo
espírito de Antonio Gonçalves da Silva, o
“Batuíra”. D. Josepha residiu em Limeira (SP) e
vez por outra ia até “Carioba”, região muito
próspera de Americana (SP) à época, cujos donos
eram alemães. Foi o início da propagação do
Espiritismo na nossa cidade. Mais tarde, D.
Josepha fixou residência em São Paulo (SP) e
continuamos a buscar consolo com “Batuíra”. O
centro que frequentávamos, na época “Luz e
Verdade – a caminho da eternidade” era dirigido
pelo Sr. Alfredo Horschutz, vinculado ao centro
de São Paulo, um espírita cônscio de seu dever,
com uma autoridade generosa para ensinar aos
médiuns o comportamento à mesa de “trabalhos”.
E como foi a questão das receitas homeopáticas?
Herdei geneticamente uma tosse persistente que
minha avó adquiriu vivendo em região gelada ao
norte da Espanha, para se tratar veio ao Brasil
em busca do clima tropical. Meus pais começaram
então a buscar através da médium as receitas de
“Batuíra”. Eram receitas homeopáticas, chás e
xaropes caseiros, das mais variadas plantas e
frutos (agrião, cebola e mamão assados com
açúcar) para amenizar as crises. Foi com a
última receita que fiquei livre da tosse: leite
de cabra in natura com 1 colher de mel. D.
Josepha tinha uma ligação extraordinária com
“Batuíra”. Certa vez, quando chegamos, ela
estava na varanda de sua casa, Rua Frei Caneca
(SP). Aí mesmo fomos então atendidos por
“Batuíra”. Outra vez, através do telefone, minha
mãe aguardou uns minutos e teve a receita
desejada.
Dessa experiência que resultados pôde
presenciar?
Os resultados dessas experiências sempre foram
como bálsamos para nossos corações, lições para
pratica da caridade, socorro nas horas de
angústias, palavras que nos estimulavam a seguir
com confiança. Saíamos das reuniões com a
impressão que aquelas energias eram um escudo
nos protegendo, nos impulsionando a prosseguir
no caminho que iniciamos a jornada.
E como era o ambiente nessas ocasiões de
atendimento?
O ambiente era sereno, tranquilo, reconfortando
só por estar lá; as energias eram
reequilibradas, parecendo uma outra atmosfera.
Os conselhos nos animavam para enfrentarmos os
reveses do dia a dia. Fato curioso, lembro de um
conselho, nunca havia ouvido essa informação:
“não lustrem o interior das panelas de alumínio
com palha de aço pois os resíduos são muito
prejudiciais ao aparelho digestivo”.
Convencemo-nos do fato e começamos a usar
buchinha natural.
Quais foram os aprendizados dessa experiência?
Todas essas experiências são provas irrefutáveis
de que não estamos sós, abandonados, mas o
socorro está ao nosso alcance, basta lembrarmos
das palavras de Jesus, nosso guia e modelo.
Esforçarmos para amar o próximo, livrando-nos do
egoísmo que, infelizmente, ainda está enraizado.
Tomarmos conhecimento de nossa pequenez e
seguir, mesmo tropeçando, mas nos voltando para
o alto e buscando a luz que indica o caminho,
para um dia, iluminados, possamos auxiliar, como
o fazem esses Espíritos Abnegados.
E atualmente como vê o progresso da Doutrina
Espírita e seu movimento, pelo país e fora dele?
Vejo o progresso da Doutrina Espírita tomar um
novo rumo. Penso que a pandemia auxiliou nesse
aspecto. As lives começaram a divulgar o
Espiritismo como meio de interação com as
pessoas confinadas, e a partir daí, a imensa
quantidade de oportunidades de divulgação de
conhecimentos, esperança e consolo, via
internet. Impossível, nos tempos atuais, não
encontrar informações sobre o Espiritismo, em
suas inúmeras configurações, Filosófica,
Científica e Doutrinária (sem dogmas ou
aparatos). Tenho assistido a inúmeras lives de
brasileiros nos Estados Unidos, Irlanda,
Inglaterra, Espanha. Um ótimo trabalho de
divulgação da codificação de Allan Kardec é
realizado pela estação de rádio em Chantilly,
Virginia, Estados Unidos – Kardec Radio. Essas
estruturas de divulgação são como raios do
“Coração do Mundo e Pátria de Evangelho”.
Alguma emoção inesquecível nessas vivências
todas?
A emoção era grande estarmos frente a essa
médium ouvindo aquelas palavras de consolo,
aliviando nossas aflições, suavizando nossos
pesares, orientando na pratica do Evangelho. Era
sublime. Tudo isso com a permissão de nosso Pai
Celestial, guiado por Jesus e assistido pelos
servidores da causa do Bem.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Penso na última receita de “Batuíra”, antes de
D. Josepha falecer. Apareceu um nódulo
superficial no dorso da minha mão, perturbava
muito, pois escrevia bastante como estudante. Já
tinha cirurgia marcada para o dia seguinte. Como
meu pai ia para São Paulo na ocasião, pedimos
uma orientação para “Batuíra”. Chegou a noite a
receita: esquentar azeite com gotas de iodo.
Obedecemos. No dia seguinte, entrando no centro
cirúrgico, foi cancelado o procedimento, com
palavras irritadas do médico que percebeu a
coloração do iodo na pele. Voltamos para
Americana desolados, questionando como “Batuíra”
podia ter feito isso comigo. Surpresa, após
alguns dias, percebi que o nódulo havia
desaparecido. Que vergonha, minha confiança
havia sido testada. A fé na espiritualidade deve
ser inabalável.
Suas palavras finais.
Agradeço-lhe a oportunidade de recordar minha
infância no Espiritismo e avivar minha confiança
nos desígnios do Criador. E, por tudo isso,
agradecemos a excelsa luz, fonte de Ordem e
Harmonia em todo Universo, ao generoso Mestre
Jesus, Maria, mãe de todos nós por adoção, que
permitem aos mensageiros de Vida Maior estejam
sempre a postos, nos fortalecendo e sustentando.
Amigos iluminados fluidifiquem as águas do nosso
planeta, purifiquem o ar, para que os corações e
mentes se voltem exclusivamente para a
fraternidade.
|