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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

Chico Xavier, os famosos e sua humildade


Chico Xavier, o escritor e carteiro dos espíritos, foi procurado por milhares de pessoas para obter informação sobre seus familiares que haviam desencarnado.

Ele sempre recebia visitas e tinha uma palavra de consolo para famosos, como Roberto Carlos, que, apesar de ser católico fervoroso, foi ao seu encontro várias vezes, assim como Xuxa. Também os ex-presidentes Juscelino Kubitscheck e Fernando Collor de Melo receberam algumas mensagens.

Entre outras personagens buscando notícias de seus filhos mortos constam a atriz Nair Belo, a cantora Wanderléa e a autora de novelas Glória Perez, exemplos de famosos que passaram pelo Grupo Espírita da Prece, o centro que Chico mantinha em Uberaba.

Chico Xavier, que apenas concluiu o grupo escolar, tendo trabalhado desde criança para ajudar a sustentar sua família, composta de 14 irmãos, foi tecelão, balconista, entrou num serviço de escritório da Secretaria de Agricultura, onde se aposentou. Exercendo essa função, contou um drama que sofreu por seguir as normas trabalhistas.

Ele relata que, certa ocasião, um fazendeiro que atrasou a entrega de formulários na data agendada compareceu três dias depois e desejava que ele protocolasse o documento, o que não pôde ser feito, porque contrariava as normas. O senhor exigente dizia: “É só um carimbo e a assinatura e está resolvido, porque todos confiam em Chico Xavier”. E ele retrucou que exatamente por confiarem nele não poderia desrespeitar as leis.

Saindo indignado dali, nunca mais cumprimentou Chico Xavier, desviando e não aceitando seu cumprimento quando se encontravam pela pequena cidade de Pedro Leopoldo. Isso incomodava o médium, que se sentia desconfortável com a situação. Estando próximo o Natal, resolveu ir até a casa do fazendeiro e pedir perdão.

Chegando na propriedade, bateu palmas e um empregado veio atender. Sabendo que o Chico não seria bem recebido, avisou-o, ao que o médium implorou: “Não diga que sou seu, chame-o apenas”.

Vindo o grande produtor rural, perguntou o que ele queria em sua propriedade.

Chico Xavier disse que se sentia muito mal com o acontecido e desejava pedir-lhe perdão pelo ocorrido, pois não se sentia bem com a indiferença que o senhor fazia quando o encontrava na rua.

E então, o fazendeiro perguntou: “Você vem pedir perdão como humilde ou como sem vergonha?”.

Chico pensou, e disse: “Venho pedir perdão como sem vergonha”. (1)

O médium mineiro foi indicado para receber o prêmio Nobel da Paz com mais de 2 milhões de assinaturas recolhidas para a sua candidatura, em 1981.

As cartas de Chico Xavier foram parar nos tribunais: e serviram como prova em julgamentos. Registramos aqui esta frase atribuída ao mineiro do século passado: ”A humildade não está na pobreza, não está na indigência, na penúria, na necessidade, na nudez e nem na fome. A humildade está na pessoa que, tendo o direito de reclamar, julgar, reprovar e tomar qualquer atitude compreensível ao brio pessoal, apenas abençoa”.

 

1 - Nossos momentos com Chico Xavier – O homem chamado amor.  Oswaldo Godoy Bueno – Ideal.

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Editora EME.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita