Espíritos que escrevem
errado
Por alguns anos recebi livros
psicografados, em geral romances,
enviados por editoras a fim de que
fizesse a análise espírita doutrinária
para verificar a viabilidade de
publicação.
Muitas vezes os livros eram ótimos no
conteúdo, bem bacanas mesmo, mas
psicografados com erros de gramática
banais. Coisas assim: profissional
escrito com c, ou seja, proficional.
Errada a palavra, contudo, qualquer um
entenderia a linha de raciocínio do
autor.
O mais interessante é que alguns dos
médiuns desses livros eu conhecia e
sabia que tinham um bom domínio
gramatical.
Por que tantos erros? - indagariam
algumas pessoas. Acaso são zombeteiros
da erraticidade a pregar peças nos
crédulos encarnados?
Não mesmo.
Kardec tocou neste ponto na Revista
Espírita, no texto: "Erro de linguagem
de um Espírito", publicado no ano de
1860.
Diz ele que na própria Sociedade
Espírita de Paris havia médiuns
diplomados a escrever calmamente e
cometer erros de linguagem.
O mais importante para Kardec e os
Espíritos era sempre o conteúdo, este
sim digno de acertos, visto que o
pensamento é tudo e a forma de sua
expressão, se com erros gramaticais ou
não, tem importância, mas esta não é a
protagonista.
Claro que diante do exposto não faço
apologia ao erro e ao desprezo às normas
da linguagem, contudo, trago um ponto
relacionado ao conteúdo para
refletirmos.
Em suma, penso que a ideia de Kardec e
dos Espíritos sempre foi a de poupar
nosso tempo com questões que poderiam
tirar o foco do principal.
Como o tempo é sempre um precioso
elemento para os espíritos encarnados,
focar naquilo que não tem importância em
detrimento do que realmente vale a pena
é desperdiçar esse valioso recurso.
Entender a ideia dos Espíritos de olhar
para o conteúdo ao invés da forma de sua
expressão é um desafio para o espírita,
pois que ainda ficamos muito embevecidos
com a forma que, bela ou não, tem sempre
um papel secundário na comunicação entre
Espíritos e encarnados.