Natural de São Carlos (SP), com infância em
Teresina (PI), boa vivência em Bruxelas
(Bélgica) e atualmente residindo em Brasília
(DF), Mayara Paz Costa (foto) é formada
em Comunicação Social, com habilitação em
Jornalismo, MBAs em Gestão da Comunicação nas
Organizações (UCB), em Marketing (FGV) e pós em
Empreendedorismo Social (FESP). Vinculada à
Federação Espírita Brasileira, é coordenadora de
Comunicação da FEB Cinema e voluntária no Depto.
De Assistência Social da FEB. Entrevistamo-la
sobre a comunicação espírita:
De onde o interesse pela comunicação?
Sempre busquei trabalhar pelo bem, impulsionar
mensagens e marcas positivas e a comunicação
oportuniza a produção neste sentido, seja de
textos, artes, áudios, vídeos e sobretudo a
impulsão de ideias, de propósitos. Vi na escolha
pela Área de Comunicação esta oportunidade de
multiplicar, ecoar mensagens, contribuindo para
uma sociedade pautada em valores de bem. Parecia
utopia da minha parte, mas com o tempo se
mostrou uma realidade. Feliz em poder exercer
minha formação, auxiliando na divulgação do bem,
da paz, estimulando o estudo e vivência do
Evangelho em tantos corações.
O que mais lhe chama atenção num processo de
comunicação?
O conteúdo que é transmitido em cada mensagem.
Chegar ao receptor é trabalhar as diversas
formas, modos, atingindo perfis variados e hoje
ainda mais rapidamente e em grandes proporções
com a impulsão que vemos pelas redes, pelo
alcance do audiovisual. Mas o foco do
trabalhador da comunicação, seja qual for a área
de interesse e atuação, é o conteúdo que se
deseja passar, qual a mensagem que emite, a que
ela serve. Do contrário, quando não temos o foco
no conteúdo, na verdade, na mensagem, temos uma
realidade que infelizmente muito vemos
atualmente: ferramentas variadas com
disseminação e alcances sem precedentes, mas
servindo a propósitos de conteúdos e mensagens
duvidosas ou falsas, errôneas.
Qual aspecto considera mais importante: a forma
ou o conteúdo? E como conciliar ambos para maior
eficiência?
A união é uma ação sempre benéfica para uma
comunicação efetiva, seja a união do falar e do
ouvir, do emitir e do receber, do expor e do ser
compreendido. Porém, complementando a pergunta
anterior, o conteúdo será sempre o que ditará o
que se leva, a quem se leva, sob quais formas. É
preciso cuidado e seriedade com todo o processo
de comunicação, sobretudo zelo sobre o fato,
sobre a mensagem, sobre o que se fala.
Que dica de sua experiência pode oferecer às
instituições espíritas para uma comunicação
interna e externa mais dinâmica e eficiente?
Quais detalhes devem ser observados com
prioridade?
É interessante observar que no trabalho como
comunicador social espírita temos diversas
ferramentas a utilizar, mas também diversos
públicos a alcançar na divulgação do Evangelho:
interno, externo, misto. Isso é ótimo, aumenta
nosso alcance na transmissão da mensagem, mas é
também um desafio ao qual devemos estar sempre
atentos. Seja o trabalhador, colaborador,
voluntário, o funcionário em muitas situações, o
consumidor de livros e produtos em geral, o
espírita, o simpatizante, seguidores, a
imprensa. Temos o bom desafio de falar a tantos
e levar o consolo a quem anseia, pelos variados
canais disponíveis.
Também interessante atentar para a soma das
ferramentas. As redes sociais não excluem o
mural dos centros; o rádio não foi retirado pelo
surgimento da TV, agora vemos podcasts
crescentes, inclusive; os jornais não sumiram
com a chegada da internet e o cinema não
substituirá jamais o livro, base para todas as
nossas ações. Na comunicação, seja interna, seja
externa, é preciso observar o público pretendido
e, sobretudo, ouvi-lo. Estudar cenário, se
colocar no lugar de quem receberá o conteúdo. A
quem divulgarei a Doutrina? É o público, parte
essencial do trabalho do comunicador, sem o qual
o processo não se efetivaria, que por meio de
feedback, da interação, nos mostrará
possibilidades de otimização, celeridade,
mensuração e reavaliação para uma comunicação
mais assertiva e dinâmica. E, claro, o trabalho
com comprometimento, responsabilidade e zelo à
fidelidade doutrinária são essenciais à nossa
prática diária da comunicação social espírita,
trabalhando em uníssono com todas as
instituições espalhadas pelo País e exterior. Na
troca de experiências com os públicos e
instituições espíritas, vivências, olhares,
aprendemos muito e sempre.
Qual o melhor meio ou melhor técnica para bem
comunicar uma iniciativa qualquer, seja qual for
a forma a ser utilizada?
Cada meio atende a um propósito diante de um
público, por isso, conforme observado
anteriormente, a necessidade de ouvir o receptor
da mensagem e estarmos abertos à reavaliação de
linguagens, artes, estratégias, planejamento e
ações dentro da comunicação espírita. Hoje
contamos com canais de comunicação expressivos e
sólidos na FEB, trabalhados ao longo dos anos
com estratégias e planejamento: podcasts, redes
sociais com cerca de 2 milhões de seguidores,
TV, portais, exposições, cine-debates. Atenta ao
cenário e à sociedade, a Comunicação da FEB
busca sempre analisar e agregar às mídias
existentes outras também potenciais de
divulgação do Evangelho. É necessário atentarmos
ainda às funções de evangelizar, integrar e
recordar da midiatização ao longo de todo o
processo, atentos que à forma que for desejada
para se levar a mensagem, o conteúdo doutrinário
deve estar sempre na base de todas as nossas
ações.
E o envolvimento com o selo Cinema da FEB
tem-lhe trazido qual experiência que você
considera marcante?
A transversalidade da Comunicação nos permite
transitar por diversas áreas, beber de diversas
fontes do conhecimento e alimentar bons
relacionamentos nesta caminhada. A arte, a
cultura, estão completamente associadas ao
desejo de comunicar uma ideia, um sentimento, um
conteúdo. Como bem nos traz Emmanuel, “a arte
pura é a mais elevada contemplação espiritual
por parte das criaturas”. Comunicação e Arte são
áreas irmãs, unindo a produção, criatividade à
divulgação doutrinária. Temos intensificado e
estimulado esta união na FEB em diversas ações,
a exemplo das produções das exposições no Espaço
Cultural da Instituição e que rodaram o país
indo além dos centros, para Assembleia
Legislativa, Senado, Câmara, shoppings, espaços
culturais. Já são 17 mostras culturais e em
breve traremos mais uma ao público.
Trabalhamos recordando Léon Denis, que diz que
“o Espiritismo vem abrir para a arte novas
perspectivas, horizontes sem limites” e todo o
processo envolvendo a divulgação é em si um
desafio, mas um desafio muito bom e
gratificante. O mesmo tem ocorrido com o Cinema,
nossa nova pauta de atuação. Leitura prévias de
roteiros dos filmes, a articulação com
parceiros, sejam produtores, distribuidores, a
participação nos bastidores tendo a oportunidade
de vivenciar esta sétima arte em torno de
conteúdos de bem, positivos, consoladores e
mesmo ter a experiência de ver os personagens
dos livros que tanto estudamos ganhando vida ali
por meio dos atores é emocionante. Temos
aprendido e trabalhado muito desde abril,
lançamento oficial do selo, até agora, mas já
são boas as parcerias firmadas e desejamos
seguir semeando. Contatos e parcerias que nos
estimulam a aprender sempre mais sobre este
imenso mundo e como podemos inserir com
responsabilidade e zelo o conteúdo de pautas,
livros, conteúdo espírita.
Destaco entre as vivências a experiência nos
bastidores de Nosso Lar 2 – Os Mensageiros em
abril deste ano, que nos trouxe um olhar ainda
mais sério às necessidades do público que anseia
por adaptações dos diversos livros da FEB às
telas. Pudemos sentir a história ali sendo
formada, pudemos conviver com tantos
profissionais empenhados em torno daquela
mensagem de arte, de bem. Uma experiência única
e marcante que nos estimula a intensificar a
vivência do “trabalha e confia” em nosso dia a
dia.
Considera que levar os livros espíritas às
telonas tem sido mecanismo eficiente para a
divulgação espírita?
Vemos de Bezerra de Menezes (2008) para
cá um grande crescimento de obras adaptadas às
variadas telas. Tivemos Chico Xavier, Nosso
Lar, Kardec, As mães de Chico, Divaldo nos
cinemas e depois nos streamings, e ainda
novelas com temáticas espiritualistas e como
comunicamos! É visível o impacto pelo retorno
que recebemos do público que anseia por mais e
mais trabalhos como estes. Por meio da arte
ocupamos também este espaço importante do falar,
refletir, sentir e que alcança públicos variados
de modo edificante.
Nos mais de 600 títulos da FEB vemos roteiros
praticamente prontos a serem adaptados! Enredo,
personagens, falas e isso tudo pautado em
conteúdo doutrinário cuidado com muito zelo pela
Instituição. É um ciclo muito positivo e
integrado: livro cedendo o conteúdo para
adaptação e cinema despertando e impulsionando
ainda mais a procura pelo livro. Em um final de
semana de Nosso Lar nos cinemas, mais de um
milhão de pessoas conheceram a história da vida
no mundo espiritual. Atingiu-se um público
variado, diverso, disseminando o conteúdo do
livro. Para saber mais? Foram em busca desta
obra literária e de outras para aprofundamento.
Uma ação de sinergia em que as ferramentas se
complementam no trabalho pelo bem.
Como as instituições espíritas poderiam melhor
integrar-se a esse dinâmico processo todo que
avança sem parar?
A união nos fortalece! Hoje contamos com uma
rede de comunicadores integrando FEB,
federativas estaduais, centros espíritas,
entidades especializadas, voltados à divulgação
de ações e conteúdo. Todos são elos importantes
desta corrente de paz. Quanto mais elos, mais
fortalecidos estaremos no impulsionamento
doutrinário. Meios e canais de comunicação
oficiais da FEB (porta, redes sociais –
Instagram, Twitter, Facebook, Linkedin, Youtube
da FEBtv) estão abertos àqueles que desejem se
unir ao grupo, somar a este trabalho de
divulgação e serem partes desta vivência em
torno da Doutrina Espírita.
Em sua trajetória de vivência espírita, o que a
marcou mais?
Tanto no trabalho de aprimoramento pessoal como
espírita, quanto na entrega e compromisso no
âmbito profissional, são muitos os aprendizados
obtidos nesta caminhada em 15 anos de FEB.
Desafios temos, claro, mas muitas alegrias em
trabalhar a reforma íntima e na divulgação,
aprendendo com nomes preciosos como o nosso
codificador, com amigos espirituais, com tantos
que deixaram suor e dedicação na vivência do
Evangelho como Cairbar, Barsanulfo, Yvonne,
Chico. Oportunidade de aprendizagem diária.
De muito que tivemos a oportunidade de aprender
e vivenciar, compartilho um dos tantos que me
marcaram. Estávamos em meados de 2015 em plena
campanha Setembro amarelo. Antes de cada início
de campanha, projeto, buscamos sempre o
planejamento, pensar em estratégias para bem
comunicar com o público. Foram várias ações
entre posts, vídeos, depoimentos. Lançamos por
fim a campanha e alguns dias após nos ligaram na
sala da Comunicação informando que uma pessoa
foi pessoalmente à FEB para agradecer. Queria
conhecer a equipe que tinha feito uma postagem
nas redes da FEB sobre suicídio, pois foi graças
àquela imagem com texto consolador que não tirou
naquele dia anterior a sua vida. Disse não ao
suicídio. Sempre que me recordo me emociono.
Mostra que estamos de alguma forma no caminho
certo.
Fale-nos das perspectivas de futuras produções
para o cinema com temática espírita?
Dentro da FEB Cinema estamos com diversos tipos
de parcerias e apoio, seja quem deseje adaptar
obras do catálogo da FEB para cinema/streaming,
seja quem busque o apoio em divulgação de filmes
não necessariamente pautados na literatura
febiana. Assim, temos tido parcerias em formatos
diversos, a exemplo de Nosso Lar 2 – Os
Mensageiros que se enquadraria no primeiro
exemplo e onde a FEB tem participado de todos os
passos, desde a leitura de roteiro, participação
nos bastidores, abertura dos canais de
comunicação para divulgação. Uma produção da
Cinética e distribuição da Star + (Disney) e que
será lançada em 31 de agosto de 2023 nos cinemas
de todo o País.
Como segundo exemplo de parceria temos o longa Predestinado,
recém-lançado no dia 1º de setembro e que traz a
história de Zé Arigó e sua vida de desafios e
lutas no exercício da mediunidade em prol do
próximo. Uma história que traz uma mensagem
positiva, de bem, de prática mediúnica e que a
FEB apoiou e se tornou parceira em divulgação.
Em 13 de outubro foi a vez de Chico para
Sempre, em parceria de divulgação com o selo
FEB Cinema. Documentário de Wagner de Assis,
contemplou diversas entrevistas, entre elas do
presidente, vices e diretores da FEB e que faz
parte da programação da Campanha Ano de Chico,
lançada e produzida pela Federação ao longo de
2022. O material de captação do documentário que
conta com mais de 80 depoimentos ficou tão rico
que trará a produção de uma série com seis
episódios prevista para próximo semestre.
Ainda com a Cinética temos Emmanuel,
baseado em Há dois mil anos, 50 anos depois e
Ave, Cristo e que abordará as suas diversas
existências e em breve traremos novidades.
Também em contrato estamos trabalhando em Sexo
e Destino, a ser desenvolvido pela Estação
Luz e cujas perspectivas são para lançamento até
o próximo ano. Estamos em tratativas com
diversas outras produtoras, mas no tempo certo
traremos felizes ao público mais e mais
novidades que podem ser conferidas nas redes
sociais da FEB e no site FEB Cinema – para
acessá-lo, clique
aqui
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Agradecer o espaço deste importante veículo para
que possamos levar as informações do que temos
feito na Comunicação e no Cinema ao público e
nos colocar à disposição para parcerias em
comunicação e cinema. Estamos de portas abertas
(virtuais e reais) a todos e caminhando com foco
em divulgar o bem. Seguimos bem guiados no
roteiro do Cristo e sabendo que fazer
algo em Cristo é fazer sempre o melhor para
todos.
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