E Eu vos aliviarei
Em função de tantas dores que nos
acompanham no dia a dia, existe uma
expectativa enorme para nos vermos
livres destas mazelas, sejam elas quais
forem.
Um grande contingente destes sofrimentos
se prende às questões das doenças a
ponto de se poder afirmar: quem não está
enfermo hoje, estará amanhã.
É natural, o orbe ainda é planeta de
expiações e, em mundos como estes, os
corpos dos Espíritos encarnados são
formados longe do perfeito
funcionamento, como acontecerá em futuro
distante, em consequência adoecem,
mais cedo ou mais tarde.
Na realidade, quando os males físicos se
estabelecem, o fazem em função de o
detentor do corpo biológico estar doente
– o Espírito imortal –, pois ele é a
causa primeira desses indesejados
estados de desarmonia corporal.
Como reencarnam na Terra – por ora – em
sua esmagadora maioria Espíritos
altamente endividados com as leis
divinas, há uma constância no surgimento
de adversidades físicas, com
possiblidade de atormentar e infelicitar
a todos: é da Lei!
Como não há quem goste de sofrer, a
busca pela cura dos incontáveis males é
ininterrupta, seja pelas vias médicas ou
por conta de caminhos alternativos. Uma
destas opções é a vinculação a uma
determinada religião, para que, por meio
de um milagre, o indivíduo possa
alcançar o bem-estar, livrando-se, pelo
menos provisoriamente, dos incômodos
gerados pela enfermidade ora enfrentada.
Afinal, Jesus, para muitos o próprio
Deus criador de tudo, assim se expressou
quando afirmou: “Vinde a mim, todos os
que estais cansados e oprimidos, e eu
vos aliviarei.” E quem não deseja este
alívio?
Ocorre, contudo, que o mal-estar de
agora, ou é fruto de uma prova
previamente escolhida pelo Espírito
antes de aqui aportar, mais uma vez,
para nova etapa reencarnatória, ou é
resultado das continuadas ações
inconsequentes tomadas nas existências
passadas, ou até mesmo nesta presente
fase de aprendizado.
Sendo assim, toda doença possui o seu
ciclo de existência, devendo ser
cumprido na íntegra de modo a isentar o
doente de, no futuro, experimentar
novamente o mesmo problema, em condições
diferentes, tanto para pior, quanto para
melhor, dependente da sua conduta.
Dentro deste raciocínio, nossa
preocupação não deve ser a de nos vermos
livres das doenças, mas sim de não criar
novas condições para que na próxima
reencarnação tenhamos uma existência
mais tranquila, pelo menos no que se
relaciona ao capítulo das enfermidades.
Podemos usar como exemplo um caso
ocorrido com Chico Xavier resumido
assim:
Chico, como se sabe, atravessou questão
de saúde a se manifestar em seu olho
esquerdo. Em um dos primeiros diálogos
travados com o seu mentor – Emmanuel –
em 1931, diante da tarefa proposta por
ele para elaborar livros por intermédio
do Chico, arriscou solicitar ao preclaro
mentor a possibilidade de curá-lo
definitivamente do mal em sua vista.
Emmanuel orientou-o a procurar
tratamento médico como qualquer pessoa,
se munindo, adicionalmente, de calma e
paciência. Contudo, Chico não se
contentou e insistiu na demanda,
Emmanuel então lhe orientou que tomasse O
Evangelho segundo o Espiritismo e
lesse o capítulo VI, intitulado O
Cristo Consolador. Quando o médium
alcançou as palavras que Eu vos
aliviarei..., o mentor lhe indagou
se havia compreendido a lição, ou seja,
Jesus não prometeu a nossa cura, mas
apenas alívio e auxílio.1
Diante de tão claro ensino, não
procuremos as religiões, muito menos o
Espiritismo, para nos curarmos
materialmente, mas sim e tão somente
para curar o verdadeiro doente, nós
mesmos, através da correção de nossas
imperfeições morais e hábitos infelizes.
Referência:
1 BARBOSA,
Elias. No mundo de Chico Xavier.
Edição Calvário/SP. 1968.