Resgate e amor
(Versos dedicados à dama nobre de nossas relações
pessoais no século passado, que reencontrei agora, na
condição de mendiga enferma, na praça pública,
resgatando um delito passional cometido em família e que
se junge a dolorosa prova, depois de rogar, na Vida
Espiritual, se lhe fossem concedidos os recursos
necessários à própria redenção.)
Recordo-te, Senhora… A seda se te entrança
Na cabeleira loura… Ao colar que rebrilha,
Exibes, donairosa, o manto de escumilha,
Mas crias, em redor, revolta e insegurança…
Por ciúmes de alguém, matas a própria filha…
Fruis mentido prazer e, um dia, a morte avança…
Tornas à luz do Além… Choras sem esperança…
E rogas outro berço, ante a dor que te humilha…
Hoje, achei-te, de novo… Enferma, quase inerte,
Paralítica e só, o pranto se te verte
Ao pedir pão e teto, esmolando de rastros…
Mas, louva, amada irmã, a Lei serena e austera…
Alguém te aguarda a vida… É a filha que te espera,
A fim de erguer-te à luz que fulge, além dos astros!…
Do livro Vida
em vida, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.