Cada criança tem seu tempo
A minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas
que parecem negativas, e foram sempre positivas para
mim: silêncio e solidão.
Cecília Meireles
Certamente você já escutou esta frase: cada criança tem
seu tempo. Em outros termos, cada criança se desenvolve
segundo seu próprio ritmo.
Sempre insisto: comparações, no geral, não ajudam e
acabam por estimular ansiedade nos pais, na família, e,
na realidade, pouco importa se a criança andou com 10
meses ou 1 ano, se aprendeu a ler antes ou depois dos
colegas da classe.
Quando chamamos a atenção para o fato de que toda
criança tem seu tempo, não significa que ignoramos os
marcos de desenvolvimento apontados pela ciência, mas
simplesmente tentamos pontuar que há uma certa
flexibilidade na hora de avaliar uma criança, pois
existem fatores externos que influenciam (também) a
maneira como a criança avança em seus aspectos físicos
(motor e cognitivo), emocionais e sociais, como, por
exemplo, o ambiente em que ela vive, o contexto
familiar, a quantidade de estímulos que ela no dia a dia
recebe.
Uma mãe poderia questionar: e se meu filho não
apresentar as aquisições esperadas pela idade, como
falar ou ir ao banheiro, por exemplo?
Bom, em primeiro lugar, isso não é necessariamente um
atraso. Muitas vezes a criança só necessita ser
estimulada de uma maneira diferente para se desenvolver
conforme o esperado. Mas, é importante estar atento e
acompanhar de perto esse tipo de situação. Além disso,
na dúvida, consultar o pediatra para avaliações.
Felizmente, e como um grupo de apoio à criança, pais,
escola e pediatra geralmente ajudam a identificar um
possível atraso, indicando o melhor caminho para dar
suporte ao desenvolvimento da criança.
De outro lado, há pais que se preocupam demasiado e
acabam estimulando excessivamente a criança. Ora, o
estímulo exagerado pode causar inúmeros prejuízos, pois
exigir que uma criança apresente uma habilidade para a
qual ainda não está preparada, do ponto de vista de
maturação, pode provocar estresse tóxico, sofrimento e
até comprometimento na saúde, gerando uma barreira ao
desenvolvimento… Ou seja, os estímulos devem ser
conforme a idade e o limite de capacidade da criança.
O que a criança precisa para se desenvolver mais
plenamente e, especialmente, na primeira infância? Ela
deve ter um ambiente rico em brincadeiras, estímulos e
socialização, mas sem ultrapassar o limite de
maturidade, capacidade e de idade, não exigindo os pais
o que ela (ainda) não é capaz…
Notinhas
Marcos do desenvolvimento infantil são comportamentos e
atitudes que crianças de cada faixa etária devem
manifestar. Funcionam como referências para identificar
seu avanço e crescimento. Eles vão desde o período
neonatal até os 6 anos de idade. Por exemplo, aos 15
meses de vida, a parte motora já está bastante
desenvolvida. É comum que a criança já ande sozinha e se
arraste para subir degraus. Em relação à linguagem, já
entende seu nome, atende a ordens simples e consegue
pronunciar algumas palavras.
Vale lembrar que cada criança se desenvolve em seu
tempo. Os marcos servem para orientar pais e cuidadores.
Diante da percepção de atrasos no desenvolvimento
infantil dos filhos nos primeiros anos de vida, a
recomendação é buscar ajuda médica para averiguar. O
pediatra observa a criança e conversa com os pais para
analisar os marcos de desenvolvimento. Exames clínicos
também fazem parte da avaliação, como os de audição,
visão e outros.
No caso de uma criança com algum tipo de transtorno ou
síndrome, o diagnóstico e a intervenção precoce são
fundamentais para o seu desenvolvimento adequado. Saber
como ajudá-la pode ser o fator decisivo para que ela
cresça e atinja todo o seu potencial…