Há 140 anos circulou pela primeira vez o Reformador
Ontem, dia 21, registrou-se mais um aniversário da
fundação no mês de janeiro de 1883 – 140 anos atrás – da
revista Reformador, que se tornou no ano seguinte
o órgão de divulgação da Federação Espírita Brasileira.
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Augusto Elias da Silva, seu fundador, foi um dos
pioneiros da divulgação espírita em nosso país.
No texto abaixo, publicado sob a
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responsabilidade da FEB, com o título “Renovando
costumes há 140 anos” - clique
aqui - lê-se: |
Aqueles eram dias difíceis para os espíritas da primeira
hora no Brasil, principalmente no que respeita à
divulgação doutrinária, que encontrava no Catolicismo o
seu grande opositor. Foi nesse contexto que, em junho de
1882, Augusto Elias da Silva resolveu escrever uma
réplica a uma Pastoral da Igreja, em que o Chefe desta,
no Rio de Janeiro, declarava: “Devemos odiar [o
Espiritismo] pelo dever de consciência”.
Como não conseguiu espaço para inserir o artigo em
nenhum meio de comunicação, foi tomado do desejo de
possuir um jornal próprio, a serviço das ideias
liberais. E, quase sozinho, fazendo sacrifício acima de
suas possibilidades, veio a concretizar a ideia seis
meses após, ao editar a revista Reformador em 21
de janeiro de 1883, com o propósito de renovar os
costumes com base nos postulados do Espiritismo.
Coube a Augusto Elias da Silva a iniciativa de fundar a
Federação Espírita Brasileira (FEB), em 2 de janeiro de
1884, e uma de suas primeiras resoluções foi a
incorporação do órgão Reformador à nova
Sociedade.
Desde então, sem jamais interromper suas edições, Reformador vem,
ao longo dos seus 140 anos, difundindo o Evangelho de
Jesus à luz da Doutrina Espírita, registrando a História
do Espiritismo no Brasil, esclarecendo dúvidas e
consolando corações aflitos e sedentos de paz.
Lançado inicialmente como um jornal, com quatro páginas
de texto, formato que conservou até dezembro de 1902, o
periódico, então com modesta tiragem, circulava
quinzenalmente. Uma boa quantidade de cada edição era
despachada via marítima para Lisboa, Portugal, onde
cumpria idêntica função de divulgação da doutrina no
país onde, à época, as mensagens recebidas pelo médium
Fernando de Lacerda suscitavam vivos debates.
Sobre essa fase e as dificuldades enfrentadas, Zêus
Wantuil escreveu em seu livro Grandes Espíritas do
Brasil:
Elias da Silva, porém, era de vontade tenaz e
inquebrantável, e não seriam as dificuldades de toda
ordem, as oposições sectaristas e os sarcasmos de todos
os lados que o desencorajariam no empreendimento que lhe
dominou o cérebro (...). Elias lançou o Reformador em
21 de janeiro de 1883 (...) com os recursos tirados do
seu próprio bolso, situando a redação e oficinas em seu
atelier fotográfico (...) onde também residia com sua
família.
Até 1º de fevereiro de 1888, o Reformador teve as
suas Secretaria e Tesouraria à rua da Carioca, 120/2º
andar, local de residência e de trabalho de Elias da
Silva. Havendo, por essa época, necessidade de mais
espaço para o desenvolvimento daquela publicação, a
Diretoria decidiu instalá-lo no prédio nº 17 (depois nº
25) da rua do Clube Ginástico (atual rua Silva Jardim),
para onde também se transferiu a sede da Federação
Espírita Brasileira, que então se achava à rua do
Hospício (atual rua Buenos Aires), nº 102.
Quem foi Augusto Elias da Silva
Augusto Elias da Silva nasceu em Portugal no ano de
1848, mas viveu a maior parte de sua existência na
cidade do Rio de Janeiro, onde exerceu a profissão de
fotógrafo profissional, vindo a desencarnar aos 55 anos
de idade no dia 18 de dezembro de 1903.
Sobre sua adesão ao Espiritismo, ele próprio assim
escreveu:
Em 1881, fui convidado a assistir a uma sessão na sala
da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, à rua da
Alfândega n.º 120. As minhas convicções nesta época eram
as do mais lato indiferentismo religioso, não tendo a
menor parcela de dúvida sobre a não existência da alma.
Não admitindo os fenômenos das diversas religiões, só
via nelas agrupamentos de ociosos e amigos de dominar,
explorando a ignorância das massas, geralmente
supersticiosas e inclinadas ao sobrenatural.
Foi-me aconselhada a leitura das obras do imortal
Kardec. Pela leitura, despertou-se-me o desejo de
verificar experimentalmente as teorias que ia bebendo, e
comecei a frequentar as sessões dos grupos e sociedades
então existentes, onde gradativamente fui recebendo as
provas mais robustas da manifestação dos que eu chamava
mortos. (Reformador de 1º de setembro de 1891.)
Estudando com ardor as obras de Kardec e todas as demais
que adquiria para aumentar seus conhecimentos acerca da
Doutrina, em pouco tempo Elias traduzia seu entusiasmo e
sua vontade de servir à Causa, tornando-se ativo membro
da Comissão Confraternizadora da Sociedade Acadêmica
Deus, Cristo e Caridade.
Fundou, a seguir, o Grupo Espírita Menezes, nome dado em
homenagem a Antônio Carlos de Mendonça Furtado de
Menezes, que fora diretor da Sociedade Acadêmica Deus,
Cristo e Caridade, e cujo bondoso Espírito, desencarnado
em 11 de dezembro de 1879, dirigia então os trabalhos do
referido Grupo. Essa Sociedade muitos benefícios
espalhou e em 1885 fundiu-se à Federação Espírita
Brasileira, para a qual se transferiram seus sócios.
Fundar e conservar um órgão de propaganda espírita no
Brasil imperial, que tinha o Catolicismo como religião
oficial, era tarefa das mais árduas, visto que todas as
baterias do Catolicismo estavam assestadas contra o
Espiritismo.
Dos púlpitos brasileiros, principalmente na Capital,
choviam anátemas sobre os espíritas, os novos hereges
que cumpria abater. Datada de 15 de junho de 1882, fora
distribuída ao Episcopado brasileiro uma Pastoral do
Bispo da Diocese de S. Sebastião do Rio de Janeiro, na
qual o Antigo Testamento era astuciosamente citado para
contraditar as comunicações mediúnicas.
Amparado e incentivado dentro do lar por duas almas boas
e valorosas, sua sogra, D. Maria Baldina da Conceição
Batista, e sua esposa, D. Matilde Elias da Silva, de
quem teve um filho também chamado Augusto, ambas
espíritas convictas, Elias lançou o periódico Reformador em
21 de janeiro de 1883, situando a redação e as oficinas
em seu atelier fotográfico, situado na rua da Carioca,
120 - 2º andar, onde também residia com sua família.
A partir daí, os
espíritas brasileiros conhecem a história. Reformador passou
à propriedade da Federação Espírita Brasileira, da qual
é seu órgão oficial, cujo acervo digital – desde a
fundação do periódico em 1883 até os nossos dias - pode
ser consultado por todos aqueles que se interessam pela
história do movimento espírita em nosso país. Para
acessar o acervo, clique
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