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por Rogério Coelho

 

Na conquista da felicidade


A felicidade independe dos sempre transitórios valores externos

 

“Estuda e examina, observa e experimenta, e resoluto avança no

trabalho libertador, agindo com acerto para encontrares, mais tarde,

na realização superior, a felicidade que buscas.”

- Joanna de Ângelis[1]

 

A felicidade, tal como a educação, não vem de fora para dentro, mas de dentro para fora. Afinal, não foi Jesus quem disse que o Reino dos Céus não vem com aparências exteriores e está dentro de nós?

Ao contrário do que se possa imaginar, é possível lograr a felicidade mesmo em contextos tão adversos e tristes como os que são oferecidos pelos mundos de provas e expiações, no qual ainda estamos mergulhados até ao pescoço.

A felicidade está em toda parte, em qualquer tempo, e principalmente dentro de nós, uma vez que Jesus ali localizou o Reino dos Céus. Portanto, está à nossa disposição: É pegar e fruir.  Mas, como?!

Joanna de Ângelis1 mostra-nos que “(...) vivemos momentos de felicidade sem que os percebamos: diante dos nossos olhos estão as paisagens ricas de beleza e cor; as oportunidades de edificação no bem desfilam ao nosso lado; seguem conosco as bênçãos de Deus que ainda não soubemos valorizar; as ocasiões de amar e sermos amados multiplicam-se a todo instante”.

“Para romper a carapaça que nos impede o claro discernimento e aprender a ser feliz” – continua a nobre Mentora, “basta reservar alguns minutos diários para o silêncio, a reflexão, a oração”.  E aconselha também: “seleciona uma página edificante para uma leitura enriquecedora; conserva o otimismo em qualquer circunstância; nunca duvides da ajuda de Deus; faze o bem, sempre que te surja ocasião, e, quando esta não te aparecer, proporciona-te o ensejo; fixa a alegria e olvida a tristeza, a mágoa, a ofensa, pois só a felicidade merece consideração. A felicidade, desse modo, está esperando por ti. Não a desconsideres nem fujas da sua presença”.

Por sua vez, Léon Denis mostra-nos onde podemos encontrar e conservar a nossa felicidade, dizendo que “(...) para achá-la basta empreender aprofundados estudos do Mundo Espiritual, pois, buscando conhecê-lo, encontraremos a felicidade aqui e agora”.

Continua o nobre e fiel discípulo de Kardec[2]: “(...) apesar das dificuldades que apresenta, não há estudo mais fecundo que esse do Mundo dos Espíritos. Abre ao pensamento perspectivas inexploradas, ensina a nos conhecermos, a penetrarmos os recônditos do nosso ser, a analisarmos as sensações, a medirmos as faculdades, e, em seguida, a regularmos adequadamente o seu exercício. É esta, por excelência, a ciência da vida da alma, não só em seu estado terrestre, mas também em suas transforma­ções sucessivas através do tempo e do espaço.

O Espiritismo experimental pode tornar-se um meio de conciliação, um traço de união entre estes dois siste­mas inimigos: o espiritualismo metafísico e o materialismo, que há tantos séculos, se combatem e se dilaceram sem resultado algum.

Adota os princípios do primeiro, faz em ambos a luz e fornece-lhes uma base de certeza; satisfaz ao segundo, procedendo conforme os métodos científicos, mostrando, no perispírito, corpo fluídico semimaterial, a causa de numerosos fenômenos físicos e biológicos. Ainda mais: traz a síntese filosófica e a concepção moral de que es­tava desprovida a Ciência, sem as quais ficava esta sem ação sobre a vida social.

A Ciência, ou, antes, as ciências ocupavam-se princi­palmente com o estudo parcial e fragmentário da Natu­reza. Os progressos da Física, da Química, da Zoologia são imensos, os trabalhos realizados, dignos de admira­ção; mas, nenhum deles tem sequência, coesão ou uni­dade.  Conhecendo somente um lado da vida, o exterior, o mais grosseiro, e querendo, sobre estes insuficientes dados, regular o jogo das leis universais, a ciência atual, lacô­nica e insípida classificação de fatos materiais, limita-se a uma teoria do mundo, puramente mecânica, inconciliá­vel com a ideia de justiça, pois, em suas consequências lógi­cas, chega à conclusão de que, em a Natureza, a força é o único direito.

Eis por que a Ciência ficou impotente para exercer influência moralizadora e salutar.   Privada até aqui de qualquer ponto de vista sintético, ela não havia podido fazer jorrar dos trabalhos acumulados essa concepção superior da vida, que deve fixar os destinos do homem, traçar seus deveres e fornecer-lhe um princípio de me­lhoramento individual e social.

Essa concepção nova, que coordena os conhecimentos particulares, solidariza seus elementos esparsos e comuni­ca-lhes unidade, harmonia; essa lei indispensável à vida e ao progresso das sociedades, tudo isso é trazido pelo Espiritismo à Ciência, com a síntese filosófica que deve centuplicar o seu poder.

(..) O Espiritismo revela que Deus não é abstração metafísica, vago ideal perdido nas profundezas do sonho, ideal que não existe, conforme o dizem Vacherot e Renan, senão quando n’Ele pensamos. Não; Deus é um ser vivo, sensível, consciente. Deus é uma realidade ativa.  Deus é nosso pai, nosso guia, nosso condutor, nosso me­lhor amigo; por pouco que Lhe dirijamos nossos apelos e que Lhe abramos nosso coração, Ele nos esclarecerá com a Sua luz, nos aquecerá no seu amor, expan­dirá sobre nós Sua Alma imensa, Sua Alma rica de todas as perfeições; por Ele e n`Ele somente nos sen­tiremos felizes e verdadeiramente irmãos; fora d`Ele só encontraremos obscuridade, incerteza, decepção, dor e miséria moral.

(...) É grande a missão do Espiritismo, são incalculáveis as suas consequências morais. Data somente de ontem, entretanto, que tesouros de consolação e esperança já não espalhou pelo mundo! Quantos corações contristados, frios, não aqueceu ou reconfortou! Quantos desesperados retidos sobre o declive do suicídio!  O ensino desta Dou­trina, sendo bem compreendido, pode acalmar as mais vivas aflições, comprimir as mais fogosas paixões, desper­tar a todos a força da alma e a coragem na adversidade.

O Espiritismo é, pois, uma poderosa síntese das leis físicas e morais do Universo e, simultaneamente, um meio de regeneração e de adiantamento.  Infelizmente, pouquíssimas pessoas se interessam por esse estudo. A vida da maioria delas é uma carreira frenética para os bens ilu­sórios. O ho­mem, em sua cegueira, desdenha aquilo que o faria viver feliz, tanto quanto se pode ser neste mundo, satisfa­zendo o bem e criando em torno de si uma atmosfera de paz e de recolhimento”.

 


[1] - FRANCO, Divaldo. Momentos de felicidade. Salvador: LEAL, 1999, p. 11.

[2] - DENIS, Léon. Depois da morte. 23.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2004, 3ª parte, cap. XXVIII, p. 195-197; e “O grande enigma. 6.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1980, 1ª parte, cap. VIII, p. 106.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita