Na conquista da felicidade
A felicidade independe dos sempre transitórios
valores externos
“Estuda e examina, observa e experimenta, e
resoluto avança no
trabalho libertador, agindo com acerto para
encontrares, mais tarde,
na realização superior, a felicidade que
buscas.”
- Joanna de
Ângelis
A felicidade, tal como a educação, não vem de
fora para dentro, mas de dentro para fora.
Afinal, não foi Jesus quem disse que o Reino dos
Céus não vem com aparências exteriores e está
dentro de nós?
Ao contrário do que se possa imaginar, é
possível lograr a felicidade mesmo em contextos
tão adversos e tristes como os que são
oferecidos pelos mundos de provas e expiações,
no qual ainda estamos mergulhados até ao
pescoço.
A felicidade está em toda parte, em qualquer
tempo, e principalmente dentro de nós, uma vez
que Jesus ali localizou o Reino dos Céus.
Portanto, está à nossa disposição: É pegar e
fruir. Mas, como?!
Joanna de Ângelis1 mostra-nos
que “(...)
vivemos momentos de felicidade sem que os
percebamos: diante dos nossos olhos estão as
paisagens ricas de beleza e cor; as
oportunidades de edificação no bem desfilam ao
nosso lado; seguem conosco as bênçãos de Deus
que ainda não soubemos valorizar; as ocasiões de
amar e sermos amados multiplicam-se a todo
instante”.
“Para romper a carapaça que nos impede o claro
discernimento e aprender a ser feliz” – continua
a nobre Mentora, “basta
reservar alguns minutos diários para o silêncio,
a reflexão, a oração”. E aconselha também:
“seleciona uma página edificante para uma
leitura enriquecedora; conserva o otimismo em
qualquer circunstância; nunca duvides da ajuda
de Deus; faze o bem, sempre que te surja
ocasião, e, quando esta não te aparecer,
proporciona-te o ensejo; fixa a alegria e olvida
a tristeza, a mágoa, a ofensa, pois só a
felicidade merece consideração. A felicidade,
desse modo, está esperando por ti. Não a
desconsideres nem fujas da sua presença”.
Por sua vez, Léon
Denis mostra-nos onde podemos encontrar e
conservar a nossa felicidade, dizendo que “(...)
para achá-la basta empreender aprofundados
estudos do Mundo Espiritual, pois, buscando
conhecê-lo, encontraremos a felicidade aqui e
agora”.
Continua o nobre
e fiel discípulo de Kardec:
“(...) apesar das dificuldades que apresenta, não
há estudo mais fecundo que esse do Mundo dos
Espíritos. Abre ao pensamento perspectivas
inexploradas, ensina a nos conhecermos, a
penetrarmos os recônditos do nosso ser, a
analisarmos as sensações, a medirmos as
faculdades, e, em seguida, a regularmos
adequadamente o seu exercício. É esta, por
excelência, a ciência da vida da alma, não só em
seu estado terrestre, mas também em suas
transformações sucessivas através do tempo e do
espaço.
O Espiritismo experimental pode tornar-se um
meio de conciliação, um traço de união entre
estes dois sistemas inimigos: o espiritualismo
metafísico e o materialismo, que há tantos
séculos, se combatem e se dilaceram sem
resultado algum.
Adota os princípios do primeiro, faz em ambos a
luz e fornece-lhes uma base de certeza; satisfaz
ao segundo, procedendo conforme os métodos
científicos, mostrando, no perispírito, corpo
fluídico semimaterial, a causa de numerosos
fenômenos físicos e biológicos. Ainda mais: traz
a síntese filosófica e a concepção moral de que
estava desprovida a Ciência, sem as quais
ficava esta sem ação sobre a vida social.
A Ciência, ou, antes, as ciências ocupavam-se
principalmente com o estudo parcial e
fragmentário da Natureza. Os progressos da
Física, da Química, da Zoologia são imensos, os
trabalhos realizados, dignos de admiração; mas,
nenhum deles tem sequência, coesão ou unidade.
Conhecendo somente um lado da vida, o exterior,
o mais grosseiro, e querendo, sobre estes
insuficientes dados, regular o jogo das leis
universais, a ciência atual, lacônica e
insípida classificação de fatos materiais,
limita-se a uma teoria do mundo, puramente
mecânica, inconciliável com a ideia de justiça,
pois, em suas consequências lógicas, chega à
conclusão de que, em a Natureza, a força é o
único direito.
Eis por que a Ciência ficou impotente para
exercer influência moralizadora e salutar.
Privada até aqui de qualquer ponto de vista
sintético, ela não havia podido fazer jorrar dos
trabalhos acumulados essa concepção superior da
vida, que deve fixar os destinos do homem,
traçar seus deveres e fornecer-lhe um princípio
de melhoramento individual e social.
Essa concepção nova, que coordena os
conhecimentos particulares, solidariza seus
elementos esparsos e comunica-lhes unidade,
harmonia; essa lei indispensável à vida e ao
progresso das sociedades, tudo isso é trazido
pelo Espiritismo à Ciência, com a síntese
filosófica que deve centuplicar o seu poder.
(..) O Espiritismo revela que Deus não é
abstração metafísica, vago ideal perdido nas
profundezas do sonho, ideal que não existe,
conforme o dizem Vacherot e Renan, senão quando
n’Ele pensamos. Não; Deus é um ser vivo,
sensível, consciente. Deus é uma realidade
ativa. Deus é nosso pai, nosso guia, nosso
condutor, nosso melhor amigo; por pouco que Lhe
dirijamos nossos apelos e que Lhe abramos nosso
coração, Ele nos esclarecerá com a Sua luz, nos
aquecerá no seu amor, expandirá sobre nós Sua
Alma imensa, Sua Alma rica de todas as
perfeições; por Ele e n`Ele somente nos
sentiremos felizes e verdadeiramente irmãos;
fora d`Ele só encontraremos obscuridade,
incerteza, decepção, dor e miséria moral.
(...) É grande a missão do Espiritismo, são
incalculáveis as suas consequências morais. Data
somente de ontem, entretanto, que tesouros de
consolação e esperança já não espalhou pelo
mundo! Quantos corações contristados, frios, não
aqueceu ou reconfortou! Quantos desesperados
retidos sobre o declive do suicídio! O ensino
desta Doutrina, sendo bem compreendido, pode
acalmar as mais vivas aflições, comprimir as
mais fogosas paixões, despertar a todos a força
da alma e a coragem na adversidade.
O Espiritismo é, pois, uma poderosa síntese das
leis físicas e morais do Universo e,
simultaneamente, um meio de regeneração e de
adiantamento. Infelizmente, pouquíssimas
pessoas se interessam por esse estudo. A vida da
maioria delas é uma carreira frenética para os
bens ilusórios. O homem, em sua cegueira,
desdenha aquilo que o faria viver feliz, tanto
quanto se pode ser neste mundo, satisfazendo o
bem e criando em torno de si uma atmosfera de
paz e de recolhimento”.