A casa espírita e as
doenças
A Terra pode ser vista como uma grande
casa de saúde, pois para cá, em sua
grande maioria, são encaminhados
Espíritos ainda doentes. Jesus - seu
Governador -, pode ser visto também como
o Diretor de grande complexo hospitalar.
Por esta razão, há tantas doenças
físicas grassando em nosso cotidiano,
considerando que os seus habitantes são
doentes e comunicam estas desarmonias
aos seus corpos perecíveis, quando de
sua formação e durante o período da
existência corpórea, seja pela mente
adoecida ou pelo perispírito danificado.
No capítulo das enfermidades,
praticamente todos têm um caso a relatar
consigo mesmo ou com conhecidos, e mais,
basta começar a falar de doenças que
logo se adicionam outros depoimentos. É
a realidade de um mundo ainda destinado
a criaturas em variadas provações e
contundentes expiações.
Não se enviam para um hospital os que se
acham saudáveis, sendo assim, ainda
estamos obrigados a conviver com
incontáveis manifestações de desarmonia
em nossos corpos materiais, umas mais
graves, outras nem tanto.
Quanto mais gente encarnada, mais
hospitais são construídos, em uma
espiral aparentemente sem fim, visto que
não existe por parte da Ciência do
mundo, de modo geral, a sabedoria para
atuar na fonte do problema, na sua raiz:
o imortal Espírito ainda doente.
As práticas médicas visam,
tradicionalmente, a sanar os sintomas,
as consequências das moléstias, e,
enquanto não admitem que o reencarnante
já traz em sua mente matrizes de doenças
espirituais e, no perispírito, matrizes
de doenças físicas, ou seja, em ambos os
casos, as fontes dessas muitas mazelas,
em vão se tentará debelá-las e a luta
será inglória, pois o berço do problema
não está no desalinho da matéria em si,
muito menos apenas na genética, mas sim
na entidade reencarnante, no binômio
alma-perispírito.
Entendendo perfeitamente esta dinâmica,
a Doutrina Espírita propôs no recuado
século XIX uma nova abordagem no campo
das doenças, uma verdadeira revolução na
forma de tratar a questão, pois ensina
que é preciso sanar o mal na sua matriz
e, para tanto, envida todos os esforços
em sugerir aos doentes mudanças em suas
condutas e pensamentos, caso contrário,
não vencerão a luta para dominar as suas
patologias.
Entretanto, alguns desavisados
seguidores do Espiritismo em atividades
dentro das agremiações espíritas, embora
sinceros na tentativa de ajudar os
muitos doentes batendo às portas dos
Centros, confundem a proposta espírita e
organizam verdadeiras UPAs dentro
do ambiente espírita, seguramente uma
prática estranha.
Organizam atendimentos por meio de
médiuns que, eventualmente, mantêm
contato mediúnico com médicos do espaço,
e se propõem assim a curar todas as
moléstias do mundo, não importa qual
seja, tanto as de ordem espiritual –
função da casa espírita -, quanto as de
ordem física – função das ciências
médicas.
Essa prática não se faz totalmente
equivocada, caso a direção do trabalho
mantenha rigoroso controle sobre os
ditos pacientes,
iniciando tratamentos espirituais apenas
com os que comprovadamente frequentem as
reuniões públicas ou de estudos,
simultaneamente aos assim chamados
atendimentos médicos. Contudo, na
dúvida, é melhor não manter esse tipo de
atividade.
Além disso, nenhum enfermo deveria ser
aceito caso não tenha antes recorrido
aos médicos encarnados, com o objetivo
de primeiro tratar com os profissionais
de cada área, e, não obtendo sucesso na
melhora da condição física, somente
nestes casos, deveria recorrer ao
tratamento espiritual oferecido por uma
casa espírita, e jamais os promotores
dessas atividades devem prometer curas,
sejam de que ordem for.
Entretanto, geralmente, não é o que se
observa.
Na ânsia de atender a todos e,
simultaneamente, aumentar a frequência
ao centro, alguns afrouxam os
requisitos, permitindo a qualquer um que
se apresente relatando uma indisposição
qualquer adentrar o serviço médico e
iniciar um tratamento sem qualquer
critério objetivo: uma verdadeira
temeridade!
Assim agindo, esses equivocados
espíritas distorcem o objetivo da
Doutrina, incutindo na mente dos
incautos que poderão obter curas
milagrosas por meio das práticas
espíritas, incentivando os doentes a se
manter doentes, pois não se atinge a
plena saúde mental e física sem mudanças
- algumas radicais - na forma de se
pensar e viver.
Ademais, criam nas mentes dos doentes
entendimentos infantis, totalmente
distantes da realidade, de que Deus, ou
mesmo Jesus, estão à disposição de todos
para curá-los, indiscriminadamente, sem
qualquer fundamento, em detrimento de
outros, que não são espíritas.
E mais, ao trazer sistematicamente
doentes ao centro sem tratá-los como
orienta a Doutrina, perturbam o ambiente
espiritual da instituição, uma vez que o
Espírito doente divide os seus fluidos
enfermiços com os desavisados
trabalhadores da atividade. Estes,
muitas vezes, não possuem a noção
adequada do perigo que estão correndo
interagindo com desconhecidos que
poderão estar doentes por conta de
cruéis obsessores e que não serão
convenientemente esclarecidos sobre esta
ligação doentia em um atendimento de
breves minutos.
Há outra vertente mais inadequada ainda
que é a das curas por intermédio de
supostas cirurgias: um verdadeiro
descalabro.
É compreensível a busca e a oferta de
milagres na área da saúde. No entanto, a
atitude correta é sempre a da cura
interior, da instalação da saúde
espiritual, que sempre proporciona paz e
alegria, mesmo quando sob a injunção do
sofrimento.1
O ideal é que a casa mantenha apenas
reuniões públicas e de estudos, para
todas as faixas de idade, além das
atividades mediúnicas, incentivando
aqueles que a procuram a buscar solução
de suas mazelas usando a justa
compreensão das leis de Deus, jamais
sugerindo que os espíritas possuem
poderes mágicos e médicos para
adentrar e solucionar graves questões
que às vezes se formaram ao longo de
séculos.
Não é objetivo da Doutrina curar corpos
físicos, ou seja, sintomas, mas sim corpos espirituais
– Espíritos -, de modo que, curando o
dono do corpo - Espírito -, este não o
adoeça mais uma vez, por conta de seus
pensamentos em desalinho e condutas
descuidadas com o próximo e consigo
mesmo.
[...] a saúde integral é preservada,
quando os indivíduos mantêm condutas
saudáveis, tanto do ponto de vista
físico como emocional, cultivando
pensamentos elevados que proporcionam
clima de alegria e de paz.2
Espiritismo é filosofia de bom senso, e
manter verdadeiras UPAs espíritas
ao alcance de todos não é uma atitude de
equilíbrio.
Referências:
Manoel Philomeno de
Miranda - Psicografia de Divaldo Pereira
Franco, na reunião mediúnica de 26 de
fevereiro de 2014, no Centro Espírita
Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Publicada em abril de 2016 pelo
periódico Mundo
Espírita.