Não julgues
Não julgues o companheiro
Por desumano e insensato
Porque te não busque o trato,
Nas rosas de teu jardim.
Entende, ampara primeiro…
Não digas, em contrassenso:
— “Decerto, isso é como eu penso,
Deve aquilo ser assim…”
Muita vez, quem vai ausente,
Do conforto que te afaga,
Mostra o peito aberto em chaga,
A golpes de provação.
E enquanto o Céu te consente
A paz das horas seguras,
O pobre irmão que censuras
Traz fogo no coração.
De outras vezes, quem se isola,
Longe de falas e festas,
Não tem o mal que lhe emprestas,
Nem delibera fugir.
Apenas vive na escola
Do dever e da constância,
E se respira, a distância,
É para melhor servir.
Não vasculhes lodo e jaça,
Mirando a alheia conduta.
Quase sempre há dor e luta
Onde vês passo infiel.
Frequentemente, na taça
Que aparenta vinho oculto,
O pranto cresce de vulto,
Tisnado de angústia e fel.
Se ensinas a caridade,
Ouve Jesus que nos chama!
Não guardes vinagre e lama
Sob a fé que te conduz.
Acende a luz da bondade,
Porquanto também um dia
Mendigarás simpatia
Nas sombras da própria cruz!
Do livro Antologia
dos Imortais, obra
psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira.