Médiuns desconhecedores
da sua mediunidade
É comum conhecermos pessoas dotadas do ostensivo dom da
mediunidade e que são absolutamente ignorantes desse
patrimônio divino sem sequer saber do que se trata.
Uma senhora dona de casa — a quem chamarei aqui de L...
— que presta serviços de limpeza na minha residência,
pessoa simplória e semianalfabeta, relata-me com
frequência situações em que ela ouve vozes, sussurros,
vê vultos e em algumas situações intui que algo está
ocorrendo com um familiar seu que mora distante.
Meses atrás ela relatou-me a lamentável situação em que
se encontrava um irmão seu, residente na capital
paulista, preso por tráfico de drogas. Conta ela que, na
noite do dia em que ele foi flagrado cometendo o crime,
ela ouviu um grito desesperado dele. Na manhã seguinte,
a esposa do seu desditoso irmão telefonou para sua
família comunicando o triste episódio e pedindo-lhe
ajuda.
Numa outra residência, aqui em Fortaleza, cuja família
também se beneficia do mesmo trabalho dela de zeladora,
as ocorrências de manifestações espirituais são
costumeiras. Há uns dois anos, mais ou menos,
desencarnaram dois dos moradores daquela casa, o cabeça
do casal e a irmã da esposa dele. Tempos depois, a
senhora L... começou a ver um vulto com os mesmos traços
fisionômicos da falecida senhora; depois, passou a ouvir
sussurros e uma voz chamando pelo seu nome, que ela
garante ser a voz da dita senhorinha. Relata ainda a
senhora L... que a viúva, uma mulher de idade avançada,
constantemente lhe pergunta quem é aquela criança do
sexo masculino que ela sempre ver brincando ou
transitando pelo apartamento onde mora. Lá não mora
nenhuma criança e somente vez ou outra uma garotinha sua
aparentada vem visitá-la junto com seus pais.
D. L..., quinzenalmente desempenha o seu ofício numa
casa situada num sítio localizado nos arredores da
cidade de Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza,
cuja família é constituída de um casal com duas filhas
adultas e uma delas tem uma filhinha pequena. Conforme a
nossa zeladora, ocorrências estranhas são frequentes
naquela residência, um casarão muito antigo, e que
parece se acentuarem nos dias em que ela passa por lá.
Ela vê vultos, murmúrios de pessoas conversando, tudo
isso quando não há ninguém no recinto do casarão. O que
mais lhe intriga é o mal-estar que dela se apodera logo
que adentra o perímetro do sítio: dor de cabeça,
confusão mental, desarranjo intestinal, tudo isso sem
nenhum fator provocador aparente. Conta ela que, dia
desses, fazia uma tarefa na cozinha da casa quando viu
nitidamente passar próxima a ela uma pessoa com os
mesmos traços físicos e o mesmo vestido da dona da casa.
Estranhando isso, ela indagou ao dono da casa, que se
achava no recinto, onde se achava sua patroa e ele lhe
respondeu que ela estava lá fora, no terreiro da casa,
acompanhada da sua netinha. D. L... foi conferir e de
fato lá se achavam avó e neta, numa distância
considerável que não poderia ser percorrida entre o
instante em que ela avistou o vulto e o momento em que
ela deu poucos passos para ver as duas pessoas naquela
área externa do casarão.
Em face do que D. L... me relatou, expliquei-lhe que
certamente ela é dotada da mediunidade de audiência e
vidência e que deveria procurar orientações num centro
espírita sério onde, certamente, à luz do aprendizado,
poderia compreender e potencializar o seu maravilhoso e
ao mesmo tempo espinhoso dom mediúnico em favor do
próximo.
À luz deste fato podemos imaginar quantos milhões de
médiuns de grandes aptidões existem mundo afora,
ignorantes de seus dons mediúnicos, sofrendo por não
saberem explicar as estranhas percepções que
impressionam os seus sentidos ao verem ou ouvirem
pessoas ou vozes que não são materialmente palpáveis —
para ficarmos somente com os dois tipos de
parapercepções de audiência e de vidência. Não sabem
esses milhões de médiuns deseducados o quanto também se
beneficiariam por serem medianeiros a serviço de
Jesus-Cristo e, por consequência, burilando o seu
próprio aprimoramento moral.
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