Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Tolerância desde a infância


É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.
 Antonie de Saint-Exupéry


A raiz da intolerância está no lar, na educação da criança. Sim, porque ninguém nasce preconceituoso, ninguém nasce odiando raça ou determinada crença. Na infância, os filhos aprendem a ser intolerantes vendo as atitudes cotidianas de seus pais. (*)

Mas o que é ser tolerante?

Segundo a Declaração de Princípios sobre a Tolerância da Unesco, aprovada em 1995, ser tolerante é ter uma atitude ativa e de reconhecimento dos direitos universais da pessoa e suas liberdades. Assim, a tolerância seria o respeito e a aceitação da diversidade das diferentes culturas e modos de expressão (crenças e convicções).

A falta de tolerância, por sua vez, é bastante prejudicial, pois gera discussões, desentendimentos e pode, até mesmo, dar nascimento a atos de violência. Saber respeitar as diferenças é um dos caminhos garantidores da paz social.

Pais que desejam que seus filhos sejam pessoas tolerantes, portanto pessoas civilizadas, adeptas do espírito da concórdia e da paz, devem começar por ser tolerantes com eles desde o começo da vida. Em seguida, devem oferecer-lhes no contexto doméstico exemplos baseados na solidariedade, no respeito, na compreensão, que guiam o espírito da tolerância.

No dia a dia, os filhos precisam, por exemplo, ver os pais aceitarem as demais pessoas com as suas diferenças, pois ninguém é igual a ninguém e o mundo é composto por uma rica diversidade, sejamos brancos, negros, católicos, evangélicos, espíritas, ateus etc.

Para ensinar ao seu filho a tolerância, o respeito pela diversidade, é preciso também ensinar seu filho a pensar e agir de maneira inclusiva. É importante explicar reiteradamente aos filhos sobre a importância de respeitar as diferenças em casa (irmãos que gostam de coisas diferentes), na escola, na sociedade, de não criticar os outros por pensarem de forma distinta da nossa e mostrar a eles que cada um tem sua história e que merece respeito por isso.

Somos seres únicos. Cada um de nós tem sua raça, religião, crenças, escolhas e pontos de vista. E embora respeitar não signifique concordar, para vivermos sem sociedade de forma saudável e construtiva, precisamos entender – e ajudar nossos filhos a entenderem – que, apesar de diferentes, temos os mesmos direitos à igualdade e à liberdade de expressão.

Como a criança pode aprender a ser (mais) tolerante:

através de contos e histórias;

na convivência com outras crianças;

conhecendo diferentes culturas;

através das viagens em família;

aprendendo a não zombar dos outros;

conhecendo os benefícios da conciliação e da paz.

 

Notinha

A palavra tolerância vem do latim tolerare (sustentar, suportar). É termo que define, portanto, o grau de aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil etc. Ser tolerante é o mesmo que ser respeitoso.

 

(*) Na educação da criança o papel dos pais é, como sabemos, fundamental. Ensina o Espiritismo: "Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar­se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão." - O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, n. 9, mensagem de Santo Agostinho - espírito. (Nota da Redação)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita