Chico Xavier trabalhou na Fazenda de Criação do
Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, durante
muitos anos. Certa manhã, caminhava para o trabalho,
atravessando largo trecho de campo no rumo do
escritório, meditando sobre os trabalhos mediúnicos a
que se confiava. As exigências eram sempre muitas. Como
agir para equilibrar-se na tarefa?
Surgiam doentes pedindo socorro...
Aflitos rogavam consolação...
Curiosos reclamavam esclarecimentos...
Ateus insistiam pela obtenção de fé.
Os problemas eram tantos!
Quando curvava a cabeça, desanimado, aparece-lhe Emmanuel e
aponta-lhe um quadro a pequena distância. Era um lavrador ativo,
manejando uma enxada ao sol nascente.
— Reparou? — disse ele ao médium — guiada pelo cultivador, a
enxada apenas procura servir.
Não pergunta se o terreno é seco ou pantanoso, se vai tocar o
lodo ou ferir-se entre as pedras... Não indaga se vai cooperar
em sementeira de flores, batatas, milho ou feijão... Obedece ao
lavrador e ajuda sempre.
Logo após, fez uma pausa, e considerou:
— Nós somos a enxada nas mãos de Jesus, o Divino Semeador.
Aprendamos a servir sem indagar.
Chico, tocado pelo ensinamento, experimentou iluminada renovação
interior, e disse:
— É verdade! o desânimo é um veneno...
— Sim, — concluiu o orientador — a enxada que foge à glória do
trabalho cai na tragédia da ferrugem. Essa é a Lei.
O benfeitor despediu-se e o médium abraçou o trabalho, naquele
dia, de coração feliz e a alma nova.
Do livro Lindos casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama.
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