Médica acupunturista e de medicina estética,
Adriana Mara Freitas Ritti (foto) é
natural de Juiz de Fora (MG), onde reside.
Vinculada ao Centro Espírita Ivon Costa, traz
sua vivência espírita e profissional para o
binômio emoções x dores, além de
abordagem sobre as deturpações doutrinárias e
sobre os benefícios das reuniões virtuais de
estudos. E acrescenta ainda sua experiência na
Casa São Camilo de Lelis com pessoas em condição
de vulnerabilidade social. Todos esses assuntos,
de forma compacta, estão na seguinte entrevista:
De sua experiência profissional, como situar o
binômio emoções x dor?
A emoção é uma reação imediata que não envolve o
pensamento; um exemplo fácil é quando a pessoa
recebe uma notícia boa e imediatamente fica
alegre ou ao contrário começa a chorar. É
instintivo. Dependendo da intensidade, esta
reação pode permanecer mais tempo no corpo. É
diferente do sentimento que pode durar anos.
Passa pelo pensamento e a pessoa vai construindo
este sentimento ao longo do tempo. É fácil
perceber a emoção quando o coração acelera, o ar
parece faltar dos pulmões; já o sentimento é
algo profundo e que pode ser disfarçado pelo
indivíduo.
Para o corpo funcionar bem e permanecer
saudável, as pessoas costumam dar bastante
atenção à alimentação e à atividade física.
Entretanto, existe um outro fator que é a saúde
emocional. Medo,
raiva, alegria, tristeza e preocupação são
desarmonias que geram alterações em nós. Com
isso o indivíduo
pode desenvolver doenças físicas. A dor
física por exemplo, é um indicativo de que algo
está errado com o nosso corpo, é o sinal de
alarme de que alguma lesão está ocorrendo. A
dor é um mecanismo do corpo para passar uma
mensagem, mostrar que algo não vai bem. A dor é
o nosso sinal luminoso para prestarmos atenção.
Para os diferentes distúrbios orgânicos
resultantes desse desequilíbrio das emoções,
existe uma recomendação geral que possa ser
seguida desde já para atenuar essas causas?
Sim, o Espiritismo é muito claro trazendo para
nós o conhecimento da fé raciocinada. O que
falta para nós é a confiança em Deus, em Jesus e
nos Espíritos elevados. Não confiamos o bastante
e de uma forma geral, a humanidade não aceita as
pessoas como elas são e nem as coisas como elas
vem. Com isso passamos a viver o dia a dia sem
prestarmos atenção em nossas reações. Não
percebemos o tanto de raivas, intolerâncias,
irritabilidades que sentimos ao longo do dia.
Muitas vezes temos atitudes rebeldes e nem
notamos e com isso não buscamos raciocinar e
compreender a justiça divina. Que é justo
colhermos o que nós plantamos. Muitas vezes
passamos a maior parte do dia, nas mínimas
atividades e ações irritados e intolerantes.
Situe o leitor sobre a Casa São Camilo de Lelis,
de Juiz de Fora.
A Casa São Camilo de Lelis é uma Instituição
filantrópica com 50 anos de história atendendo a
população que vive em um estado de
vulnerabilidade social, com dificuldades de
sobreviverem por si só. É um albergue onde são
acolhidos homens e mulheres nestas situações e
que moram na Casa. Lá recebem carinho, atenção,
e toda a estrutura de uma moradia onde tentamos
ajudá-los a retornarem para a vida em sociedade
de forma digna.
Qual a experiência mais marcante colhida na
convivência com pessoas em situação vulnerável?
São muitas experiências no dia a dia de uma
instituição como a Casa São Camilo. Muitos
viviam em situação de rua ou eram solitários
vivendo em moradias precárias. Chegam adoentados
normalmente por dependência de álcool com as
suas consequências. Devido terem vivido uma vida
com tantas dificuldades financeiras, familiares
e sociais tentamos manter na Casa um ambiente de
alegria criando um clima de família com eles.
Uma experiência que tive muito marcante foi há
muitos anos atrás, quando iniciei meu trabalho
voluntário lá e no natal montamos uma árvore com
muitos enfeites e luzinhas, ficamos todos ao
redor da árvore, diminuímos a luz da sala e
cantamos a música "Noite Feliz". Logo a seguir
D. Marilda Bellini fez uma linda prece. Formamos
um coro maravilhoso e cada vez que lembramos do
fato nos emocionamos.
No atual momento do movimento espírita
observa-se inclusão de distorções doutrinárias
que extrapolam as paredes de uma instituição
espírita e se distribuem agora também
virtualmente. A principal causa é a falta de
conhecimento. Falta firmeza nas explanações e
direção nas instituições ou isso se deve mais à
imaturidade que caracteriza o comportamento
humano?
Muitas vezes o espirita não usa o tempo de
estudo para livros fundamentais como os da
codificação de Kardec ou de médiuns sérios e
confiáveis como Chico Xavier e dão prioridades a
livros que muitas vezes não tem fundamentos
espíritas ou escolhem livros de médiuns
desequilibrados. Com a falta de estudo, não
sabem discernir o que é uma teoria espírita e o
que não é. Percebemos uma passividade no
movimento espírita permitindo enxertos de
teorias não espíritas adentrando as casas
através de palestras e grupos de estudos.
Atualmente com a grande utilização de estudos
virtuais, isso não é diferente. Com o receio de
desagradar aos frequentadores vem ocorrendo uma
permissividade de conceitos não espíritas.
Dirigentes e coordenadores de grupos muitas
vezes esquecem que Espíritos Inferiores,
obsessores que querem destruir o Espiritismo
irão usar dirigentes ou frequentadores mais
fracos e frágeis daquela casa ou daquele grupo.
Há uma invigilância muito grande no movimento
espírita atualmente.
Como evitar inclusões indevidas que deturpam a
essência doutrinária do Espiritismo, na
intimidade dos grupos?
Estudando Kardec. dedicando -se aos livros
fundamentais da Codificação estimulando os
frequentadores a sentirem interesse em estudar o
espiritismo. Dirigentes das casas precisam
ficar atentos em quem são os coordenadores de
grupos de estudos ou quais oradores estão sendo
convidados para fazer as palestras públicas para
realmente divulgar o Espiritismo de forma
correta. Não divulgar entre os participantes
livros de conteúdo duvidosos. Observar com mais
atenção os tipos de trabalhos que estão sendo
desenvolvidos. Ter a coragem de não permitir
práticas não espíritas dentro das casas. Estas
inclusões ocorrem muito hoje em dia devido a
práticas trazidas de outras denominações
religiosas e que vão adentrando nos Centros
Espíritas fazendo um desserviço à divulgação
doutrinária. Tratamentos espirituais são
realizados com o passe e a água fluidificada e
não com o uso de camas, luzes, mantras e etc.
Ficar atento com as influências espirituais
inferiores que tem o objetivo de destruir
trabalhos promissores ... e destroem.
Sua experiência, desde o início da pandemia, das
reuniões virtuais diárias com estudos
sequenciais, tem facilitado boa interação dos
participantes. Isso é preventivo para evitar-se
deturpações? Como?
Realmente o estudo diário virtualmente tem sido
uma experiência especial. Desde fevereiro de
2020, quando começou a pandemia, iniciamos
encontros virtuais 3 vezes ao dia para nos
encontrarmos e conversarmos para evitar medos,
duvidas, tristezas e depressões diante da doença
desconhecida. Nestes encontros fazíamos preces,
estudamos muitos livros de Kardec, Emmanuel,
André Luiz, Humberto de Campos. Depois passamos
a nos encontrar duas vezes ao dia. Às 17:30
ocorre um estudo das obras de André Luiz.
Começamos com Nosso Lar e hoje estamos no livro
Nos domínios da Mediunidade. Às 20 h estudamos
vários temas espíritas. É um grupo com uma média
de 40 pessoas, frequentes, onde estudamos
diariamente inclusive aos sábados e domingos.
Como temos tempo para estudar, viemos ao longo
deste período esclarecendo dúvidas e com isso
pela repetição diária dos conceitos espíritas
achamos que neste método evitamos as deturpações
pois os participantes tem abertura para fazerem
perguntas.
E quem quiser participar, como deve proceder?
Será um prazer, temos participantes de várias
cidades como João Pessoa, Londrina, Belo
Horizonte. Adicionamos o celular da pessoa no
grupo de WhatsApp e 10 minutos antes do início é
colocado um link onde nos encontramos via Google
Meet. A duração é de 1 hora de estudos. Pedimos
para deixarem a câmera fechada. quem quiser
participar é só enviar uma mensagem para o
número 32- 99932-0107.
De suas lembranças nesses 30 anos de atividade
espírita, o que lhe sobressai à memória?
A melhor coisa que fiz na minha vida foi
conhecer o espiritismo em 1992. Agradeço à Deus
pois foi uma oportunidade que tive em aprender
tantas coisas bonitas. Reviver o evangelho de
Jesus e a aprender sobre a importância da
reencarnação tendo uma nova visão do que é a
vida. Sendo oradora espírita, tenho muitas
oportunidades do contato com uma literatura tão
rica e instrutiva.
Suas palavras finais.
Parabenizo você e a equipe de trabalhadores do
site O CONSOLADOR que abre espaço para que
conheçamos a experiência de outros irmãos
espíritas. E o que eu mais prezo é a união entre
nós espíritas, que fiquemos vigilantes e maduros
para podermos trabalhar junto de uma
equipe espiritual luminosa. A grande interação
entre desencarnados e encarnados para
desenvolvermos trabalhos no bem e divulgarmos a
Doutrina Espírita de forma correta sem
deturpações. Que aproveitemos melhor o nosso
tempo agora, no final da transição do planeta,
dedicando menos tempo para as alegrias do
mundo.
|