Meta fatal
Muitos indagam o que o futuro nos reserva: Para
onde vamos?
Alguns creem que, caso se portem de acordo com
os preceitos de sua religião, irão para um local
chamado Céu onde nada mais farão a não ser
contemplar a Natureza e se sentar ao lado do
Pai, isto por toda a eternidade.
Outros, ajuízam que por conta de seu modo de
vida distanciado das leis divinas, serão
conduzidos a um local chamado Inferno, onde
sofrerão as consequências de sua desatenção aos
princípios do Criador, igualmente pelos tempos
afora.
Os mais descrentes, nem se preocupam com este
desfecho, pois o nada os aguardaria, portanto,
não se importam se agem no bem ou no mal, afinal
o que interessa é viver na máxima intensidade
possível as oportunidades surgidas, aproveitando
tudo que a vida oferece, sem nenhum freio moral
ou ético.
São expectativas bem diversas sugerindo de
imediato que alguém está equivocado em relação
ao que nos aguarda após a morte, sendo possível
que todos estejam distantes da verdade.
À parte outras crenças, a espírita informa que
Deus há criado Espíritos desde sempre, e todos,
sem exceção, estão destinados a atingir a
perfeição relativa - pois a absoluta pertence a
Deus -, após incontáveis etapas de aprendizado
encarnados em mundos materiais, podendo
igualmente progredir durante os períodos em que
não estão envergando corpos físicos, conhecido
por erraticidade.
É oportuno lembrar, conforme elucida a filosofia
espírita, que os Espíritos ao conquistarem a
perfeição relativa, são chamados de anjos, ou
Espíritos puros.
Diante desta informação alguém poderia
perguntar: Alcançada esta meta, o que faremos!?
Para responder esta indagação, observemos, como
exemplo, a quarta obra básica da Doutrina
espírita, onde temos:
Os puros Espíritos são os messias ou mensageiros
de Deus pela transmissão e execução das suas
vontades. Preenchem as grandes missões, presidem
à formação dos mundos e à harmonia geral do
universo, tarefa gloriosa a que se não chega
senão pela perfeição. Os da ordem mais elevada
são os únicos a possuírem os segredos de Deus,
inspirando-se no seu pensamento, de que são
diretos representantes.
As atribuições dos Espíritos são proporcionadas
ao seu progresso, às luzes que possuem, às suas
capacidades, experiência e grau de confiança
inspirada ao Senhor soberano.1
Como se denota, o esforço que fizemos e faremos
para obter a condição de puro Espírito, nos
levará a realização de importantes missões,
auxiliando Deus na administração do
Universo, tarefas estas desempenhadas sob a
orientação única e exclusiva do Criador, não há
qualquer dúvida, pois nenhum Espírito, mesmo
puro, pode agir como bem entende. Sempre atuamos
onde é permitido e da forma estabelecida pela
Divindade.
É de se notar que é totalmente infundada a
expectativa de que vamos evoluir para descansar
eternamente em berço esplêndido, visão
infantil dos que acreditam que o trabalho é algo
ruim para o Espírito. Crendo que o trabalho é
algo temporário e ingrato, ajuízam que ao
conquistarem um lugar à direita do Pai, como
recompensa, jamais trabalharão, desfrutando as
delícias da beatitude em conjunto como os outros
eleitos.
Ledo engano, pois progredimos para trabalhar
mais ainda, contudo, quando estivermos em melhor
posição de entendimento das leis eternas,
plenamente preparados, veremos o trabalho como
uma ocupação natural e nos dará imenso prazer
atuar na imensidão do Universo sob a segura
tutela do Magnânimo.
E por qual razão afirmamos que esta destinação é
fatal?
Devido ao fato de que a Perfeita Sabedoria assim
determinou, ou seja, todos os Espíritos criados
serão conduzidos, através de seus esforços, mais
cedo ou mais tarde, à condição de pureza
espiritual. Isto é, não é permitido que as
criaturas de Deus adiem em definitivo o
atingimento desta meta. Esta prerrogativa não é
contemplada pela vontade do Pai, pois Ele deseja
que todos os seus filhos alcancem um patamar
evolutivo tal que permita a execução de
grandiosas missões.
Diante desta realidade, não esperemos melhores
condições para, só então, buscarmos a angelitude.
Ajamos agora, esta é a hora, pois a angelitude
surge apenas com o trabalho e não o inverso.
1 KARDEC,
Allan. O Céu e o Inferno. Tradução Manoel
Quintão. ed. 61. imp. 1. (Edição Histórica).
Brasília: FEB. 2013.1ª parte. cap. 3. item 12.