Há coisas que nunca devem ser ditas às
crianças
Só a educação liberta.
Epicteto
Quando eu era criança tinha muita vontade de estudar
piano. Aos dez anos fui matriculada em um conservatório
para dar início às aulas. Infelizmente, minha professora
era insensível e muito severa e eu, assustada, me
pegava, durante as lições, chorando ou pedindo
desculpas, o que aumentava o rigor da professora. Um
dia, eu me pus a chorar copiosamente e ela, no lugar de
me consolar, me disse rudemente: “você precisa parar de
chorar por essa bobagem!” Desse dia em diante, estava
tão estremecida que minha mãe cancelou as aulas no
conservatório e eu nunca mais voltei ao piano...
Adulta e mãe, sei que educar é um ato de amor – e amar
implica atenção também na comunicação. Comunicação não
violenta deve ser a vigente entre pais e filhos.
Igualmente, na escola, ensinar matemática, português ou
música para crianças também depende de uma comunicação
empática, não violenta. E é sabido hoje que certas
coisas nunca devem ser ditas às crianças, pois são
nocivas e as afetam negativamente na vida adulta.
Eis algumas frases que devemos evitar dizer aos nossos
filhos no começo da vida deles:
1- “Pare de chorar por essa bobagem.”
Raiva e tristeza são parte da vida. As crianças são
emocionais também e, pela imaturidade, não conseguem
lidar com o que sentem. Chorar no dia a dia é natural e
faz parte da jornada da infância. Além disso, quem somos
nós para avaliar como os outros se sentem?
2- “Não entendo por que você tem medo de formigas.”
Obviamente a criança tampouco entende, mas o fato é que
ela sente medo. E o medo ocorre de maneira involuntária,
inconsciente, motivo pelo qual não deveríamos julgar de
modo desrespeitoso o medo que nossos filhos pequenos
experimentam.
3- “Seu irmão faz isso muito melhor do que você.”
Não é nada construtivo compararmos os filhos com os
irmãos, primos, colegas de classe. Cada um de nós tem um
ritmo e um desenvolvimento. As comparações costumam ser
negativas e não colaboram com o processo educativo da
criança e, por isso, geram mágoa e uma atitude de
autodepreciação.
4- “Na sua idade eu fazia a lição de casa sozinho.”
Cada pessoa nasce habilitada para sua época. As coisas
mudam de uma geração a outra. É mais assertivo falar de
nosso filho e do seu contexto do que falar sobre nós
mesmos.
5- “Você é gordo/feio/burro."
Nossos filhos acreditam em tudo o que falamos. Além de
fonte de afeto, nós somos sua fonte confiável de
informação. Não destrua a autoestima de seus filhos
repetindo sentenças pejorativas a respeito deles. É
melhor reconhecer seus pontos fortes e ajudá-los em suas
dificuldades.