EJEN 2023: O jovem e a lei do progresso
"O homem desenvolve-se por si mesmo, naturalmente. Mas
nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo.
Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso
dos outros, por meio de contacto social.”
Foi às vésperas e durante os dias em que o Brasil parou
para apreciar as delícias do mundo terreno que jovens de
diversas localidades e voluntários, que dispuseram de
seu valioso tempo, se uniram em amor ao próximo e
durante três dias buscaram lapidar seus melhores
talentos, exalando afeto, companheirismo e muita
alegria.
Cerca de 50 trabalhadores receberam nas dependências do
Lar Anália Franco de Londrina entre os dias 18 e 20 de
fevereiro de 2023 aproximadamente 47 jovens de 12 a 21
anos, para o XXVI EJEN (Encontro de Juventudes Espíritas
Inter-Regional Norte/PR), evento que faz parte da
programação de encontros regionais de juventudes
espíritas do Paraná. Promovida pelas quatro UREs (Uniões
Regionais Espíritas) que compõem a Inter-Regional Norte
– 4ª, 5ª, 6ª e 16ª UREs – o encontro é uma iniciativa do
Departamento de Infância e Juventude da Federação
Espírita do Paraná (FEP), que contou na edição de 2023,
à frente do trabalho de coordenação geral, com Fúlvia
Gonçalves Perassolli, atual coordenadora do DIJ do
Centro Espírita Meimei de Londrina e diretora do DIJ da
16ª União Regional Espírita, anfitriã do evento deste
ano.
Para o primeiro dia, todos foram recepcionados com
alegria, muita música e um delicioso café da manhã.
Marcelo Seneda, presidente da 16ª URE, teceu breves e
valiosas palavras de otimismo, companheirismo e gratidão
pelos voluntários que ali estavam trabalhando, exaltando
a importância do trabalho no bem, bem como a
participação dos jovens no encontro. Também agradeceu
aos trabalhadores que contribuíram durante as semanas e
meses que antecederam o evento, encerrando sua fala com
uma prece. Em seguida, os jovens foram direcionados a
escolherem uma das oficinas disponibilizadas, entre
Música, Teatro, Artes plásticas (cartazes e origamis) e
Mídias sociais (redes sociais e fotografia), todas sob a
mesma ótica, trabalhar o eixo temático “Eis-me aqui”. O
objetivo era de situá-los de onde estavam e qual seu
propósito no encontro, ou seja, perceber-se e reconhecer
que fazem parte do movimento espírita, além de
integrá-lo e reconhecer suas afinidades e
singularidades.
Sabemos que a Evangelização Espírita da Infância e da
Juventude “tem, por finalidade, a vivência do amor em
Deus, ao próximo e a si mesmo, tendo como objetivo
primordial a formação do Homem de Bem por meio do
conhecimento doutrinário, do aprimoramento moral e do
ensejo à transformação social”.
Durante o dia, após os coordenadores das oficinas
trabalharem com os jovens suas respectivas atividades,
Elisângela Dias de Toledo, coordenadora do setor de
Juventude da FEP e coordenadora da equipe Doutrinária
EJEN 2023, conduziu os trabalhos embasados no eixo
“Porque não faço o bem que quero” a fim de identificar
as barreiras internas e pressões externas, percebendo
quanto é desafiador promover mudanças para nosso
progresso.
Estar no mundo atualmente constitui grande desafio para
homens e mulheres reencarnados na Terra. Violências de
toda ordem, crises político-econômicas, o apelo
consumista, a busca incessante por coisa nenhuma, tudo
isso reflete o quadro de aparente instabilidade que
domina o planeta. Viver nestes tempos e não se deixar
envolver pelos “ruídos” tormentosos que chegam até nós,
ou seja, estar no mundo, sem ser do mundo, exige do
filho de Deus sincero propósito de mudança. Mas,
pergunta-se, como conseguir agir assim em meio a tantos
apelos?
O nobre codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec,
na obra O Evangelho segundo O Espiritismo,
capítulo 17, intitulado Sede perfeitos, na mensagem “O
homem no mundo”, apresenta a proposta para se viver o
presente com o olhar no futuro. E assim, durante todo o
primeiro dia do EJEN 2023, as atividades trabalhadas
foram propositadamente desenvolvidas para gerar essas
reflexões, como, por exemplo, o “homem encapsulado”,
dramatização que trouxe à tona as dificuldades que o
homem enfrenta e que o levam a escolher seu estilo de
vida, sem preocupar-se com as mudanças, ou seja, “vendo
a vida passar”.
No segundo dia, às 6h30, a equipe responsável pela
música uniu-se ao nascer do Sol e assim, cantarolando
canções escolhidas especialmente para ocasião, caminhava
em volta das casas onde os jovens pernoitavam, a fim de
despertá-los para o novo dia de trabalho.
Sob o eixo “Não desprezes o dom que há em ti”, os
coordenadores trataram de expor, juntamente com seus
respectivos jovens, o varal das camisetas. Camisetas
essas feitas de papel e que continham palavras que
expressavam as virtudes de cada um, valorizando o dom
que havia em cada jovem. Afinal, “a humanidade progride
por meio dos indivíduos que pouco a pouco se melhoram e
instruem. Quando estes preponderam em número, tomam a
dianteira e arrastam os outros”. Em seguida, trabalharam
a construção da pirâmide de prioridades, definindo cada
um sua prioridade atual e futura, mantendo um diálogo
franco sobre essas questões.
No período da tarde, sob o eixo “Já não sou eu que vivo,
mas o Cristo que vive em mim”, os jovens foram divididos
em equipes definidas por cores. O objetivo era que
inicialmente desenvolvessem a sua bandeira de paz e
depois, em conjunto, participassem da gincana
colaborativa, composta por escrita em conjunto, laranja
na testa, corrida de PETS e passa no prato. Todas as
atividades foram realizadas em conjunto, de forma
colaborativa, desenvolvendo a empatia, o companheirismo,
o auxílio ao próximo e a paciência.
Durante a noite, após o jantar, Elisângela teceu breves
comentários sobre a participação de todos durante o
encontro, finalizando com lindas canções pela equipe
musical e a entrega de obras espíritas aos jovens,
estimulando a prática da leitura em busca do
conhecimento, afinal, “a fé inabalável é somente aquela
que pode encarar a razão em todas as épocas da
humanidade”.
No terceiro dia, os trabalhos começaram ao nascer do
Sol, às 6h30 com as canções que auxiliavam o despertar
da juventude para um novo dia, no qual, após o
costumeiro café da manhã, em plenária e assim como nos
demais dias, a equipe da música constantemente
reverberava amor em canções selecionadas carinhosa e
cuidadosamente para que cada momento fosse especial.
Com a programação mais curta para o último dia, a equipe
doutrinária trouxe para a reflexão todas as atividades
realizadas durante os três dias de evento, com o intuito
de relembrar como cada jovem chegou e que mudanças
puderam perceber após participarem do evento, que estava
recheado de brincadeiras, dinâmicas totalmente embasadas
na identificação de talentos, potencialidades e
consequentemente na construção do homem de bem.
Luísa Helena de Ornellas Vargas, 18 anos, membro da
mocidade Juventude 3 do Centro Espírita Nosso Lar, de
Londrina, e em fase transitória de jovem participante
para jovem voluntária, ao ser questionada sobre o que
mais lhe chamou atenção no evento, destacou quão
importante é ter a oportunidade única de estar junto com
vários jovens espíritas de diferentes cidades e
diferentes casas, “o que nos faz sair da nossa bolha.
Nestes encontros criamos laços únicos com pessoas
incríveis. Além disso, depois de todos os encontros de
que eu participei até então, nunca saí da mesma forma
que entrei. Sempre saímos com um melhor
autoconhecimento, aprendizado e vontade de melhorar”.
Luísa ainda complementou dizendo que “o maior
aprendizado até então foi trabalhar em equipe, e que no
departamento de música, no qual trabalhei neste
encontro, tudo o que fizemos foi resultado de um ótimo
trabalho em equipe. Todos nós tivemos a oportunidade de
contribuir com nossas habilidades”.
Fúlvia Gonçalves, coordenadora geral do EJEN 2023, disse
que uma das coisas que mais lhe chamou a atenção foi a
quantidade de pessoas que se colocaram à disposição de
ajudar. “Foram excepcionais, contribuíram até com o
olhar de carinho, com um sorriso. Era possível sentir o
amor presente, e tenho a certeza de que plantamos a
sementinha do verdadeiro Homem de bem”.
Como exemplo dessa união, podemos destacar aqui o
trabalho em equipe dos diretores dos Departamentos da
Infância e Juventude das quatro UREs: Joana pela 4ª URE;
Lucimeire pela 5ª URE; Rogério pela 6ª URE e Fúlvia pela
16ª URE, além dos jovens trabalhadores que por diversas
edições do evento estiveram ali, buscando identificar
qual seu papel no mundo e hoje atuando na seara do
Mestre. Um destaque também para a coordenadora da Área
da Família da 16ª URE, Sônia Barbosa. Todos em prol de
um único objetivo: crescer e evoluir juntos.
Portanto, façamos a diferença fazendo diferente. Sim,
não é tarefa fácil, mas o progresso é incessante e é uma
força viva, cuja ação pode ser retardada, mas jamais
anulada.
Foto: Marco Hisatomi e Marcel Gonçalves