Florescer onde estamos
“Trabalhai sempre. Essa é a lei para vós
outros e para nós que já nos afastamos
do âmbito limitado do círculo carnal.
Esforcemo-nos constantemente.” -
Emmanuel (O Consolador, item 226)
Cada ser humano sendo criado, por Deus,
na simplicidade e na ignorância e
caminhado ao longo do tempo, encontra-se
hoje na posição que conquistou pelos
seus próprios esforços. Se não avançou
mais na senda do progresso, foi por
livre escolha.
No entanto, a Providência Divina
disponibiliza recursos e mecanismos para
que cada um realize as suas tarefas e
funções dentro das aquisições que
possui, tendo amplas e totais
possibilidades de florescer onde e como
estiver, dependendo obviamente da força
de vontade, determinação e consciência
de sua imortalidade, fazendo o máximo
com a estrutura que tem, sem esperar
facilidades ou privilégios.
Francisco Cândido Xavier, órfão de mãe
aos cinco anos de idade, tendo vivido
com uma madrasta que o castigava
diariamente, trabalhado exaustivamente
desde muito pequeno, enfrentando sempre
doenças e adversidades, floresceu onde
estava. Exerceu a mediunidade por mais
de setenta anos, tendo publicado, em
parceria com os Espíritos, centenas de
livros, com os direitos autorais
destinados às Instituições de Caridade.
Consolou milhares de corações aflitos,
estimulou a fundação de inúmeros centros
espíritas e instituições de caridade e
assistência social. Fez tudo isso e
muito mais sem dar atenção às
dificuldades que sempre enfrentou.
Irmão Dulce, na Bahia, uma freira
extremamente caridosa, detentora de
grave doença pulmonar, tanto que só
dormia sentada num banquinho, pois
utilizava apenas um quarto de um dos
pulmões, se deitasse não respirava,
muito pobre, conseguiu construir na
cidade de Salvador-BA um hospital
destinado aos mais necessitados e,
posteriormente, uma creche para o
acolhimento de crianças. Irmã Dulce com
os poucos recursos que tinha floresceu
onde estava, sem nunca dar atenção às
adversidades que a cercavam, acreditando
sempre no seu potencial de realização.
Francisco de Assis, filho de abastado
comerciante na Itália, observando sua
vocação e amor aos mais pobres da
comunidade, ousadamente abandonou todas
as possibilidades de usufruir da fortuna
de seu pai, lançando-se a um notável
trabalho de organização da religião que
professava, colocando as lições de Jesus
Cristo na vivência prática,
exemplificando com seus intensos
esforços como deve portar-se um cristão.
Francisco de Assis floresceu onde
estava.
Todos esses personagens e tantos outros
que a história registra, com os recursos
e mecanismos que conquistaram, não
vacilaram em florescer onde estavam,
ignorando brava e corajosamente todas as
dificuldades que surgiam pela frente e
contribuíram, de forma decisiva, para a
construção de uma sociedade mais justa,
fraterna e humana.
E nós?
Meditemos!
Importante que observemos os recursos
que já amealhamos, mesmo que sejam
poucos, não importa, e também destemidos
e conscientes realizemos tarefas e
funções que possam ajudar na melhoria da
sociedade que nos acolhe, entendendo que
o bem que fazemos ao próximo em
realidade é o bem que fazemos a nós
mesmos.
Notadamente, não conseguiremos realizar
os feitos que essas personalidades
história produziram, mas não estamos
impedidos de oferecer também a nossa
contribuição, pois a soma de pequenas
realizações edifica os grandes
acontecimentos.
Floresçamos, então, onde estamos.
Pensemos nisso.