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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

Lembremos sempre: cada um está num degrau evolutivo


Um livrinho maravilhoso repleto de sábios capítulos e abordagem extremamente objetiva, em cuja fonte faço questão de sempre dessedentar o meu Espírito, é Os Minutos de Sabedoria, de autoria de Carlos Torres Pastorino. De fato, desde a minha juventude faço cuidadosas e constantes leituras do seu conteúdo inspirador. No culto semanal do Evangelho no Lar ou até mesmo naqueles momentos mais críticos da minha vida, lá vou eu recorrer às suas páginas abençoadas em busca de orientação. Para a minha felicidade sempre encontro algo alentador para dizer o mínimo. Vale ressaltar também que há nele uma mensagem muito interessante – todas são, na verdade – especificamente voltada à explicação do valor dos livros propriamente dito. 

Pastorino, com muito acerto e inspiração, nela destaca que o melhor amigo do homem é o livro. E justifica o seu raciocínio magistralmente lembrando que “O livro é um amigo discreto que não se impõe a ninguém, e só fala conosco quando temos vontade de conversar com ele”. Contrariamente ao cachorro, que sempre espera algo de nós em retribuição, o livro nos atende sem nada nos cobrar ou exigir. Ou seja, ele está ali sempre ao nosso alcance “disposto” a nos instruir, ajudar ou até mesmo dissipar as nossas inquietações por meio de argumentos edificantes e benfazejos, mas sem nada nos pedir ou insinuar em troca.

O livro e, por extensão, a leitura nos proporcionam incomensuráveis benefícios. A começar por nos introduzir novas ideias, pensamentos, teorias, fatos, acontecimentos, cenários, que, no geral, nos ajudam a melhor entender a coisas e a vida, enfim. Estou lembrando disso porque recentemente uma jovem com quem tenho contato, ao ser inquirida por mim se apreciava a leitura, respondeu-me sem qualquer laivo de hesitação: - “Não gosto de ler”.

Meio estupefato fiz-lhe algumas rápidas perguntas buscando melhor entendê-la. Devo esclarecer que ela é caixa de um grande supermercado. Os seus estudos não avançaram além do nível técnico e nem tampouco vislumbrei, em nossa rápida conversa, interesse de sua parte em atingir outro patamar em sua formação escolar. Fiquei com a nítida impressão que se trata de um ser humano sem grandes ambições – o que não constitui defeito ou falha passível de crítica – no que concerne à sua ampliação de aprendizado e desenvolvimento pessoal.

Cogitei em até lhe enviar algum texto pelo celular, mas a sua resposta fora de tal forma marcante, que não me senti estimulado a tomar qualquer iniciativa nesse sentido. Na verdade, pude no máximo lhe dizer, em poucas palavras, que a leitura é essencial para entender o que está acontecendo no mundo, refletir sobre o teor das críticas, argumentos e análises, enfim, e filtrar o que é verossímil do que não é.

Afinal de contas, acrescentei, nem tudo o que ouvimos ou lemos é expressão absoluta da verdade. Infelizmente, não pude passar desse ponto, já que outras pessoas aguardavam para serem atendidas. Confesso que não foi a primeira vez que ouvi isso de uma pessoa na minha vida. Para ser sincero, cheguei até mesmo a conhecer – pasmem! - certos espíritas que davam demonstrações inequívocas de deplorar a leitura. De fato, há pessoas que se informam exclusivamente por meio de programas de televisão, rádio ou mídias sociais. Não aceitam a possibilidade de ler conteúdos mais analíticos ou os robustamente compilados por um livro, jornal ou revista, assim como de desenvolver um raciocínio mais alicerçado.

Lembro-me, a propósito, de um amigo dos tempos de faculdade que só lia livros fininhos. Para ele ler algo mais volumoso era inaceitável... Mas voltando à referida moça, fiquei a lamentar o fato de que existem pessoas que abdicam da benfazeja oportunidade de aprender ou de se iniciarem em outros assuntos. Devido à misericórdia divina nascem e vivem com órgãos visuais perfeitos, mas não exploram essa dádiva a contento. Não exploram o sagrado e rico universo da leitura.

O Espiritismo, por exemplo, é uma doutrina que incentiva o cultivo à leitura como um autêntico imperativo, de modo a melhor entendermos os fenômenos espirituais, a vida como uma abençoada escola, o que Deus espera de nós e assim por diante. A leitura do seu excepcional material permite compreender o que estamos fazendo aqui e porquê passamos por situações e experiências provacionais ou expiatórias. Além disso, por meio do seu estudo passamos a entender o significado de viver, assim como o melhor caminho a seguir. Não por acaso, Allan Kardec, considerado o codificador do espiritismo, com muita contundência nos estimulou ao exercício da autoinstrução, pois, sabia ele ser esse a melhor alternativa para desfrutarmos de uma existência realmente proveitosa do ponto de vista espiritual.

Concluindo, a jovem à qual me referi está, infelizmente, menosprezando a possibilidade de descortinar outros horizontes e de evoluir com mais celeridade. Mas certamente um dia ela perceberá essa necessidade.  
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita