Dogmas da Igreja Católica Apostólica
Romana
É muito difícil para o aprendiz escrever sobre os dogmas
da Igreja Romana e para atingir seu primacial objetivo
foi preciso volver o pensamento e as pesquisas para
quando começou a caminhada do Cristianismo primitivo.
Logo nas primeiras leituras foi possível entender que a
Igreja nascente não foi criada por Jesus Cristo e sim
pela política vigente na época do imperador Constantino
(272-337 d.C.) juntamente com simpatizantes sob o modelo
do Cristo. Precisavam se estabelecer em assembleias como
instituição/empresa na criação de um estatuto que
regulasse o comportamento dos seus coidealistas. Nesse
regulamento foram colocados normas e dogmas já
discutidos e aprovados em Concílios anteriores pelos
maiorais da nova religião constituída, que viria a ser o
guia para quantos aderissem à causa que adotara o nome
de Igreja Católica Apostólica Romana.
Arrogou para si os direitos de posse dos Evangelhos
escritos pelos discípulos mais diretos de Jesus (que
nada escreveu) tornando-se guardiã das palavras e
ensinamentos que deveriam pertencer à humanidade
inteira, sem direitos autorais ou reservas a quaisquer
agrupamentos ou Instituições.
Algumas definições de Dogmas segundo os Léxicos e de
conhecimento geral:
“Na Igreja Católica Apostólica Romana, ponto de doutrina
(Dogmas) já por ela definido como expressão legítima e
necessária de sua fé” – (Novo Dicionário Aurélio, 1987,
pg.606, Ed. Nova Fronteira, São Paulo-SP).
Na Wikipédia, a enciclopédia livre, encontramos: “Um
Dogma é uma verdade revelada sobre a Fé Absoluta ou a
intransigência de opiniões”.
O Código de Direito Canônico de 25/1/1983 suavizou,
admitindo que “os que nascem imbuídos na fé em Cristo,
nas Comunidades separadas da Igreja católica, não podem
ser arguidos do pecado da separação, e a Igreja católica
os abraça com fraterna reverência e amor”. (Papa João
Paulo II).
O título acima bem como as definições dos léxicos
despertaram minha curiosidade para entender a milenar
imposição feita pela Igreja Romana através de Concílios
– assembleias de todos os bispos convocados para
discutir e resolver as questões doutrinárias ou
disciplinares da Igreja Cristã. Nos anos 49, 51,
197,306, 314 e outros ao longo da Era Cristã foram
realizados em sua maioria com a divulgação de novos
Dogmas contrários às leis naturais criadas por Deus. O
último Concílio – Vaticano II foi realizado em Roma nos
anos de 1962/1965, sob os Papas João XXIII e Paulo 6º,
considerados Santos pela Igreja.
Apenas como ilustração farei a citação de alguns desses
Dogmas que ferem as Leis Naturais criadas por Deus.
- o Limbo – local para onde vão as crianças que morrem
sem o batismo antes de terem chegado à idade da razão;
- a virgindade perpétua de Maria, pelo Concílio de Éfeso
em 431;
- o celibato, pelo Concílio de Latrão II em 1139;
- a infalibilidade papal, pelo Concílio Vaticano I em
1869/1870;
- os sete Sacramentos, pelo Concílio de Trento em
1545/1563.
Para punir as infrações aos dogmas canônicos foram
criados no século XII na França os Tribunais da Santa
Inquisição como reação da Igreja Católica contra a
ameaça ao seu poderio no mundo cristão, representada
pelas correntes protestantes – luteranismo, calvinismo e
outras – que surgiram no século XVI, e combater assim a
heresia, as blasfêmias, as bruxarias e os costumes
considerados desviantes. No Concílio de Trento foram
confirmados os princípios católicos e a condenação do
protestantismo.
Para o aprendiz em especial nestes últimos dez anos,
procurando conhecer as eventuais polêmicas entre o
Cristianismo e a Doutrina dos Espíritos, encontrei no
livro “A Gênese” de Allan Kardec em seu capítulo IV, que
trata do Papel da Ciência na Gênese; Ed. Histórica
2018, FEB/Brasília, pg.75 e seguintes, a compreensão
mais lógica para minimizar os contraditórios existentes
entre os Dogmas religiosos, a Ciência moderna e a
Doutrina Espírita.
“Segundo Kardec a história da origem de quase todos os
povos antigos se confunde com a da sua religião, é por
isso que seus primeiros livros versavam sobre religião.
E como todas as religiões se ligam ao princípio das
coisas, que é também o da humanidade, elas deram, sobre
a formação e a ordem do universo, explicações em
concordância com o estado dos conhecimentos da época e
de seus fundadores. Daí resultou que os primeiros livros
sagrados foram ao mesmo tempo os primeiros livros de
ciência, como foram durante largo período, o código
único das leis civis.
À medida que o homem se foi adiantando no conhecimento
dessas leis, também foi penetrando os mistérios da
criação e retificando as ideias que formara acerca da
origem das coisas. Impotente se mostrou o homem para
resolver o problema da Criação, até o momento em que a
Ciência lhe forneceu para isso a chave via os estudiosos
da Astronomia, Física, Química, Genética, Geologia,
Mineralogia e pela Arqueologia pôde o homem acompanhar
os traços que a humanidade deixou através das idades. O
homem foi se habilitando a tomar decisões mais sensatas
a partir do momento que conheceu a causa dos fenômenos.
A Bíblia, evidentemente, encerra fatos que a razão,
desenvolvida pela Ciência, não poderia hoje aceitar.
Alegorias ocupam ali considerável espaço ocultando
verdades ao âmago do pensamento, pois que logo
desaparece o absurdo. Levando suas investigações às
entranhas da Terra e às profundezas dos céus, demonstrou
a Ciência as interpretações errôneas do Antigo
Testamento tomadas ao pé da letra e a impossibilidade
material de terem as coisas passado como são ali
textualmente referidas. Assim procedendo a Ciência
desferiu fundo golpe nas crenças seculares. A fé
ortodoxa ficou combalida, porque julgou que lhe tiravam
a pedra fundamental. Na discussão do assunto, uma de
duas: ou a Ciência está em erro, ou tem razão. Se tem
razão não pode fazer seja verdadeira uma opinião que lhe
é contrária. Não há revelação que se possa sobrepor à
autoridade dos fatos.
Somente as religiões estacionárias podem temer as
descobertas progressistas, imobilizando-se no
absolutismo de suas crenças. Elas, em geral, fazem tão
mesquinha ideia da Divindade, que não compreendem que
assimilar as leis da natureza, que a Ciência revela, é
glorificar a Deus em suas obras. Na sua cegueira, porém,
essas religiões preferem render homenagens ao Espírito
do mal, atribuindo-lhe essas leis”.
Um dos dogmas ou resolução mais cruéis emanados da
Igreja Católica foi a proibição de os cientistas
realizarem e comprovarem novas descobertas, derrubando
os pilares da fé cega, sendo conduzidos ao sacrifício da
própria vida por terem se enveredado nos mistérios
divinos proibidos para o vulgo. Somente para citar,
(Queima dos Templários, Jan Huss, Jerônimo de Praga,
Galileu Galilei, Giordano Bruno) condenados como
heréticos pelos Tribunais da Santa Inquisição; Galileu
Galilei teve sua pena comutada para prisão perpétua
domiciliar); também eram levados às fogueiras
inquisitoriais aqueles que apresentassem o dom da
adivinhação, o banimento da mediunidade na sociedade,
sendo que essa faculdade é permitida por Deus a todas as
criaturas possuidoras do Livre Arbítrio e farão dela o
que bem entenderem e prestarão contas à própria
consciência pelo uso bom ou mal que dela fizerem.
Para entender melhor a Igreja Romana e seus Concílios
definindo seus Dogmas como uma verdade que está contida,
implícita ou explicitamente, na imutável Revelação
divina ou que tem com ela uma conexão necessária,
encontrei em Léon Denis (1846/1927-França) Livro escrito
em 1919, 7ª ed. FEB/Brasília.pg 71 com o Título:
“Cristianismo e Espiritismo”, uma das mais profundas
análises sobre “Alteração do Cristianismo. Os Dogmas”.
Escreve Léon Denis: ”Mas os homens, que amavam a verdade
pela verdade, não eram bastante numerosos nos Concílios
Doutrinários que melhor se adaptavam aos interesses
terrenos da Igreja, foram elaborados por essas célebres
assembleias que não cessaram de imobilizar e
materializar a Religião. Graças a elas e sob a soberana
influência dos pontífices romanos é que se elevou,
através dos séculos, essa mistura de Dogmas estranhos,
que nada têm de comum com o Evangelho e lhe são
muitíssimo posteriores”.
Acredito ter, com as pesquisas procedidas, acrescentado
algo mais aos meus ainda parcos conhecimentos da
Doutrina dos Espíritos e deixando para os eventuais
leitores fatos marcantes, mas ao mesmo tempo
contrastantes com a Doutrina da Igreja Católica
Apostólica Romana, a quem devemos respeitar e não
obrigatoriamente concordar, por sermos criaturas de
livre pensamento e escolha, maturos o suficiente para
não mais crermos cegamente sem questionar.
Roque Roberto Pires Carvalho,
advogado e mestre em Educação, reside em Botucatu (SP)