Caridade
Ei-la que surge em segredo,
Onde a lágrima aparece;
É bálsamo, luz e prece,
Sobre as chagas da aflição…
É o anjo que acorda cedo
E abraça a Terra sombria,
Estendendo a melodia
Que nasce do coração.
Aqui, é a bênção da escola
Que fulge, expulsando a treva,
Na doce voz que se eleva,
Para ajudar e instruir.
Ali, é o pão que consola
Os filhos da desventura,
Além, é a fé clara e pura,
Que acena ao sol do porvir.
Agora, é a gota de leite,
Nos lábios da criancinha,
Que, esfarrapada, caminha,
Sem a carícia do lar…
Depois, é o sublime enfeite
Da palavra humilde e boa,
Da esperança que abençoa
A glória de renovar.
Nutre, socorre, agasalha,
Ampara, educa, ilumina…
É como estrela divina,
Que não se nega a ninguém.
Sabe fazer da migalha,
Que Nosso Senhor lhe envia,
O milagre da alegria,
Que espalha o calor do bem.
A desfazer-se em carinho,
Sustenta, acalma, levanta,
Por mão generosa e santa,
Que vence a miséria e o mal;
Onde ela passa, o caminho,
Inda mesmo em sombra e prova,
É sempre alvorada nova,
Em brilho celestial.
De onde vem? Quem sabe ao certo?
Isso é vã curiosidade.
É somente Caridade,
A irmã da Divina Luz.
Mas quem a busque de perto,
Sem azedume ou cansaço,
E, em tudo, lhe siga o passo
Alcança o amor de Jesus.
Do livro Poetas redivivos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.