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por Roque Roberto Pires de Carvalho

 

Reciclagem


Falar sobre reciclagem exige um passageiro exame sobre o processo de reaproveitamento, ou seja, conversão do desperdício em materiais ou produtos de potencial utilidade. Em sentido estrito, a reciclagem de um material produziria idêntico material em bruto; por exemplo, papel de escritório usado seria convertido em novo papel de escritório. Em determinado momento as fibras de celulose vão se encurtando a cada novo processo terminando a fase do reaproveitamento.  Na reciclagem, por exemplo, das latas de alumínio ou fios de cobre, as propriedades físicas e químicas se mantêm e o processo pode ser repetido indefinidamente.

No Brasil desde 2010 existe uma lei que trata da Política Nacional de Resíduos sólidos. Existe, inclusive e de conhecimento mundial, o símbolo internacional da reciclagem, sendo seu autor Gary Anderson (1947). O símbolo exibe um triângulo formado por três setas no sentido horário, representando a indústria, o consumidor e a reutilização. Segundo consta em notas da Imprensa em um país das dimensões do Brasil, até hoje não há em muitas cidades a aplicação correta das diretrizes oficiais. Não obstante encontramos em diversos lugares as lixeiras específicas para coleta de lixo hospitalar, lixo orgânico, plásticos, papel e metal. Conceitualmente a reciclagem é um processo de transformação aplicado a materiais que podem voltar ao estado original, transformando-se em produtos iguais em todas as suas características, sendo um conceito diferente do de reutilização.

Portanto, esse sistema técnico para reutilização de determinados materiais nada mais é que, dentro de uma ótica econômica, encontramos em diversos estabelecimentos comerciais produtos baratos sob uma placa de “produto reciclado” e que ajuda em muito no orçamento doméstico.

Cronicando sobre reciclagem, reutilização e reaproveitamento de materiais aflorou em meus pensamentos a leitura de um Jornal Espírita que trazia em sua página principal em letras caixa alta:

“NASCER, MORRER, RENASCER AINDA E PROGREDIR SEMPRE, TAL É A LEI!” (Allan Kardec).

O parágrafo acima é deveras oportuno...

Impressionado com o que acabava de ler, aprendiz da Doutrina dos Espíritos, meditando sobre os dizeres do iluminado autor d’O Livro dos Espíritos e no recesso da biblioteca encontrei pontos de semelhanças existentes com o título desta crônica.  Quais seriam esses pontos?

Em minhas tantas andanças e observações pela vida, vejo as lojas comerciais, os bares e restaurantes, ruas citadinas, e em todas as cidades contingentes de pessoas de todas as idades, pessoas idosas e outras portadoras de deficiências físicas que circulam de uma forma ou de outra neste mundo, em que somos habitantes por empréstimo ou temporários e porque não dizer, muitos destes no qual me incluo, portando uma discreta “data de validade”.

O processo de transformação em produtos reciclados, posso aplicar, respeitosamente, quando faço o estudo do processo natural da Reencarnação.

Leitor de livros de Allan Kardec e de outros Espíritos Iluminados, vale acrescentar aqui palavras de Hermínio C. de Miranda (1920-2013) em seu livro Reencarnação e Imortalidade: “Mais uma vez, pois, levantemos nossos olhos agradecidos para a figura de Kardec que, em colaboração fiel com seus amigos do mundo espiritual, conseguiu construir, de maneira tão singela e tão pura, esse monumento de verdades eternas a que chamou Espiritismo”, pág. 63, edit. FEB-RJ, 1975.   

Induzido por tais ensinamentos passei a meditar... O que dizia Kardec aos seus ouvintes ou seus leitores, transmitindo a eles as Mensagens de Espíritos de Luz, Mensageiros de Deus, alertando a humanidade sobre o mistério da Reencarnação? O que é que tem esse mistério de tão importante para associá-lo, respeitosamente, ao título desta crônica?

Bem... Em retrospectiva à Lei dos Resíduos Sólidos comecei a fazer uma analogia com o dizeres de Allan Kardec.  Revendo o escrito acima sobre as multidões – pessoas tantas que vejo em todos os lugares que eventualmente frequento – pensei comigo: renascer ainda e progredir sempre? Novamente, pedindo socorro aos bons e iluminados Espíritos, encontrei em Léon Denis (1846-1927) a explicação sobre as vidas sucessivas (A Reencarnação e suas Leis, págs. 153 e seguintes): “Cada um leva para a outra vida e traz, ao nascer, a semente do passado. Essa semente há de espalhar seus frutos, conforme a sua natureza, ou para a nossa felicidade ou nosso desespero na nova vida que começa e até sobre as seguintes, se uma só existência não bastar para desfazer as consequências más de nossas vidas passadas.” (edit. FEB-RJ-2019). Se preferimos escolher a ignorância ou o desprezo por essas Leis Divinas, sofreremos.

Em linhas anteriores mencionei O Livro dos Espíritos e assim aproveito também para meditar sobre a “Lei da Destruição” uma das Leis Divinas imutáveis e é assim que seu Autor Kardec se manifesta perguntando aos Espíritos superiores: 728 – A destruição é uma lei da Natureza? E obtém a seguinte resposta: “É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque o que chamais destruição não é senão uma transformação que tem por objetivo a renovação e melhoramento dos seres vivos”.

Ora, os materiais sólidos industriais passam pelo processo de usinagem/reciclagem onde se transformam matérias-primas em produtos finais. O mesmo fenômeno observamos quando da destruição do material humano com a libertação da alma, destruição de casas e de prédios liberando espaços para outras obras, com certeza melhoradas e embelezadas.

Por sua vez, quando o Espírito superior atendendo pedido de Kardec responde que a destruição é para transformação, renovação e melhoramento dos seres vivos, entendemos no caso os pertencentes aos reinos mineral, vegetal, animal e hominal.

Como visto, o assunto é importante, muito interessante para se entender nossa presença neste Planeta, não só a nossa presença, mas sim de tudo que existe na Natureza subordinados, como estamos, a Deus que é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

Para encerrar, sinto ser oportuno acrescentar um antigo provérbio que diz: “pela obra se reconhece o artífice. Pois bem! olhai a obra e procurai o artífice”. Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras; nenhum ser humano pode criar o que produz a Natureza, a causa primeira é uma inteligência superior à Humanidade.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita