Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Regras e disciplina são inerentes à infância


É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.
 Coelho Neto


Muitos pais têm medo de dizer “não” e estabelecer regras para os filhos pequenos. No entanto, estabelecer limites é essencial para que a criança se desenvolva e se torne um adulto saudável, com autocontrole e capacidade para lidar com momentos de frustração ou de decepção.

Durante a infância, as experiências que normatizem nosso comportamento são fundamentais ou, em outras palavras, a ação coerente e de acordo com as regras e códigos sociais e legais é essencial para a configuração daquilo que a criança irá espelhar... Explicar que cada coisa tem sua hora e lugar é importante para que, aos poucos e a partir do diálogo, seu filho construa sua própria visão de mundo. Saber os limites em relação ao outro, por exemplo, é algo fundamental para que a criança construa sua vida social, fora do círculo familiar.

Na hora de educar, então, é fundamental apresentar regras claras para os filhos e, no caso de desobediência, impor punições ou restrições que sejam possíveis de cumprir.

De outro lado, é significativo pensar na punição considerando o ato que ela cometeu, mas não a pessoa. Assim, quando uma criança não cumpre com um combinado, por exemplo, ver um desenho além do tempo determinado, ela poderá ficar sem o desenho na próxima oportunidade que houver para esta atividade. A punição está imediatamente relacionada com o acordo estabelecido e não cumprido e, com isso, a criança vai compreendendo a importância de normatizar seu comportamento e de sistematizar suas ações e relações.

O que é importante? O estabelecimento de regras precisa se fazer presente em todas as etapas da infância e, nessa missão de educar os filhos, os pais devem ser persistentes e determinados e, principalmente, devem exercer a sua autoridade para mantê-los em um caminho seguro ao longo da jornada de desenvolvimento. Mas, é essencial que saibam ou procurem equilibrar afeto e firmeza, pois se fazer respeitado é distinto de agir com autoritarismo. Ademais, o objetivo principal de uma educação moral em casa deve ser manter uma relação afetiva, ética e saudável com os filhos.

 

Notinhas

Piaget, no seu importante livro “O juízo moral na criança” (1994), explica de modo claro que durante a infância vivemos uma fase de heteronomia moral, e nosso comportamento e desenvolvimento cognitivo, emocional e moral vai-se direcionando e automatizando a partir dos exemplos que observamos dos membros mais velhos do grupo, das nossas experiências e treinamentos com a justiça, igualdade, direitos e deveres. Nesta fase, parece haver uma prerrogativa de aceitar e internalizar as regras que o mundo adulto oferece, ou internalizar a ausência delas, sendo que o excesso de normas (e normas não cumpridas) pode causar uma formação inadequada no que diz respeito à nossa ideia da importância das mesmas.

Em casa, no dia a dia, colocar limites é fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam o direito dos outros; dizer sim, sempre que possível, e não sempre que necessário; mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não; ensinar a tolerar pequenas frustrações no presente, para que, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita