Regras e disciplina são inerentes à
infância
É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos
pais. Coelho
Neto
Muitos pais têm medo de dizer “não” e estabelecer regras
para os filhos pequenos. No entanto, estabelecer limites
é essencial para que a criança se desenvolva e se torne
um adulto saudável, com autocontrole e capacidade para
lidar com momentos de frustração ou de decepção.
Durante a infância, as experiências que normatizem nosso
comportamento são fundamentais ou, em outras palavras, a
ação coerente e de acordo com as regras e códigos
sociais e legais é essencial para a configuração daquilo
que a criança irá espelhar... Explicar que cada coisa
tem sua hora e lugar é importante para que, aos poucos e
a partir do diálogo, seu filho construa sua própria
visão de mundo. Saber os limites em relação ao outro,
por exemplo, é algo fundamental para que a criança
construa sua vida social, fora do círculo familiar.
Na hora de educar, então, é fundamental apresentar
regras claras para os filhos e, no caso de
desobediência, impor punições ou restrições que sejam
possíveis de cumprir.
De outro lado, é significativo pensar na punição
considerando o ato que ela cometeu, mas não a pessoa.
Assim, quando uma criança não cumpre com um combinado,
por exemplo, ver um desenho além do tempo determinado,
ela poderá ficar sem o desenho na próxima oportunidade
que houver para esta atividade. A punição está
imediatamente relacionada com o acordo estabelecido e
não cumprido e, com isso, a criança vai compreendendo a
importância de normatizar seu comportamento e de
sistematizar suas ações e relações.
O que é importante? O estabelecimento de regras precisa
se fazer presente em todas as etapas da infância e,
nessa missão de educar os filhos, os pais devem ser
persistentes e determinados e, principalmente, devem
exercer a sua autoridade para mantê-los em um caminho
seguro ao longo da jornada de desenvolvimento. Mas, é
essencial que saibam ou procurem equilibrar afeto e
firmeza, pois se fazer respeitado é distinto de agir com
autoritarismo. Ademais, o objetivo principal de uma
educação moral em casa deve ser manter uma relação
afetiva, ética e saudável com os filhos.
Notinhas
Piaget, no seu importante livro “O juízo moral na
criança” (1994), explica de modo claro que durante a
infância vivemos uma fase de heteronomia moral, e nosso
comportamento e desenvolvimento cognitivo, emocional e
moral vai-se direcionando e automatizando a partir dos
exemplos que observamos dos membros mais velhos do
grupo, das nossas experiências e treinamentos com a
justiça, igualdade, direitos e deveres. Nesta fase,
parece haver uma prerrogativa de aceitar e internalizar
as regras que o mundo adulto oferece, ou internalizar a
ausência delas, sendo que o excesso de normas (e normas
não cumpridas) pode causar uma formação inadequada no
que diz respeito à nossa ideia da importância das
mesmas.
Em casa, no dia a dia, colocar limites é fazer a
criança compreender que seus direitos acabam onde
começam o direito dos outros; dizer sim, sempre que
possível, e não sempre que necessário; mostrar que
muitas coisas podem ser feitas e outras não; ensinar a
tolerar pequenas frustrações no presente, para que, no
futuro, os problemas da vida possam ser superados com
equilíbrio e maturidade.